Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de julho

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Em julho, as chuvas continuaram seguindo o padrão típico de inverno, com maiores volumes nos extremos norte e sul do país e secura acentuada no Centro‑Oeste e Sudeste. No Norte, persistiram volumes acumulados elevados, acima de 240 mm em Roraima e alguns pontos do Amazonas e Pará, enquanto no restante da região, predominaram acumulados na faixa entre 60 e 120 mm. No Nordeste, prevaleceram volumes reduzidos, geralmente abaixo de 30 a 60 mm na maior parte da região. As regiões Centro‑Oeste e Sudeste permaneceram em condições secas, com chuvas acumuladas inferiores a 30 mm. Já o Sul teve volumes mais expressivos, no Paraná e Santa Catarina variando entre 60 e 90 mm, e no Rio Grande do Sul com algumas áreas registrando entre 120 e 150 mm.

O armazenamento, de forma geral, seguiu o padrão das chuvas. No extremo norte, em Roraima, os níveis foram elevados, acima de 90% da Capacidade de Água Disponível (CAD). No restante do Norte, predominaram as faixas de 30 a 45% e de 45 a 60%, com os valores reduzindo à medida que se desloca para o sul da região. No Nordeste, Pernambuco, Alagoas e Sergipe registraram valores intermediários de umidade no solo entre 30 e 60% da CAD. Os demais estados da região, no entanto, enfrentaram condições críticas, com armazenamento abaixo de 15% em grande parte das áreas. As regiões Centro‑Oeste e Sudeste também apresentaram armazenamento crítico, majoritariamente entre 0% e 15%, indicando forte déficit hídrico. Na Região Sul, os níveis foram mais moderados, com Paraná entre 30 a 45%, e em Santa Catarina e Rio Grande do Sul variando entre 45 e 60%.

No Norte do país, as temperaturas máximas médias se mantiveram na faixa de 29°C a 31°C, com áreas de Tocantins e Pará chegando a 33°C. No Nordeste, a variação de temperaturas máximas entre os estados foi um pouco maior, com Maranhão e Piauí registrando as maiores temperaturas, de 31°C a 33°C; e Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe com máximas de até 27°, com algumas áreas não ultrapassando 25°C. No Centro‑Oeste, predominaram temperaturas máximas entre 27°C e 31°C, enquanto no Sudeste e Sul, a média das temperaturas máximas não ultrapassou 25 °C.

Foram observadas temperaturas mínimas médias de 19°C a 23°C na maior parte da faixa norte do país. No Acre, Rondônia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe as mínimas foram mais baixas, entre 17°C e 19°C, e a Bahia permaneceu com mínimas abaixo de 17°C. No Centro-Oeste, predominaram mínimas de até 15°C, com exceção de algumas regiões do Mato Grosso do Sul, onde foram registradas temperaturas abaixo desse valor. Nas regiões Sudeste e Sul, temperaturas mínimas abaixo de 15°C continuaram sendo registradas em todo o território.

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Milho 2ª safra

A colheita da segunda safra de milho no Mato Grosso já atingiu 90,37% da área total na última semana do mês de julho, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA/MT), ganhando ritmo mais acelerado devido ao baixo volume de chuvas registrado, caracterizando condições favoráveis para as operações. Por outro lado, a rápida aceleração na colheita ao longo do mês gerou problemas logísticos, prejudicando o armazenamento dos grãos em alguns municípios. Espera-se que a safra 24/25 seja recorde no estado, superando a safra 23/24 e a 22/23, que até então era considerada a maior safra de acordo com o IMEA/MT. Esses resultados positivos são reflexo de um aumento esperado de produtividade nas lavouras, resultado de boas condições climáticas ao longo do ciclo, especialmente durante o enchimento de grãos.

