Em reconhecimento à trajetória acadêmica, produção científica e contribuição para a área de Zootecnia, Robson Mateus Freitas Silveira, doutorando da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), foi agraciado com o Prêmio SBZ Excelência Discente em Pós-graduação 2025, concedido pela Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ). A tese do zootecnista, “Intelligent methodologies for sustainable animal production under climate change: strategies aligned with the UN’s 2030 Agenda”, reflete um conceito inovador: o animal sustentável.
A pesquisa, que redefine o futuro da produção animal no século XXI, foi desenvolvida junto ao Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), com a orientação do professor Iran José Oliveira da Silva, relata que este conceito parte da ideia de que um animal sustentável é aquele capaz de conciliar produtividade, saúde, bem-estar, eficiência alimentar e baixa pegada ambiental, mesmo diante das dificuldades em se adaptar às variações climáticas cada vez mais intensas.
Além da constatação de que a sustentabilidade na produção animal deixou de ser uma questão restrita a uma única área do conhecimento, hoje, trata-se de um campo multidisciplinar, que articula genética, ambiente, nutrição, sanidade, comportamento animal, bem-estar animal e tecnologia da informação. O novo olhar, exige modelos analíticos amplos e metodologias inteligentes capazes de lidar com grandes volumes de dados (Big data).
Utilizando metodologias inteligentes e modelagens preditivas baseadas em grandes volumes (14 banco de dados), os pesquisadores avaliaram animais em diferentes condições climáticas, tanto no Hemisfério Norte quanto no Sul, projetando cenários futuros para a produção animal global até o final do século XXI. “Entre os resultados, destacam-se a maior vulnerabilidade de aves e codornas ao estresse térmico, em contraste com a plasticidade fenotípica observada em caprinos e bovinos de corte, que demonstram maior capacidade adaptativa em regiões tropicais. Além disso, o estudo apontou os principais biomarcadores fenotípicos relacionados à adaptação climática dos animais de produção”, especificou Silveira.
Para o orientador Iran Oliveira, os resultados representam apenas “a ponta de um iceberg”, abrindo caminho para futuras investigações com outras espécies, raças e regiões. O professor afirma ainda que “o pesquisador deve estar à frente do seu tempo, antecipando soluções e construindo conhecimento que prepare o setor produtivo para os cenários do futuro. Portanto, pontua-se a necessidade urgente de políticas públicas e programas de melhoramento genético que incorporem critérios de resistência climática”.
Publicações e outros
O estudo desenvolvido por Robson resultou na publicação de cinco artigos em periódicos de alto impacto: Environmental and Sustainability Indicators, Environmental Impact Assessment Review, Smart Agricultural Technology, Journal of Cleaner Production e Computers and Electronics in Agriculture, a realização de dois intercâmbios, atuação em publicação com seu grupo de pesquisa e desempenho nas disciplinas do doutorado.
Diálogo com ODS
A pesquisa dialoga diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, sobretudo com os eixos fome zero (ODS 2), ação contra a mudança global do clima (ODS 13) e produção e consumo responsáveis (ODS 12). Ao integrar ciência, tecnologia e responsabilidade socioambiental, os resultados apontam caminhos para uma agropecuária mais ética, resiliente e orientada por dados.
Trabalho atual
Atualmente, Robson Mateus Freitas Silveira, desenvolve seu pós-doutorado no NUPEA, com apoio da FAPESP, no projeto “Cenários de mudanças climáticas e seu impacto nos mecanismos adaptativos e produtivos em animais de fazenda: Quais serão as estratégias sustentáveis para a produção animal nas próximas décadas?”. O estudo busca compreender os mecanismos adaptativos e produtivos de aves e suínos frente às mudanças climáticas, utilizando ferramentas de modelagem inteligente e ciência de dados para projetar cenários futuros e orientar estratégias de sustentabilidade na pecuária no Brasil.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar 15/09/2025
