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Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de agosto

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Durante o mês de agosto, as chuvas permaneceram mais frequentes nas regiões Norte e Sul do país. A região Norte registrou menor volume máximo acumulado em comparação a julho, com valores de até 210 mm, concentrados principalmente no Amazonas e em Roraima. No Nordeste, os volumes acumulados permaneceram abaixo de 30 mm na maior parte da região, com exceção do litoral, onde foram registrados valores de até 150 mm. No Sudeste e no Centro-Oeste, os acumulados ficaram abaixo de 30 mm, com áreas pontuais no Mato Grosso do Sul registrando entre 30 e 80 mm. Já a região Sul apresentou volumes mais elevados em comparação a julho: no Paraná, variaram de 30 a 120 mm, enquanto em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul superaram 120 mm na maior parte dos estados.

Quanto ao armazenamento de água no solo, a região Norte apresentou valores de umidade médios, abaixo de 60%, na maior parte do território, com índices um pouco maiores no Amazonas e em Roraima, porém ainda inferiores aos registrados em julho. No Nordeste, toda a região registrou valores abaixo de 15%, com exceção de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. No Centro-Oeste, apenas algumas áreas do Mato Grosso do Sul apresentaram valores acima de 15%, chegando a até 45%. No Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina registraram valores entre 45% e 75% em praticamente todo o território, enquanto no Paraná predominou a faixa de 15% a 30%.

Em relação às temperaturas, agosto apresentou máximas mais elevadas em praticamente todos os estados do Brasil. Na região Norte, as médias máximas ficaram majoritariamente acima de 31°C, com áreas do Tocantins registrando acima de 35 °C. No Nordeste, Maranhão e Piauí registraram as maiores temperaturas, acima de 31 °C, também com áreas que ultrapassaram 35°C. No litoral e em grande parte da Bahia, as máximas variaram entre 25°C e 28°C. No Centro-Oeste, Mato Grosso e Goiás apresentaram as maiores temperaturas, acima de 31 °C, enquanto no Mato Grosso do Sul predominaram valores entre 29 °C e 31 °C. No Sudeste, as máximas variaram entre 25 °C e 27 °C, e no Sul permaneceram abaixo de 25 °C.

As temperaturas mínimas, por sua vez, ficaram entre 21 °C e 25 °C no Norte e no Nordeste, com exceção da Bahia, onde variaram entre 17 °C e 19 °C, e em Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, que registraram até 21 °C. No Centro-Oeste, as mínimas oscilaram entre 17 °C e 19 °C, com algumas áreas mais frias no Mato Grosso do Sul, chegando a valores abaixo de 15 °C. Já no Sudeste e no Sul, as mínimas permaneceram abaixo de 15 °C.

Tempo e agricultura brasileira

Milho 1ª safra

Os preparativos para a primeira safra de milho 2025/26 já foram iniciados nos principais estados produtores, com áreas mais precoces dando início à semeadura.

No Rio Grande do Sul, segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), as condições climáticas de agosto, com tempo seco e quente, e com ocorrência de precipitações na última semana do mês, favoreceram tanto o avanço das operações de plantio quanto o bom estabelecimento inicial das lavouras.

No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), projeta-se um aumento de 12,1% na área cultivada em relação à safra anterior. Esse crescimento está associado, principalmente, à decisão de parte dos produtores em priorizar o milho em detrimento do feijão, em função da melhor relação de preços para a cultura.

Milho 2ª safra

A segunda safra de milho 2024/25 caminha para se tornar a maior já colhida no país. A produção nacional é estimada em cerca de 109 milhões de toneladas, volume 5,5% superior ao recorde anterior (safra 2022/23), segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa maior disponibilidade de grãos tem reflexo direto sobre a cadeia de bioenergia, com a produção de etanol de milho projetada em cerca de 8 bilhões de litros, 31% acima em relação à safra anterior, sustentada pela ampliação da oferta e pela consolidação da indústria em estados do Centro-Oeste, de acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

O Mato Grosso se mantém como principal produtor da segunda safra, responsável por aproximadamente 49% da produção nacional, o estado mantém a perspectiva de safra recorde, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA/MT). Durante agosto, a colheita ganhou maior velocidade, reduzindo parte do atraso observado no início do processo em comparação com o mesmo período do ano anterior. O atraso esteve associado à ocorrência de chuvas persistentes e temperaturas mais baixas, que dificultaram a secagem natural dos grãos no campo, impondo maiores desafios logísticos e operacionais à colheita e ao armazenamento.

