Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de outubro

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TEMPO NO BRASIL

Os menores volumes de chuva, inferiores a 30 mm, foram registrados nos estados das regiões Norte e Nordeste: Amapá, grandes áreas do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Em Roraima, os volumes variaram entre 30 e 60 mm. Na Bahia, em Tocantins e no sul do Pará, as chuvas ficaram entre 30 e 90 mm. Ainda na Região Norte, no Amazonas, os volumes de chuva variaram de 30 a 120 mm, enquanto no Acre e em Rondônia, ficaram entre 90 e 150 mm. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, as condições climáticas foram mais favoráveis em outubro. No Mato Grosso do Sul, as chuvas variaram de 60 a 120 mm, em Mato Grosso, de 90 a 120 mm, e, em Goiás, de 120 a 150 mm. Em Minas Gerais, o volume acumulado ficou entre 90 e 150 mm, assim como no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo e no Paraná, as chuvas variaram de 90 a 120 mm, enquanto em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os acumulados foram predominantemente de 120 a 150 mm.

Do mesmo modo, o armazenamento de água ficou abaixo de 15% em alguns estados das regiões Norte e Nordeste, incluindo Roraima, Amapá, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Volumes armazenados entre 15 e 30% foram observados na Bahia e em Rondônia. Já no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas e Acre, o armazenamento variou de 15 a 45%. Em Goiás, na Região Sudeste como um todo e na maior parte do Paraná, foram registrados valores de 30 a 45% de água armazenada. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os níveis de armazenamento ficaram entre 45 e 60%.

As temperaturas máximas ficaram abaixo de 25°C em Santa Catarina e em áreas extensas do Rio Grande do Sul, com algumas ocorrências pontuais de valores entre 25 e 27°C. No Paraná, as temperaturas máximas variaram entre 27 e 31°C. Na Região Sudeste, a faixa predominante foi de 29 a 31°C; em São Paulo, no entanto, algumas áreas registraram máximas de até 33°C. No Nordeste, estados como Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco tiveram máximas entre 29 e 33°C. Já na Paraíba, Rio Grande do Norte e em Goiás, as temperaturas variaram de 31 a 35°C. Na Região Norte como um todo, exceto Tocantins, e nos demais estados do Centro-Oeste, as máximas ficaram entre 33 e 35°C. Ceará, Piauí, Maranhão e Tocantins registraram as temperaturas mais elevadas, ultrapassando 35°C.

As temperaturas mínimas ficaram entre 15 e 17°C em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, enquanto no Paraná variaram de 17 a 19°C. No Sudeste, as mínimas ficaram entre 17 e 21°C. Na Bahia e em Pernambuco, foram observadas temperaturas mínimas de 19 a 23°C. Em Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, assim como em Goiás, no Centro-Oeste, as mínimas ficaram entre 21 e 23°C. No Ceará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as temperaturas mínimas variaram de 21 a 25°C. Nos demais estados da Região Nordeste e em toda a Região Norte, as mínimas foram mais elevadas, entre 23 e 25°C, com algumas ocorrências pontuais de valores acima de 25°C, principalmente no Pará.

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Soja

A semeadura da safra de soja 2024/25 está em andamento pelo Brasil. Embora o ritmo tenha sido lento até meados de outubro, devido a volumes irregulares e insuficientes de chuva para avançar com a semeadura e garantir o estabelecimento inicial das plantas, o processo acelerou na segunda quinzena do mês, favorecido por condições climáticas mais adequadas, influenciadas pela passagem de duas frentes frias e pela regularização das chuvas nas principais regiões produtoras. Aproximadamente 37% da área estimada foi semeada, em comparação com 40% na safra passada, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No primeiro levantamento da safra de grãos 2024/25, a Conab divulgou estimativas favoráveis para a soja, incluindo a possibilidade de um novo recorde de produção. Estima-se um aumento de 2,8% na área cultivada, impulsionado pela conversão de áreas de pastagem degradada e pela troca do cultivo de milho por soja, em função de sua maior rentabilidade. A produtividade esperada é de 3.508 kg/ha (9,6% acima da safra 2023/24), com produção estimada em 166 milhões de toneladas, um aumento de 12,67% em relação ao ciclo anterior, afetado por condições climáticas adversas em regiões importantes.

O ritmo mais lento de semeadura observou-se principalmente no Mato Grosso, maior produtor de soja do país. Atrasos nas chuvas e altas temperaturas limitaram o avanço das operações de semeadura até meados de outubro, gerando preocupações entre os produtores com a possibilidade de comprometimento da janela para a segunda safra. Isso levou alguns a se arriscarem semeando “no pó”. Contudo, as chuvas foram regularizadas no Mato Grosso no terceiro decêndio do mês (Figura 1), permitindo um avanço semanal de 30,65 pontos percentuais (p.p.), o maior já registrado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a fim de manter a janela da segunda safra. Ainda assim, o estado atingiu apenas 55,73% da área plantada, ficando 14,32 p.p. abaixo do mesmo período na safra 2023/24 (Figura 1).

