Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de novembro
Em novembro, monitoramento da Esalq registrou os menores volumes de chuva em alguns estados da região Nordeste
Os menores volumes de chuva ao longo do mês de Novembro, inferiores a 30 mm, foram registrados em alguns estados da Região Nordeste, mais especificamente Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. No Piauí, Maranhão e Amapá, prevaleceram volumes de 30 a 60 mm. Em Roraima, foram registradas chuvas de 60 a 90 mm, enquanto no Pará e no Amazonas, o intervalo variou mais, ficou entre 30 e 150 mm, com regiões pontuais chegando a 240 mm. Na Bahia, no Nordeste, e em Tocantins, no Norte, as chuvas ficaram entre 60 e 150 mm. Em Rondônia, no Mato Grosso do Sul e nos estados da Região Sudeste, com exceção de São Paulo, os volumes ficaram entre 150 a 180 mm. Em São Paulo, foram acumulados volumes de 180 a 210 mm. Na Região Sul, Paraná e Santa Catarina registraram chuvas de 90 a 150 mm, enquanto o Rio Grande do Sul, de 90 a 120 mm. No Mato Grosso e em Goiás, no Centro-Oeste, bem como no Acre, as condições foram mais favoráveis, com chuvas variando de 180 a volumes superiores a 240 mm.
O armazenamento de água no solo ficou abaixo de 15% em alguns estados das regiões Norte e Nordeste, incluindo Roraima, Amapá, grandes áreas do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Na Bahia, Tocantins e no Rio Grande do Sul, o armazenamento predominou entre 30 e 45%. No Paraná e em Santa Catarina, foram registrados valores de 30 a 65% de água armazenada. No Amazonas, os valores variaram de 15 a 75% e, no Acre, de 60 a 90%. Na Região Sudeste e no Mato Grosso do Sul, o armazenamento prevaleceu entre 60 e 75%. Por sua vez, Rondônia, Mato Grosso e Goiás registraram armazenamento de 75 a 90%.
As temperaturas máximas ficaram entre 25 e 27°C em Santa Catarina e em grandes extensões de Minas Gerais e do Espírito Santo. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, as máximas se concentraram entre 27 e 29°C. No Paraná, São Paulo e Goiás, os valores variaram de 27 a 31°C. Na Bahia e no Mato Grosso, as temperaturas prevaleceram entre 29 e 31°C. Sergipe, Alagoas e Pernambuco, na Região Nordeste, Tocantins, Rondônia, Acre e Amazonas, na Região Norte, e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste, registraram máximas de 31 a 33°C. Nos demais estados da Região Norte, bem como no Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba, as temperaturas ficaram entre 33 e 35°C. Já no Piauí e em grandes áreas do Ceará, as máximas passaram dos 35°C.
As mínimas ficaram entre 17 e 19°C no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, na Região Sul, assim como em Minas Gerais, no Sudeste. Nos demais estados da Região Sudeste e no Paraná, as mínimas ficaram entre 17 e 21°C. Na Bahia e em Goiás, os valores ficaram no intervalo de 19 a 23°C. No Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, as temperaturas mínimas ficaram entre 21 e 23°C. Nos demais estados das regiões Norte e Nordeste, as mínimas foram mais elevadas, entre 23 e 25°C, com ocorrências pontuais de valores acima de 25°C no Pará.
TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA
Soja
As perspectivas para a safra 2024/25 de soja são otimistas, de um modo geral. Os períodos de chuva, intercalados com dias de sol, bem como a elevada capacidade operacional dos produtores, permitiram um avanço considerável da marcha de semeadura durante o mês de novembro. As operações avançaram 46,3 p.p. desde a última semana de outubro, totalizando 83,3% de área semeada, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No Mato Grosso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) reportou que 98,39% da área já foi semeada, ultrapassando em 1,45 p.p. o valor registrado nesse mesmo período na safra passada (Figura 1). Restam áreas principalmente na região nordeste do Estado, onde as chuvas se regularizaram mais tardiamente. As chuvas, as temperaturas adequadas e a umidade do solo têm beneficiado o desenvolvimento das plantas. Com o fim da semeadura, os produtores mato-grossenses voltam sua atenção para a realização dos tratos culturais e para a colheita. A concentração de áreas na semeadura, caso não tenha sido feita uma distribuição adequada entre os ciclos da cultura (precoce, médio e tardio), pode ser uma preocupação durante a colheita.
Em Goiás, segundo a Conab, a semeadura da soja já alcançou 87% da área projetada, 16 p.p. acima do registrado no ciclo 2023/24, esse avanço se deve à boa distribuição das chuvas, as quais também têm possibilitado condições de desenvolvimento favoráveis para a cultura. No Mato Grosso do Sul, a área semeada corresponde a 93% do total. Na segunda quinzena do mês, o retorno das chuvas e a redução das temperaturas beneficiaram as lavouras. No entanto, a falta de chuvas na região centro-sul do Estado já resultou em queda no potencial produtivo, com as plantas apresentando sintomas de déficit hídrico.
