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Pesquisadores da Esalq/USP lideram o primeiro Mapa Global de Solos com alta resolução

Editoria: 
Pesquisa [1]
Sumário: 
Estudo reúne dados de satélite e de campo para mapear os solos do planeta em 90 metros de resolução
Corpo: 

Pesquisadores do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) publicaram o primeiro mapa global de solos com resolução de 90 metros. O estudo, desenvolvido ao longo de seis anos, foi divulgado na revista The Innovation [2] (fator de impacto 33), combinou imagens de satélite com dados de campo, em uma iniciativa que envolveu mais de 50 cientistas de diferentes países.

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Mapas das propriedades do solo em profundidade de 0 a 20 cm e resolução de 90 m com métricas de modelagem.

A coordenação do trabalho foi dos professores José Alexandre Demattê e Raul Roberto Poppiel, com participação de estudantes e pesquisadores do grupo GeoCiS da Esalq/USP. Também assinam o artigo os pesquisadores Jean de Jesus Macedo Novais, Nicolas Augusto Rosin e Jorge Tadeu Fim Rosas, todos vinculados ao mesmo departamento.

Entre os resultados, destaca-se que 64% da superfície terrestre é composta por solos arenosos, considerados menos favoráveis ao uso agrícola intensivo. “É preciso olhar com mais atenção para os solos arenosos do Brasil. Seu manejo exige conhecimento detalhado sobre a mineralogia e o comportamento da água no solo, o que ainda é pouco estudado em muitas regiões”, afirma o professor José Alexandre Demattê.

A pesquisa também observou que, em áreas agrícolas, o pH do solo é até 1,6 unidades mais alto do que em áreas de vegetação nativa. “Esse aumento está relacionado ao uso contínuo de fertilizantes e corretivos. São insumos fundamentais para manter a produtividade, mas seu uso excessivo pode comprometer o equilíbrio químico e biológico do solo, com impactos cumulativos ao longo do tempo”, explica Demattê.

Solos e mudanças climáticas

O levantamento mostra ainda que os solos desempenham papel relevante no armazenamento de carbono. De acordo com o professor Raul Roberto Poppiel, solos sob vegetação nativa armazenam 54% do carbono orgânico global, enquanto áreas agrícolas apresentam, em média, 60% menos carbono.

“O solo funciona como um grande reservatório de carbono. Preservar esse carbono no solo é essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, afirma Poppiel. “Quando a matéria orgânica do solo é degradada, perdemos não apenas fertilidade, mas também a capacidade do solo de reter água, manter a biodiversidade e regular o clima”.

O docente complementa que práticas como plantio direto, uso de culturas de cobertura e sistemas agroflorestais são indicadas no estudo como estratégias para recompor a matéria orgânica e aumentar os estoques de carbono no solo.

Estoque de carbono e economia

O estudo também identificou uma relação entre os estoques de carbono no solo e o nível de desenvolvimento econômico. As dez maiores economias do mundo concentram 75% do carbono presente nos solos agrícolas globais, enquanto países em desenvolvimento apresentam estoques menores.

“Esses dados revelam uma oportunidade para políticas de incentivo à conservação e regeneração dos solos, inclusive por meio do mercado de créditos de carbono”, destaca Poppiel.

Texto: Caio Albuquerque (7/8/2025)

 

Legenda 1: 
(crédito: Gerhard Waller)
Responsável: 
Caio Albuquerque [4]
Data de controle: 
quinta-feira, Agosto 7, 2025


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