O mês de março foi marcado pelo contraste no volume de chuvas entre as regiões agrícolas do país: alto no norte e nordeste e baixo volume no sul e sudeste do país. O volume acumulado mensal foi inferior a 30 mm no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, e superou 240 mm no MATOPIBA e norte do Mato Grosso (Mapa 1).
No Mato Grosso do Sul, o volume de chuvas não foi suficiente para elevar a umidade do solo, que oscilou de 15 a 45%. No MATOPIBA e norte do Mato Grosso, ao contrário, os teores de água no solo ficaram acima de 90% (Mapa 2).
As temperaturas mantiveram-se elevadas em todo o país, com máximas superiores a 33°C. Os Estados mais quentes foram Roraima e sul do Mato Grosso do Sul, com máximas variando de 31 a 33°C. No Oeste paulista as mínimas ficaram entre 16 e 19°C, enquanto no Rio de Janeiro, Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais as noites tiveram temperaturas inferiores a 17°C (Mapa 3 e 4).
Tempo e agricultura brasileira
O bom volume de chuvas do início de março para a região norte e nordeste do país favoreceu o desenvolvimento das lavouras e mantiveram o otimismo dos produtores. As chuvas intensas ocorridas no final do mês, no entanto, prejudicaram o início da colheita de soja na região do MATOPIBA. Além da operação de colheita, o transporte do grão também foi prejudicado pela intensidade das chuvas que acarretou em deslizamentos de terra e interdições de rodovias.
Nas lavouras de algodão no oeste da Bahia, as chuvas de março foram suficientes para manter o armazenamento de água no solo o que ajudou no bom desempenho da cultura no campo. A alta temperatura e elevada taxa de radiação solar na região também contribuíram com a cultura, aumentando as expectativas dos cotonicultores de produção recorde na região.
No Paraná, cerca de 85% de toda a área de soja já foi colhida e a redução das chuvas favoreceu as operações de colheita. As lavouras que ainda permanecem em campo - cerca de 16% da área total – estão ainda em estágio de frutificação e deverá ter a sua produtividade afetada pelo baixo volume de chuva nas últimas semanas de março.
A semeadura do milho de segunda safra no Mato Grosso e Goiás foi finalizada. A baixa umidade do solo e altas temperaturas de março prejudicaram o início do desenvolvimento das lavouras. Nessas regiões, a semeadura foi realizada fora da janela recomendada, o que poderá implicar em perdas de produtividade caso o volume de chuvas se mantenha baixo nos próximos meses.
Algumas usinas de cana da região Centro-Sul do país aproveitaram o tempo seco e anteciparam o início da safra 2020/21. O armazenamento de água no solo nas principais regiões produtoras está entre 45 a 75%, ainda suficiente para que cana de ano continue seu pleno desenvolvimento. É importante, contudo, que as chuvas retornem em abril para que não haja queda de produtividade nas áreas a serem colhidas entre julho e novembro.
O bom armazenamento de água no solo no sul de Minas Gerais e no Espírito Santo favoreceu o enchimento de frutos dos cafezais. Os produtores, no entanto, esperam que as chuvas cessem no período de maturação e repouso dos grãos, para não comprometer a qualidade do grão.
Segunda safra de milho (2019/2020) no Paraná
O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica que as condições meteorológicas para o milho de segunda safra 2019/2020 são mais favoráveis que a segunda safra 2018/2019 para as regiões Noroeste e Oeste do Paraná, os ganhos podem chegar a 8%. Na região Norte Pioneiro, no entanto, as perdas podem chegar a 7% (Mapa 5).
Mapa5
O Sistema TEMPOCAMPO projeta que a produtividade média para o Paraná deverá variar de 5,7 a 6,1 Mg ha-1, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores médias de produtividade são esperadas para o Oeste e Centro-Oriental do estado, podendo superar 6,4 Mg ha-1. Já no Centro-Sul do Paraná a produtividade média deve oscilar de 5,6 a 6,0 Mg ha-1 (Mapa 6).
Mapa 6
A produção média para a segunda safra 2019/20
20 de milho no Paraná deve variar entre 8,75 e 9,37 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista gerados pelo Sistema TEMPOCAMPO. O bom volume de chuvas em fevereiro e primeiras semanas de março, favoreceu o desenvolvimento inicial da lavoura. Contudo, se o baixo volume de chuvas se manter ao longo de abril, a produtividade pode ser afetada.