No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/PR) reportou que a semeadura da soja está em vias de finalização, com 99% da área prevista semeada (Figura 1). As lavouras estão, em sua maioria, em desenvolvimento vegetativo (59%) e floração (27%). Além da semeadura, o controle de plantas daninhas e a aplicação preventiva de fungicidas contra a ferrugem-asiática, têm ocorrido dentro do ritmo esperado. A maior parte das lavouras está se desenvolvendo sob condições favoráveis, com baixa incidência de pragas e de doenças. No entanto, a falta de chuvas em meados de novembro, sobretudo na região noroeste paranaense, prejudicou as lavouras, levando, inclusive, ao abortamento de flores.
No Rio Grande do Sul, a semeadura da soja alcançou 64% da área total e as lavouras estão principalmente em germinação e desenvolvimento vegetativo, de acordo com a Emater/RS. A redução das chuvas também tem prejudicado as lavouras gaúchas, de modo que os produtores estão priorizando condições mais adequadas para dar continuidade às operações, a fim de minimizar o risco de ressemeadura. Isso porque, em algumas áreas, já há a necessidade de ressemear devido à má germinação e às falhas no estande, ocasionadas pela falta de umidade no solo. Apesar disso, as áreas semeadas entre o final de outubro e início de novembro, bem como áreas com mais palhada em cobertura, tem apresentado bom desenvolvimento e emergência uniforme.
Em São Paulo, a semeadura da leguminosa foi finalizada na última semana de novembro, apesar das interrupções devido ao excesso de chuvas. Foram registradas as duas primeiras ocorrências de ferrugem-asiática em lavouras paulistas. De acordo com o Consórcio Antiferrugem, as notificações vieram de áreas nos municípios de Itaberá e Itapetininga, com registro de soja perene próxima à área de Itaberá, o que mantém o inóculo na região. Nesse momento, é crucial a intensificação no monitoramento e na proteção das lavouras nas regiões próximas para um bom controle da doença, já que essa é uma das doenças mais importantes da cultura da soja, que pode causar perdas produtivas de até 80% em casos de epidemias severas.
No Matopiba, a marcha de semeadura segue em um ritmo adiantado em relação à safra anterior, o que se deve às chuvas mais regulares intercaladas com períodos de sol. De maneira geral, as lavouras apresentam bom estabelecimento e desenvolvimento. Na Bahia, os fatores operacionais e as condições climáticas estão permitindo avanços significativos nas operações a campo. Foi registrada presença de pragas, como lagartas e percevejos, em áreas pontuais no oeste baiano.
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Milho 1ª safra
A semeadura da primeira safra de milho segue avançando pelo país, já perfazendo 58,7% da área, segundo a Conab. De maneira geral, o desenvolvimento da cultura tem sido beneficiado por bons volumes de chuva alternados com períodos de sol. As operações seguem se encaminhando para o final na Região Sul. No Paraná, a semeadura foi concluída na última semana de novembro, predominando o estádio de desenvolvimento vegetativo (53%) e de floração (33%) nas lavouras, de acordo com o Deral/PR. Apesar da redução das chuvas, as plantas estão se desenvolvendo bem e apresentando ótimo aspecto visual, com expectativa de alto potencial produtivo pelos produtores. Quanto aos tratos fitossanitários, foram realizadas aplicações de inseticidas, fungicidas e fertilizantes nitrogenados.
No Rio Grande do Sul, a Emater/RS reportou que a semeadura já atingiu 88% da área projetada, sendo que as lavouras estão distribuídas entre desenvolvimento vegetativo (42%), florescimento (27%) e enchimento de grãos (31%). O avanço para a fase reprodutiva acende um alerta nas lavouras gaúchas devido à redução das chuvas no mês de novembro no Estado, o que configurou um quadro de déficit hídrico sobretudo nas lavouras de sequeiro. As plantas comprometidas apresentam senescência das folhas inferiores, enrolamento das folhas superiores e secamento dos pendões. Apesar disso, o potencial produtivo permanece elevado nas áreas irrigadas, onde o desempenho das plantas tem sido beneficiado pela disponibilidade de água e de radiação solar, atreladas às temperaturas amenas durante a noite. Em Santa Catarina, 98% da área já foi semeada e, mesmo com a incidência de pragas como percevejos e tripes, as condições climáticas estão sendo favoráveis ao bom desenvolvimento das lavouras, com volumes de chuva de 120 a 150 mm durante o mês.