No estado do Paraná, a colheita foi favorecida por um período de clima seco na primeira quinzena de agosto, permitindo avanço significativo dos trabalhos, com mais de 90% da área já colhida. A produtividade apresentou desempenho acima das expectativas iniciais, confirmando o bom potencial da safra. Contudo, algumas áreas específicas foram afetadas por condições adversas: estiagens localizadas, excesso de chuvas que causaram acamamento em talhões de final de ciclo e perdas severas em áreas tardias expostas a geadas, onde as reduções de produtividade chegaram a 50%. Apesar dessas ocorrências pontuais, segundo o Deral/PR, o resultado geral é considerado satisfatório e reforça o bom desempenho estadual.

No Mato Grosso do Sul, a colheita evoluiu de forma mais acelerada ao longo de agosto, beneficiada pelo clima seco, atingindo 80,5% da área total. Embora o ritmo ainda esteja atrasado em relação à safra 2023/24, permanece acima da média histórica dos últimos cinco anos. As geadas ocorridas em parte do estado provocaram perdas de 10% a 30%, enquanto áreas com acamamento, decorrente de ventos e chuvas, registraram reduções de 20% a 40%. Mesmo diante desses problemas localizados, a estimativa de produção é considerada positiva, com incremento de 20,6% em relação à safra anterior, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), o que reforça a tendência de recuperação da produtividade média estadual.

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Feijão 3ª safra

Segundo dados da Conab, a semeadura da 3ª safra de feijão já foi finalizada nas áreas mais tardias. No Paraná, as plantas estão nas fases de floração e formação dos frutos, com a colheita já iniciada em algumas regiões, com a maior parte das lavouras apresentando boas condições, embora uma parte sofra os efeitos negativos de um clima desfavorável, resultado da escassez de água durante o seu desenvolvimento inicial.

Em Minas Gerais, aproximadamente 20% da área cultivada já foi colhida, com estimativas de queda na produção. No noroeste do estado, houve uma infestação severa de mosca-branca, o que resultou em perdas significativas. Também foram registradas perdas totais em algumas áreas devido ao crescimento de soja tiguera, que competiu com as novas plantações de feijão, resultando em agricultores optando pelo plantio de trigo ou de culturas de cobertura.

A colheita em Goiás já ultrapassa 50% da área, com uma produtividade média que teve uma leve queda, mas permanece dentro das expectativas. Em geral, o estado das plantações é positivo, com destaque para a produção irrigada, favorecida pelas temperaturas noturnas mais amenas.

Já no Mato Grosso, o baixo volume de chuva ao longo de agosto limitou as condições de cultivo, tornando a irrigação, juntamente com um controle de pragas adequado, essenciais para manter uma expectativa de produção positiva. Atualmente, a maior parte das áreas está na fase vegetativa, com pequenas porções já em floração e formação de grãos.

Por fim, na Bahia, o clima mais seco de agosto favoreceu o avanço da colheita. Há expectativa de redução na produção, provocada tanto pela diminuição na área cultivada, quanto na produtividade, com algumas áreas sofrendo com infestação de mosca-branca e a ausência de chuvas durante o enchimento de grãos.

Algodão

A colheita do algodão no Brasil atingiu aproximadamente 60,3% da área total destinada à cultura. De acordo com estimativas da Conab, embora tenha ocorrido redução na perspectiva nacional de produção em relação ao último levantamento devido a queda de produtividade em Minas Gerais e na Bahia, a tendência é de que o volume final supere o da safra anterior, o qual já representava recorde histórico. Esse resultado deve-se, sobretudo, à expansão da área cultivada na Bahia e no Mato Grosso.

