Projeto investiga estoques de carbono e biodiversidade em ilhas no estuário do Rio Amazonas

Versão para impressãoEnviar por email
A Ilha das Cinzas está localizada no estuário do Rio Amazonas (crédito: Ciro Abbud Righi)
Editoria: 

A Ilha das Cinzas, localizada no estuário do Rio Amazonas, é palco de um projeto que envolve pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Embrapa e Universidade Federal Fluminense. Em síntese, a proposta visa integrar a geração de energias fotovoltaica e de biomassa com uso de um gaseificador já desenvolvido pela parceria entre SeaHorse Energy, Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC), UNIFAP e Embrapa Amapá. Pesquisadores da Esalq/USP estudam carbono, biodiversidade e uso da terra na Ilha das Cinzas, no estuário do Rio Amazonas. “Por se tratar de uma comunidade isolada, a transformação da energia da biomassa em energia elétrica é essencial para o desenvolvimento econômico e integração da região”, aponta o professor Ciro Abbud Righi, do Departamento de Ciências Florestais, coordenador do projeto na Esalq. “Estamos com uma equipe de quatro pesquisadores aqui da Esalq, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre os estoques de carbono, a biodiversidade e os impactos das mudanças no uso da terra em ecossistemas insulares amazônicos”.

A equipe do professor Ciro conta o com etíope Tiruneh Gizachew Ayalew, que concentra seu estudo na análise da biomassa florestal e dos estoques de carbono do solo. “Meu objetivo é estabelecer uma sequência temporal das transformações no uso da terra e avaliar como essas mudanças influenciam a fertilidade do solo e a diversidade da flora”. Para isso, Gizachew utiliza equações alométricas, dados de satélite e ferramentas de geoprocessamento, como o ArcGIS, capazes de mapear a evolução da biomassa e dos estoques de carbono. A pesquisa também inclui análises físico-químicas do solo e medições de diversidade vegetal.

 

Já a pesquisadora Dyvia Mehta, da Índia, desenvolve um estudo focado nas características funcionais das plantas (CFPs), no estoque de carbono e na biodiversidade de diferentes zonas da Ilha das Cinzas – núcleo, borda e zona tampão. “Meu trabalho integra dados de campo e imagens de satélite para mapear a vegetação e compreender as interações entre fatores ambientais, edáficos e antrópicos”. A coleta envolve variáveis como altura de árvores, diâmetro, largura de copa e espessura da casca, além da aplicação de índices ecológicos de diversidade.

Segundo o professor Ciro, “o projeto busca revelar o papel estratégico das ilhas amazônicas na regulação climática pela alta concentração de carbono tanto em sua vegetação como solo, na conservação da biodiversidade e na manutenção dos sistemas ecológicos, fundamentais também para as comunidades que ali vivem e dependem diretamente desses ambientes”.

Participam ainda da equipe do professor Ciro o doutorando Vinicius Gonçalves, do programa de pós-graduação em Recursos Florestais (PPG-RF) e a mestranda Mariana Ferraz, do programa de pós-graduação interunidades (Esalq/Cena) em Ecologia Aplicada (PPGI-EA). Ambos contam com apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Enquanto o doutorando lida com a evolução temporal e os impactos da ação antrópica sobre as vegetações, a Mestranda, a mestranda atua na questão do bem-estar humano avaliando os meios de vida e a ação das pessoas no estuário. Esse projeto temático conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da UNESCO e da TWAS – The World Academy of Science.

Texto: Caio Albuquerque (23/9/2025)

Equipe de pesquisadores na Ilha das Cinzas (divulgação)