Ao longo do mês de abril, o tempo no Estado de São Paulo foi marcado pela redução abrupta do volume de chuvas (Mapa 1) e manutenção das temperaturas diurnas na faixa dos 30 graus. Apesar da temperatura noturna mais amena (Mapa 2), as taxas de evapotranspiração mantiveram-se elevadas (Mapa 3), o que baixou as reservas de água no solo até níveis críticos (Mapa 4), prejudicando as culturas ainda em fase de desenvolvimento, como as lavouras de milho segunda safra semeadas tardiamente. As condições do tempo também vêm favorecendo os pomares de laranja de São Paulo e Minas Gerais, especialmente por causa dos bons volumes de chuvas observados em dezembro e janeiro nas regiões produtoras desses Estados.
O Centro-Oeste, por sua vez, foi marcado pelas chuvas ainda abundantes ao longo do mês de abril, assegurando bom desenvolvimento das lavouras de milho em fase final de enchimento de grãos. A colheita da soja, apesar da alta umidade do solo, não chegou a ser prejudicada de forma mais decisiva pois as chuvas concentraram-se no período noturno, permitindo os trabalhos de campo em boa parte do mês.
A região produtora de grãos na intersecção dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) teve também bom volume de chuvas ao longo do mês de abril. Houve atraso na colheita da soja em pontos isolados onde foram registradas quedas na qualidade dos grãos por causa do excesso de umidade.
Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, a colheita da soja já se aproxima do final e as duas últimas semanas de abril foram de grande aproveitamento por conta do tempo firme e seco, que favoreceu os trabalhos de campo e assegurou boa qualidade da semente. Essas condições meteorológicas, contudo, afetaram as lavouras de milho do Paraná semeadas mais tardiamente e ainda em fase de pendoamento, que é bastante sensível ao déficit hídrico.
Cana-de-Açúcar
Nos canaviais da região centro norte do Estado de São Paulo, a perspectiva apontada pelo módulo de previsão de safras do Sistema Tempocampo-ESALQ (veja explicação abaixo) é de queda de produtividade entre 3 e 5% em relação à safra passada. A má distribuição das chuvas entre outubro de 2017 e marco de 2018 (apesar do volume acumulado em torno das médias históricas) afetou principalmente os canaviais situados nos piores ambientes de produção, explicando a queda na produtividade em grande parte de São Paulo.
Ainda em São Paulo, os canaviais do extremo oeste do Estado têm as melhores perspectivas de produção apontadas pelo sistema, com ganhos de produtividade de até 4% em relação ao ano passado, devido às chuvas regulares entre novembro e março. Cenário simular é projetado para o Estado do Mato Grosso e para o Triangulo Mineiro, com perspectiva de elevação entre 1% e 5% em relação as produtividades médias da safra passada.
Sistema Tempocampo
O Sistema Tempocampo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq) foi desenvolvimento a partir de diversos projetos de pesquisa e consiste atualmente num sistema de monitoramento agrometeorológico e previsão de safras agrícolas cobrindo todo o território nacional, que oferece apoio à tomada de decisão e interpretação quantitativa da variabilidade climática sobre a produtividade agrícola. O módulo de previsão de safras do Sistema Tempocampo se baseia em um grande banco de dados meteorológicos, atualizado diariamente, e que simula o desempenho das culturas monitoradas com modelos baseados em processos, considerados pela comunidade científica como a ferramenta mais avançada para quantificação do efeito do clima na produtividade agropecuária. O Sistema conta atualmente com simulações para as culturas de cana, milho e soja envolvendo diversas regiões do Brasil e parceiros públicos e privados de diferentes ramos de atuação.
Um dos principais indicadores do Sistema Tempocampo é o “Coeficiente de Produtividade Climática” (CPC), representando um índice quantitativo isolando o efeito do clima dos demais fatores de produção sobre o desempenho das culturas, servindo assim tanto para projeção de safras com até 11 meses de antecedências (no caso da cana-de-açúcar, por exemplo) como para a avaliação do efeito de práticas de manejo ou mudanças no sistema de produção, separando os efeitos humanos daqueles decorrentes do clima.
Leia mais sobre o sistema em em www.tempocampo.org .