No Mato Grosso, as temperaturas elevadas têm acelerado o ritmo da colheita. O manejo concentrou-se no controle de pragas, com ênfase no bicudo-do-algodoeiro, além da roçagem e da dessecação de soqueiras. Segundo o IMEA/MT, a área cultivada no estado registrou incremento de 4,18 pontos percentuais em relação ao ciclo passado. Apesar do atraso na colheita em comparação a anos anteriores, a projeção de produtividade permanece positiva, resultado atribuído aos efeitos benéficos das chuvas tardias sobre as lavouras de segunda safra.

Na Bahia, a colheita avança de forma contínua, sobretudo nas áreas irrigadas. Entretanto, a baixa precipitação no estado limitou o desenvolvimento de parte das lavouras, o que pode ocasionar perdas de rendimento. Por outro lado, a redução da umidade favorece as operações de colheita. No Maranhão, a colheita da primeira safra avança para a fase final, com boas produtividades médias. Paralelamente, a colheita da segunda safra é beneficiada pelas condições climáticas favoráveis durante o enchimento das maçãs.

Em Minas Gerais, a colheita aproxima-se da conclusão, confirmando reduções de produtividade em áreas de sequeiro, sobretudo em razão do veranico ocorrido no período reprodutivo da cultura. Em Goiás, a colheita encontra-se em fase final, com ritmo mais lento nas áreas irrigadas de segunda safra, ainda assim, a produtividade e a qualidade da pluma mantêm-se dentro de padrões satisfatórios.

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Trigo

A colheita do trigo no Brasil foi iniciada, com 7,7% da produção já colhida. Conforme as últimas estimativas da Conab, mantém-se a perspectiva de aumento da produtividade média, com incremento de 19,0 p.p. Entretanto, esse desempenho não foi suficiente para compensar a redução da área cultivada, que registrou queda de 16,7 p.p., resultando em menor produção total em relação ao ciclo anterior.

No Rio Grande do Sul, segundo a Emater/RS, o mês de agosto foi marcado por precipitações irregulares em todo o estado. Na porção Sul, os acumulados foram elevados, ocasionando danos pontuais às lavouras. Já nas regiões Noroeste e do Planalto, onde se concentra a maior parte da área cultivada, as chuvas foram moderadas e não prejudicaram o desenvolvimento das plantas. Atualmente, as lavouras apresentam-se com 82% em fase vegetativa, 15% em floração e 3% em enchimento de grãos. O vigor vegetativo e a sanidade são considerados satisfatórios, embora persista a preocupação com a ocorrência de doenças fúngicas em áreas mais úmidas, especialmente no período crítico da floração.

No Paraná, as lavouras mantêm, em geral, boas condições. Contudo, episódios de temperaturas elevadas comprometeram parcialmente o potencial produtivo em algumas áreas. De acordo com o Deral/PR, a colheita foi iniciada na região de Londrina, com produtividades dentro do esperado e sem impactos significativos das geadas. Entretanto, como o ritmo de colheita ainda é incipiente no estado, projeções mais precisas sobre produtividade e qualidade da safra deverão ser confirmadas nos próximos dias.

Em Santa Catarina, segundo a Epagri/SC, a fase fenológica predominante é a de desenvolvimento vegetativo. As primeiras áreas semeadas encontram-se em germinação e desenvolvimento inicial, enquanto nas lavouras mais adiantadas os produtores realizam tratos culturais, incluindo adubações nitrogenadas e aplicações fitossanitárias voltadas à prevenção de ferrugens e pragas.

Nas áreas irrigadas de Goiás, a safra aproxima-se da conclusão, apresentando produtividades alinhadas às expectativas e bom padrão de desenvolvimento e qualidade dos grãos. Em Minas Gerais, a colheita avança nas regiões de sequeiro, enquanto nas áreas irrigadas a produtividade se mantém próxima do esperado, com qualidade superior à registrada na safra anterior.

Com informações do Sistema TEMPOCAMPO (1/9/2025)

Legenda 1: 
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Imagem 2: 
Legenda 2: 
Sistema TEMPOCAMPO
Data de controle: 
segunda-feira, Setembro 1, 2025


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