“Me chamo Paula dos Reis Oliveira e tenho dois filhos, Iberê e Uirá, de cinco e dois anos. Minha trajetória como pesquisadora é indissociável do eu-mulher e mãe”. Essa é a declaração de uma das mães, pós-graduanda da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que ganhou o Prêmio USP Mães Pesquisadoras, edição 2025. A avaliação prioriza descobertas significativas, impactos científicos ou sociais e relevância para o desenvolvimento da pesquisa na USP e sua interação com a sociedade.

O prêmio é concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP, reconhecendo o essencial trabalho de cuidados com a infância, que requer muitas horas de dedicação e esforço, que impactam as oportunidades acadêmicas e a progressão na carreira, na maioria das vezes realizado pelas mães adotivas ou biológicas.

Projeto da mãe pesquisadora

Desde 2023, Paula está trabalhando no projeto de pós-doutorado, supervisionado pelo Prof. Silvio Ferraz, do Depto. de Ciências Florestais da Esalq, com o objetivo de avaliar o efeito da restauração florestal na saúde de riachos, e desenvolver uma ferramenta para relacionar o uso do solo e a condição da floresta ripária com a saúde do riacho.

O projeto representa a continuidade e a evolução da pesquisa em ecologia e restauração de riacho, ao estudar o efeito das restaurações florestais nos ecossistemas aquáticos. O tema é muito abordado por cientistas e gestores no Brasil, por isso as expectativas são que os resultados desta pesquisa contribuirão na gestão integrada riacho-floresta.

“Neste ambicioso projeto integramos tópicos de ecologia da paisagem e de riacho que exige perspectiva e experiência interdisciplinar e internacional. Por isso, estabeleci diversas colaborações nacionais e internacionais. Além disso, o projeto também possibilita a integração de estudantes de graduação e pós-graduação, e iniciação científica”, destaca a pesquisadora.

A pesquisadora assegura que os resultados obtidos até agora foram divulgados em eventos científicos nacional e internacional; em duas publicações científicas; localmente através de workshop e livreto produzido e compartilhado com parceiros próximos.

 “A longo prazo, pretendo avaliar ainda mais as conexões entre terra-água e ciência-gestão, com foco na ecologia de riachos aplicada e mudanças no uso do solo. O prêmio USP mães pesquisadoras é um reconhecimento e oportunidade para divulgar minha pesquisa”, finaliza Paula.

Prêmio USP Mães Pesquisadoras

O prêmio, que teve sua primeira edição no ano de 2022, é uma iniciativa realizada em parceria com a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP). Em seu primeiro ano, foram premiadas pesquisadoras das áreas de Ciências Biológicas e da Saúde; em 2023, foi a vez das pesquisadoras das áreas de Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes; em 2024, as das áreas de Ciências Exatas e Engenharias. Nesta edição de 2025, serão premiadas pesquisadoras das áreas de Ciências Agrárias e Ambientais.

São concedidos até quatro prêmios, com apoio financeiro do Banco Santander, distribuídos entre quatro diferentes categorias: docentes (R$ 20 mil), pós-doutorandas (R$ 15 mil), pós-graduandas (R$ 10 mil) e graduandas (R$ 10 mil).

A gratificação é destinada a mães adotivas ou biológicas de crianças de até 12 anos ou de filhos com deficiência sem limite de idade. Também são elegíveis pesquisadores homens que sejam cuidadores exclusivos dos filhos (pais solo) e pesquisadores LGBTQIAPN+ em situação de parentalidade.

A cerimônia de premiação será realizada em maio de 2025.

Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTB 32531 | 25.04.2025