Em Goiás, a semeadura também está atrasada, com 26% da área estimada já semeada, 5 p.p. abaixo da última safra, devido à irregularidade das chuvas. As áreas irrigadas apresentaram maior avanço em comparação com as de sequeiro. Mesmo assim, o desenvolvimento das lavouras tem sido satisfatório. Já no Mato Grosso do Sul, as chuvas favoreceram as lavouras, e o avanço da semeadura ocorre de maneira mais intensa, com 72% da área já plantada. Produtores no estado estão atentos aos possíveis impactos da La Niña sobre as chuvas e, para mitigar riscos climáticos, recorrem a estratégias como o escalonamento da semeadura.

No Paraná, o cenário é mais positivo: o Departamento de Economia Rural (DERAL/PR) relatou que a semeadura da soja atingiu 74% da área prevista (Figura 1), e as lavouras estão, em sua maioria, em desenvolvimento vegetativo sob condições favoráveis. As chuvas no estado contribuíram para a recuperação da umidade do solo, favorecendo a semeadura. No Rio Grande do Sul, a semeadura ainda é incipiente, pois, historicamente, ocorre de forma mais tardia. A prioridade dos produtores gaúchos está na colheita de cereais de inverno e no plantio do arroz; nas áreas onde já se iniciou a semeadura da soja, as condições climáticas com menor nebulosidade têm sido favoráveis.

Em Santa Catarina, as chuvas intensas no início de outubro atrasaram a semeadura, mas o atraso foi recuperado. No Matopiba, uma região emergente na produção de soja, o início da semeadura em outubro foi prejudicado pela escassez de chuvas, trazendo preocupação aos produtores. No oeste da Bahia, a área destinada ao cultivo de soja cresceu 7,5%, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). A abertura da janela de semeadura foi excepcionalmente antecipada para 25/09, visando favorecer o plantio subsequente do algodão.

Milho 1ª e 2ª safras

A semeadura da primeira safra de milho 2024/25 está em andamento em ritmo semelhante ao da safra anterior, com 36,8% da área já semeada, contra 37,2% no ciclo passado, segundo dados da Conab. Na Região Sul, a semeadura já se aproxima do final, beneficiada por condições climáticas favoráveis. No Centro-Oeste e Sudeste, o progresso ocorre conforme a regularização das chuvas, enquanto no Nordeste o início das operações está previsto para novembro. No Rio Grande do Sul, principal produtor de milho na primeira safra, 81% da área já foi semeada, e as lavouras se encontram predominantemente na fase de desenvolvimento vegetativo, de acordo com a EMATER/RS. A umidade do solo foi mantida por chuvas frequentes e bem distribuídas, favorecendo tanto a formação de estande de plantas quanto o potencial produtivo das lavouras, apoiados pela alta incidência de radiação solar durante o dia e temperaturas amenas à noite. Em relação aos tratos culturais, a adubação nitrogenada em cobertura já foi aplicada e beneficiada pela umidade do solo, que garantiu a dissolução dos nutrientes e sua absorção pelas plantas. A cigarrinha-do-milho segue sob monitoramento, com danos mais severos relatados principalmente na região do Alto Uruguai.

No Paraná, 97% da área de milho já foi semeada, restando apenas algumas áreas de agricultura familiar, segundo o DERAL/PR. As lavouras estão se desenvolvendo sob condições favoráveis, com chuvas recentes que elevaram os níveis de umidade do solo. Incidências de tripes e percevejos foram registradas, mas não há relato significativo de cigarrinha até o momento. Em Santa Catarina, a Conab informou que 86% da área estimada já foi semeada. Embora o excesso de umidade até meados de outubro tenha atrasado a semeadura em algumas áreas, esse fator beneficiou o desenvolvimento inicial das lavouras, junto à alta luminosidade. Em São Paulo, o plantio de milho avança de forma lenta devido à priorização da semeadura da soja, enquanto em Goiás as operações estão ocorrendo de forma pontual.

Com o atraso na semeadura da soja devido à demora na regularização das chuvas em várias regiões, os produtores que cultivam em sucessão soja-milho estão apreensivos quanto à possível perda da janela ideal para a segunda safra, prevista entre o início de janeiro e meados de março. No primeiro levantamento da safra de grãos, a Conab estimou uma área de 16,60 milhões de hectares para a segunda safra de milho 2024/25, com produtividade de 5.702 kg/ha e produção projetada de 94,63 milhões de toneladas.

