Estudo traz informações sobre os impactos das mudanças climáticas sobre a produção de soja no Brasil

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Estudo utilizou modelos epidemiológicos dinâmicos acoplados a modelos de simulação de culturas (crédito: Gerhard Waller)
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Artigo de iniciação científica da Esalq está publicado na prestigiada revista European Journal of Agronomy

O estudante Gustavo de Angelo Luca, que atualmente cursa graduação em Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), acaba de alcançar um feito notável. Seu projeto de iniciação científica foi publicado como artigo na prestigiada revista European Journal of Agronomy, uma das principais publicações científicas no campo da agronomia mundial. Intitulado "Coupling a dynamic epidemiological model into a process-based crop model to simulate climate change effects on soybean target spot disease in Brazil", o trabalho traz contribuições importantes para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas sobre a produção de soja no Brasil.

“O estudo aborda um dos principais desafios da produção de soja atualmente: a mancha-alvo, uma doença fúngica que afeta severamente as lavouras, quando as condições ambientais são favoráveis para tal”, comenta o estudante.

Na prática, Gustavo utilizou modelos epidemiológicos dinâmicos acoplados a modelos de simulação de culturas. “Assim conseguimos prever como a doença pode se comportar em cenários futuros de mudanças climáticas, até o ano de 2100. Na pesquisa, o Brasil foi dividido em 3 mega-regiões produtoras de soja no Brasil, abrangendo 8 municípios cada, simulando diferentes cenários de emissões de carbono”, detalha o autor do artigo.

Segundo o artigo, os principais achados indicam que, embora a produtividade da soja tenda a aumentar em todos os cenários e regiões analisadas, a gravidade da mancha-alvo também tende a se intensificar até 2039. “Contudo, a pesquisa aponta que, após esse período, a severidade da doença pode diminuir gradualmente até o final do século. Isso provavelmente ocorrerá devido ao aumento exacerbado de temperatura e gás carbônico no futuro, que dificulta o desenvolvimento do fungo”, aponta.

Entre os cenários analisados, o mais otimista (menores emissões de carbono), SSP1-RCP2.6, apresentou as menores perdas relacionadas ao aumento da doença ao longo do tempo, evidenciando que menores aumentos na temperatura global podem agravar os danos causados pela mancha-alvo. Entre as regiões analisadas, destaca-se que a região Central apresentará as maiores severidades, justamente no maior foco produtivo de soja.

O estudo, pioneiro, teve orientação do Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq. “Esse trabalho não apenas coloca o estudante e a Esalq/USP em evidência no cenário internacional, mas também oferece subsídios importantes para a formulação de estratégias de adaptação às mudanças climáticas, com o potencial de proteger uma das culturas mais importantes para a economia brasileira”, complementa o orientador.

Acesse o artigo na íntegra:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S116103012400282X

Texto: Caio Albuquerque (4/10/2024)