Revelando o genoma do maracujá

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Luiz Augusto Cauz dos Santos, Zirlane Portugal da Costa e Alina del Carmen Egoávil Reátegui (crédito: Carlos Alberto de Oliveiral)
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Fruta tropical de importância econômica para o Brasil, o maracujá (Passiflora edulis) é o foco de uma equipe de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Coordenada pela professora Maria Lucia Carneiro Vieira, do Departamento de Genética, essa equipe conduz, no Laboratório de Genética Molecular de Plantas Cultivadas, estudos moleculares visando à construção de mapas de ligação e o mapeamento de genes, tanto de maracujá azedo como doce.

Recém produzido, o artigo A gene-rich fraction analysis of the Passiflora edulis genome reveals highly conserved microsyntenic regions with two related Malpighiales species foi veiculado em um dos periódicos do grupo Nature, uma das plataformas científicas mais respeitadas do mundo.

Além da professora Maria Lucia, estão entre os autores os estudantes do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da Esalq, Zirlane Portugal da Costa (doutorado concluído), Luiz Augusto Cauz dos Santos (doutorando), Alina del Carmen Egoávil Reátegui (mestranda) e Carla de Freitas Munhoz (pós-doutora).

Luiz relembra que esse trabalho é fruto de uma parceria com o CNRGV (Centre National de Ressources Genomiques Vegetales) do INRA, da França. “Para iniciar esses estudos, já que não tínhamos informações até então, construímos em parceria com o INRA, de Toulouse, uma biblioteca genômica dessa espécie, que permite acessar informações sobre o genoma. Lá temos 86 mil clones que contêm cada um deles um fragmento com 100 mil pares de base de DNA. Isso facilita o estudo do genoma, visto que antigamente era muito alto o custo para sequenciar o genoma de uma espécie, e com esse repositório é possível selecionar trechos específicos do material genético”.

A partir de uma nova tecnologia, os pesquisadores chegaram a informações mais seguras. “Fizemos o sequenciamento de regiões terminais do DNA, que contém 1.000 pares de base. Essa quantidade de dados nunca havia sido obtida para esta espécie e isso possibilitou a seleção e o sequenciamento de fragmentos completos de DNA, de média de 100.000 pares de base. Isso permitiu dar mais alguns passos na identificação de genes completos e suas funções. É a primeira vez que identificamos sequencias de 1.800 genes de boa qualidade. Trata-se de um trabalho inicial, mas são os primeiros passos para chegarmos ao genoma completo”, declara Zirlane.

A caminhada da ciência básica proporcionada pelos estudos desenvolvidos no laboratório coordenado pela professora Maria Lucia certamente irá além da parceria já existente com o instituo francês. “Eu sou peruana, já conhecia o maracujá, mas atuar assim numa linha de alta tecnologia me auxiliará a compartilhar esse conhecimento”, reforçou a mestranda Alina.

Além da publicação na Nature, o trabalho recebeu menção honrosa durante o 2018 International Congress of Genetics, realizado de 10 a 14 de setembro de 2018, em Foz do Iguaçu (PR).

Acesse o artigo: https://www.nature.com/articles/s41598-018-31330-8