Trigo

A colheita da safra de trigo 2023/24 foi concluída na maior parte dos estados produtores; apenas a Região Sul, principal produtora da cultura, ainda está em operação. No Rio Grande do Sul, a EMATER/RS informou que 29% da área foi colhida (Figura 2). À medida que a colheita avança, os resultados têm sido frustrantes. A frequência das chuvas no estado prejudicou as lavouras: o molhamento foliar contínuo favoreceu o desenvolvimento de doenças, especialmente a giberela, e dificultou a aplicação de tratos culturais para controle e prevenção de doenças fúngicas. Após as chuvas, observou-se uma redução no peso hectolitro (PH) dos grãos, variando de 72 a 78 kg/hl. Esse valor é problemático, pois, segundo os parâmetros internacionais, o PH do trigo de alta qualidade deve ser superior a 78 kg/hl. Com isso, a qualidade do trigo foi comprometida devido à alta incidência de doenças (como brusone e giberela) favorecida pelas chuvas nas lavouras em maturação. Além disso, foi detectada germinação de grãos na espiga, o que agrava ainda mais a situação.

No Paraná, 91% da área foi colhida (Figura 2), e as lavouras remanescentes apresentam condições variadas: 14% em condições desfavoráveis, 36% em condições intermediárias e 50% em condições favoráveis, de acordo com o DERAL/PR. As lavouras paranaenses afetadas pelas geadas tardias foram prejudicadas, com uma grande parte do trigo classificado como tipo 2 ou 3. Nas áreas afetadas apenas pela seca, a qualidade é superior, com PH acima de 78 kg/hl. Espera-se um resultado melhor das lavouras que foram semeadas mais tardiamente. Em Santa Catarina, as condições são mais favoráveis: 22% da área foi colhida (Figura 2), conforme dados da Conab, e as lavouras têm mostrado bom aspecto sanitário e qualidade.
 

Feijão 1ª safra

A semeadura da primeira safra de feijão está progredindo bem em todo o país, com 30,6% da área total já semeada, segundo dados da Conab. Os principais estados produtores deste primeiro ciclo são Paraná, Minas Gerais e Bahia. No Paraná, houve um aumento na área cultivada, motivado pelos preços atrativos do feijão tipo preto. O DERAL/PR relatou que 93% da área estimada já foi semeada, com as lavouras se desenvolvendo em sua maioria sob condições favoráveis, apesar das temperaturas mais baixas do que o normal.

Em Minas Gerais, 21% da área foi semeada, e espera-se um aumento significativo nas próximas semanas, com o fim do vazio sanitário. Na Bahia, a semeadura ainda está no início, mas foi favorecida pelas chuvas recentes e teve início principalmente em áreas de agricultura familiar. No Rio Grande do Sul, a semeadura já alcançou 41% da área estimada, conforme a Conab. As chuvas ocorridas na primeira quinzena de outubro limitaram o avanço das operações de semeadura e aumentaram a incidência de doenças. Contudo, na última semana do mês, os níveis adequados de umidade do solo, combinados com maior incidência de radiação solar, favoreceram o progresso da semeadura e o desenvolvimento inicial das lavouras.

Arroz

A semeadura da safra de arroz 2024/25 está em andamento, com 43,7% da área total já semeada, segundo dados da Conab. O estado com maior progresso nas atividades é Santa Catarina, onde 80% da área projetada já foi semeada. De acordo com a EPAGRI/SC, espera-se que a área cultivada nesta safra atinja 145 mil hectares, com uma produtividade 9,9% superior à safra anterior, atualmente estimada em 8,74 toneladas por hectare. A safra passada foi desfavorecida por baixa luminosidade, excesso de chuvas e nebulosidade, fatores que contribuíram para o surgimento de pragas e doenças. Para esta safra, as condições climáticas indicam um desenvolvimento mais normalizado das lavouras.

No Rio Grande do Sul, a semeadura avançou significativamente, com 48,18% das áreas já semeadas, especialmente na região da Fronteira Oeste, conforme informações do Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA). A previsão é que sejam semeados aproximadamente 948 mil hectares no estado, com uma produtividade estimada de 8.478 kg/ha, segundo a EMATER/RS.

Em Goiás, Maranhão e Pará, o plantio avançou em áreas irrigadas, e as condições de desenvolvimento das lavouras são consideradas boas. Apesar do progresso nas últimas semanas, a semeadura ainda está atrasada em relação à safra anterior; no mesmo período do ano passado, 52,3% das áreas já haviam sido semeadas.

Com informações do Sistema TEMPOCAMPO (05/11/2024)

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