A colheita também ganhou ritmo no Mato Grosso do Sul, alcançando 31,6% da área total, mas ainda se encontra expressivamente atrasada, cerca de 34 pontos percentuais (p.p.) abaixo do valor registrado no mesmo período da safra 23/24. A tendência de baixo volume de chuvas registrado durante o mês de julho deve continuar durante agosto, favorecendo avanço mais acelerado das operações de colheita. De forma geral, as lavouras se encontram em condições satisfatórias, mas ainda não foi possível determinar com exatidão os danos provocados por geadas que ocorreram em algumas regiões do estado durante o mês. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), os danos estão estimados em perdas de 10% a 30% da produção em lavouras atingidas pelas geadas no centro e sul do estado.

Já no Paraná, a colheita ganhou ritmo apenas na última semana do mês de julho, visto que as operações foram prejudicadas pelas chuvas registradas no final de junho, o que aumentou a umidade das lavouras. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), as áreas de milho segunda safra apresenta boas condições em sua maioria, com exceção das regiões de Umuarama e Cornélio Procópio, no noroeste e norte do estado, respectivamente. As lavouras tardias foram prejudicadas pelas geadas registradas durante o mês, mas ainda não se sabe com exatidão a dimensão das perdas, visto que a colheita ainda não se iniciou nessas regiões. Áreas já colhidas apresentam produtividade acima da esperada, ainda que a elevada umidade tenha prejudicado a qualidade dos grãos.

Feijão 2ª e 3ª safras

A colheita da 2ª safra de feijão foi finalizada nos principais estados produtores, com produção total estimada em 1,3 milhões de toneladas, valor cerca de 8% menor que o registrado na 2ª safra de 23/24, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No Paraná, segundo o Deral/PR, a produtividade registrada foi um pouco menor do que a estimada, reflexo do efeito negativo das baixas temperaturas aliadas à elevada umidade registrada no estado durante o final de junho e início de julho, prejudicando as plantas que estavam no final do desenvolvimento.

No Rio Grande do Sul, a colheita foi inviabilizada em algumas áreas devido ao grande volume de chuvas, segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). Além disso, a elevada umidade relativa nas lavouras favoreceu a proliferação de microrganismos nos grãos, reduzindo a sua qualidade comercial.

Com a colheita da 2ª safra finalizada em Santa Catarina, de acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/SC), confirmaram-se as estimativas de redução na produção, sendo registrado um valor 12% menor que a segunda safra de 23/24, reflexo da redução tanto da área plantada quanto da produtividade. Um dos principais fatores para esse desempenho foi a queda acentuada das temperaturas, especialmente durante as noites, no final do ciclo da cultura, o que prejudicou o desenvolvimento das lavouras e reduziu a qualidade dos grãos.

Já com relação ao feijão 3ª safra, a Conab também estima redução na produção total, com um valor aproximadamente 9,5% abaixo do registrado no ano anterior. Em Minas Gerais, especialmente no noroeste do estado, as lavouras foram fortemente atingidas por ataques de mosca-branca, o que reduziu seu potencial produtivo. Nos demais estados produtores, de forma geral, as lavouras apresentam boas condições fitossanitárias e de desenvolvimento, com a semeadura sendo finalizada em áreas mais tardias e a colheita ganhando ritmo em outras áreas, favorecida pelas condições climáticas ao longo do mês.

Algodão

De acordo com dados da Conab, a colheita da safra 2024/2025 de algodão apresenta um leve atraso de 3,1 pontos percentuais em comparação com o mesmo período da safra anterior. Esse atraso pode estar relacionado à ocorrência de baixas temperaturas e geadas ao longo do último mês. Apesar disso, a expectativa de produção permanece elevada, com um aumento estimado de 6,4% em relação à safra anterior, e previsão de produção de pluma de aproximadamente 3.938,2 mil toneladas. De forma geral, a colheita avança de maneira satisfatória nos principais estados produtores, como Mato Grosso e Bahia, e já se aproxima da fase final nos estados do Paraná e São Paulo.