Em São Paulo e em Minas Gerais, onde a semeadura do milho alcançou 90% e 65,8% da área respectivamente, as operações foram interrompidas devido ao excesso de chuvas registrado, que também impossibilitou a realização dos tratos culturais em algumas regiões. Ainda assim, a marcha de semeadura segue adiantada em ambos os estados em relação ao ciclo 2023/24. Em Goiás, as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento das plantas e ao avanço da semeadura, que alcançou 41% da área e deve ser intensificada com a finalização da semeadura da soja, segundo dados da Conab.
Trigo
A colheita do trigo continua apenas nos estados da Região Sul, de modo que 94,4% da área nacional cultivada de trigo já foi colhida, de acordo com a Conab. No Rio Grande do Sul, o último levantamento da Emater/RS indicou que 97% da área já foi colhida (Figura 2). Os resultados de produtividade e de qualidade dos grãos têm variado entre as regiões produtoras. No Noroeste, no centro e em parte da região sul, os resultados ficaram abaixo da média, devido às chuvas prolongadas, que prejudicaram o manejo fitossanitário ou incidiram com a colheita. Já no Planalto e no Nordeste, a safra foi plena, com resultados satisfatórios.
No Paraná, a colheita do trigo foi encerrada no segundo decêndio de novembro (Figura 2). O tempo mais seco na segunda quinzena de novembro favoreceu a maturação, a secagem e a colheita dos grãos. A produtividade e a qualidade dos grãos das lavouras mais tardias têm se mostrado satisfatória, aumentando o otimismo dos rizicultores. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 70% da área (Figura 2), sendo favorecida pela redução das chuvas, o que também beneficiou a maturação e a secagem dos grãos.
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Feijão 1ª safra
A semeadura da primeira safra de feijão já alcançou 53,2% da área estimada para seu cultivo, segundo dados da Conab. O Deral/PR relatou que a semeadura já foi finalizada, com as lavouras se desenvolvendo em sua maioria sob condições favoráveis. As lavouras se dividem nos estágios de desenvolvimento vegetativo (30%), floração (33%) e frutificação (32%). As áreas estão apresentando bom potencial produtivo e, devido à nebulosidade e à umidade na primeira quinzena de novembro, alguns produtores paranaenses realizaram o controle preventivo de doenças, como o mofo branco.
No Rio Grande do Sul, a Emater/RS reportou que a semeadura foi concluída na maior parte das regiões, com exceção do sul e do nordeste, onde o cultivo da leguminosa é tardio, concentrado no mês de dezembro. As lavouras gaúchas foram prejudicadas pela redução das chuvas, principalmente durante aquelas em floração, formação de vagens e enchimento de grãos, onde foram registrados sinais de estresse hídrico. Em Santa Catarina, 92% da área já foi semeada, restando áreas de maior altitude, de acordo com a Conab. As lavouras de feijão estão se desenvolvendo sob boas condições fitossanitárias e climáticas.
Em Minas Gerais, as chuvas acima da média em novembro impediram a marcha de semeadura e a realização dos tratos culturais. Na Bahia, as operações estão mais adiantadas nesta safra em relação à passada, 29% contra 17% respectivamente. Isso se deve às condições climáticas mais favoráveis neste ciclo, com maiores volumes de chuvas.
Arroz
Continua em andamento a semeadura da safra 2024/25 de arroz, com 77,4% da área estimada já semeada, de acordo com dados do último levantamento da Conab. Santa Catarina e Rio Grande do Sul continuam na liderança dos incrementos de área semeada, totalizando 97% e 92% respectivamente. De forma geral, as operações estão ocorrendo dentro do esperado e é estimado um aumento de 14% na produção da cultura em relação à safra passada.
Em Santa Catarina, as lavouras foram beneficiadas pelas temperaturas mais elevadas, pela boa incidência de radiação solar e pelas chuvas, sendo que essas últimas causaram algum atraso no andamento das operações na primeira quinzena de novembro, mas o ritmo foi recuperado e as lavouras catarinenses seguem em bom desenvolvimento, com registro de áreas já em fase reprodutiva. No Rio Grande do Sul, onde a semeadura também segue um ritmo satisfatório, a redução na frequência e nos volumes de chuva, no início do mês, reduziu a umidade nos talhões e favoreceu o andamento da semeadura. Ademais, os dias ensolarados têm favorecido o desenvolvimento inicial das plantas e a realização de manejos culturais, como o controle de daninhas e a adubação nitrogenada.
No Tocantins e Goiás, as lavouras também estão em bom desenvolvimento, com cerca de metade da área destinada já semeada. No Maranhão e no Pará, a colheita já teve início nas áreas semeadas precocemente. No Mato Grosso, a semeadura nas áreas de sequeiro foi possibilitada pelas chuvas registradas em novembro.
Com informações do Sistema TEMPOCAMPO (3/12/2024)
