Especialista em ecologia de estradas. Assim o site da fundação holandesa Future For Nature apresenta a bióloga Fernanda Abra, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada (Interunidades Esalq/Cena) que tem orientação da professora Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz, do departamento de Ciências Florestais.
A esalqueana e outros sete jovens cientistas do mundo inteiro são os selecionados do Future For Nature Awards 2019, iniciativa que destaca projetos de proteção de espécies de animais e plantas selvagens.Fernanda concorre a partir de sua atuação como voluntária em um projeto de conservação de antas e tamanduás bandeira no Mato Grosso Sul. “O atropelamento dessas espécies é algo muito grave e minha atuação foca na dimiuição dessas ocorrências nos biomas de Cerrado e Pantanal”, explica.
Incentivada por uma amiga, a doutoranda adequou seu voluntariado no projeto aos critérios da fundação holandesa, que prevê entre outras exigências, trabalhar com com espécies ameaçadas. Após passar por uma primeira seleção com mais de 120 participantes, a fase final contempla oito jovens com menos de 35 anos e a brasileira manteve-se na disputa junto com representantes do Nepal, Holanda, Índia, Ruanda, Grã-Bretanha, Filipinas e Nigéria.
O resultado final destacará três ganhadores, Fernanda pede a torcida de todos e sabe que a disputa é acirrada. “O pretígio dessa premiação é enorme, transforma o rumo da carreira de quem vence, além de disponibilizar 50 mil euros a serem aplicados em uma pesquisa. Quero muito vencer, mas independente disso, todos os projetos concorrentes são especiais e certamente a natureza estará bem cuidada”, conta.
Se Fernanda estiver entre os vencedores, ela poderá colocar em prática um estudo que prevê atuar com ecologia de estradas em duas rodovias que passam pelo Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, que contempla o bioma Cerrado. “A região é um hotspot de conservação e lá temos lobo-guará, onça parda, onça-pintada, jaguatirica, anta, tamanduá bandeira, espécies ameaçadas da fauna brasileira”.
O projeto se propõe a estudar os impactos de atropelamento nessas rodovias, o impacto da barreiras que interferem no tréfego dos animais, além de promover um levantamento das passagens de fauna existentes e apresentar recomendações de estruturas aos órgãos de transporte da região no caso de duplicações. “Pretendo levantar dados relevantes para aquela região e que ajudem na tomada de decisão para a malha viária”. Em uma segunda etapa, a bióloga coordenará treinamentos em 22 estados brasileiros, a serem oferecidos aos profissionais de órgãos federais e estaduais de transporte, visando orientar os técnicos sobre como implementar medidas de mitigação, analisar dados de atropelamento, entre outras. “A proposta é subsidiar essas pessoas para que as próximas rodovias já sejam concebidas com esse olhar”.
Conheça os finalistas do Future For Nature Awards 2019 .
Texto: Caio Albuquerque (18/12/2018)