No Mato Grosso, o avanço da colheita acompanha a maturação das lavouras, com boa oferta de capulhos aptos à colheita. As ações de manejo fitossanitário permanecem intensificadas, especialmente no controle do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), cuja incidência segue elevada nas áreas cultivadas. Segundo o IMEA/MT, a colheita do algodão da safra 2024/2025 atingiu cerca de 12,6% da área estimada, representando um atraso de 13,98 pontos percentuais em relação à safra de 2023/2024 (Figura 2). A porção Nordeste do estado apresenta o maior avanço nas operações (32,71% da área colhida), seguida pelas regiões Sudeste (12,21%) e Oeste (4,99%). Ainda segundo o instituto, o atraso pode ser atribuído às condições climáticas, que prolongaram o ciclo da cultura e retardaram a abertura dos capulhos em decorrência das baixas temperaturas registradas em algumas regiões. No entanto, conforme dados da Conab, os bons resultados de produtividade observados no estado têm compensado perdas registradas em outras regiões produtoras, como Mato Grosso do Sul e Maranhão, onde adversidades climáticas afetaram o desenvolvimento fenológico da cultura.

Na Bahia, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), a colheita avança conforme a maturação das lavouras, com qualidade satisfatória da pluma, alcançando 40% de progresso nas operações de campo (Figura 2). No Mato Grosso do Sul, as condições climáticas seguem favoráveis ao avanço da colheita, com a aplicação de desfolhantes em áreas de algodão safrinha. Em Minas Gerais, a colheita avança gradualmente e já atinge aproximadamente 50% das áreas cultivadas. No estado de Goiás, especialmente na porção extremo sul, a colheita prossegue nas lavouras de sequeiro, com variação na qualidade da pluma de boa a regular, em função das chuvas tardias ocorridas ao longo do mês.

Trigo

A semeadura da safra de trigo 2024/2025 já alcançou aproximadamente 98,3% da área estimada para o cultivo no país. Segundo estimativas da Conab, apesar da redução de 16,5 pontos percentuais na área destinada à produção, a produtividade média apresenta um incremento de 18,7%, atribuído às condições climáticas favoráveis no início do ciclo. Como resultado, a produção nacional deve apresentar apenas uma leve redução, de 0,9 pontos percentuais em relação à safra anterior.

No Rio Grande do Sul, conforme informações da Emater/RS, as precipitações registradas ao longo do segundo decêndio do mês foram fundamentais para estimular a germinação e a uniformização da população de plantas, retomando o crescimento vegetativo que havia sido prejudicado pela baixa umidade do solo. De forma geral, a semeadura encontra-se em fase final (Figura 3), restando apenas áreas localizadas em regiões mais frias, onde a janela de plantio do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é mais ampla, com o objetivo de minimizar danos associados a geadas tardias em estádios fenológicos sensíveis da cultura.

No Paraná, o ciclo da cultura evoluiu, e lavouras na metade norte do estado já avançam para a fase de enchimento de grãos. Segundo avaliação do Deral/PR, houve piora nas condições das lavouras devido aos efeitos das geadas. Com a semeadura concluída (Figura 3), os danos foram consolidados especialmente nas áreas mais adiantadas da região Norte, onde muitas lavouras se encontravam em floração no momento da ocorrência das geadas no primeiro decêndio do mês.

Em Santa Catarina, observa-se redução da umidade do solo, principalmente na região Meio-Oeste. No entanto, as baixas temperaturas têm favorecido o desenvolvimento vegetativo e o perfilhamento das plantas. De acordo com a Epagri/SC, cerca de 73% da área destinada ao trigo já foi semeada (Figura 3). Até o momento, 98% das lavouras apresentam condições consideradas boas, e 2% em condições médias. Para a safra 2025/2026, projeta-se uma redução de 17,34 p.p. na área plantada em comparação à safra anterior, com uma expectativa de queda de 16,77 p.p. na produção total do estado.

Em São Paulo, a ocorrência de geadas no final de junho e início de julho comprometeu parte das lavouras em fase de enchimento de grãos. Em Minas Gerais, a colheita apresentou atraso devido a um veranico, embora os resultados tenham sido positivos nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Já no Mato Grosso do Sul, também foram registrados danos em lavouras de trigo em decorrência da ocorrência de geadas.

Informações do Sistema TEMPOCAMPO (01/08/2025)

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