Cátedra Luiz de Queiroz debateu a transição da revolução verde para uma agricultura sustentável

Versão para impressãoEnviar por email
Abertura do Summit foi realizada no Anfiteatro do edifício Jumbão (crédito: Gerhard Waller)
Editoria: 

Discutir e refletir sobre como avançar no controle das pragas que afetam a agricultura brasileira. Com este mote, a Cátedra Luiz de Queiroz realizou, nos dias 11 e 12 de março de 2024, o SUMMIT Transforma Agro. O evento reuniu em Piracicaba, SP, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), um time especializado de pesquisadores, produtores rurais, empresários, gestores de governo e de instituições de fomento à pesquisa, além de jornalistas, todos focados na busca de soluções capazes de ampliar a produção agrícola e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade econômica, ambiental e social.

“Partimos da constatação de que já está em andamento uma transição do atual Manejo Integrado de Pragas - MIP, para um MIP que incorpora produtos biológicos. E o que motivou essa iniciativa é a necessidade de objetivar essa discussão contando com pesquisadores, mas também com outros segmentos da sociedade”, declarou o titular da Cátedra, professor Evaldo Vilela, um dos organizadores da iniciativa.

Além do titular da cátedra a abertura do evento contou com as presenças da diretora da Esalq, professora Thais Vieira, do ex-titular da cátedra, Roberto Rodrigues, e do pró-reitor de Pós-graduação da USP e diretor científico da Fapesp, professor Marcio de Castro Silva Filho.

Evaldo Vilela contou como seu projeto para a cátedra se transformou em um evento que une referências em controle biológico. “Quando assumi a cátedra, assumi o compromisso de colocar o controle de pragas na discussão da sustentabilidade da agricultura brasileira. As pragas são uma ameaça à segurança alimentar, mas o controle tem que considerar aspectos sustentáveis. Diante da comunidade científica robusta presente em Piracicaba e na Esalq, em particular, precisamos levar as tecnologias que hoje são realidade, até o campo. Por isso pensamos nesse evento, que traz para o debate a realidade das empresas e das instituições associativas, além do panorama da academia e as expectativas de governo.

A diretora da Esalq professora Thais Vieira, lembrou que a Esalq é referência na área de controle biológico, de maneira que aproveitar essa competência nos projetos da cátedra é algo natural. “Trata-se de uma área na qual atingimos a excelência, inserido em uma área importante nessa era de transição energética, climática e demográfica. Precisamos aproveitar oportunidades como essa e avaliarmos os impactos da nossa atividade na vida das pessoas”.

Etapas – O evento foi dividido em duas etapas. No primeiro dia, houve a explanação de 12 especialistas, compondo a percepção científica, técnica, econômica, política e social acerca dos desafios propostos pelo tema central do evento.

Nesta etapa, o professor José Roberto Postali Parra, do departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq, reforçou que o Brasil precisa construir seu próprio modelo de contgrole biológico. “Necessitamos desenvolver um modelo adaptado à agricultura tropical, considerando a nossa extensão territorial. Por isso, alguns pilares como produção massal de insetos, automação e logística de armazanamento e transporte deve ser pensados com pouca margem de erro. Controle biológico não é fácil, nem mais barato e, tampouco, é a única solução para os problemas da agricultura. Precisamos considerar o controle biológico integrado ao MIP”. Para o professor Italo Delalibera, também da Esalq, avançamos nos últimos anos no aspecto regulatório, mas precisamos aproveitar mais a nossa biodiversidade. “Temos uma diversidade que deve ser explorada a fim de controlarmos mais pragas com maior eficiência. O futuro do controle biológico é brilhante, já abrimos muitos mercados, mas necessitamos considerar as particularidades de cada contexto, de cada praga, de cada cultura agrícola”.

Representando o setor produtivo, Danilo Pedrazzoli, da Koppert, afirma que o modelo ideal de empregar controle biológico deve unir academia e o mercado, considerando a mediação da indústria. “O processo de industrialização oportuniza escala e formulação às soluções oferecidas pela academia, aumentamos a chance de sucesso dos produtos e aprimoramos as tecnologias desenvolvidas pelos cientistas”.

Documento – Na segunda parte do evento, na terça-feira, dia 12/03, os participantes foram distribuídos em grupos de discussão e responderam, coletivamente, a questões que lhes foram apresentadas no início dos trabalhos. Reunidos em grupos, representantes de todos os elos do setor participaram coletivamente da elaboração de um documento que dialoga com a sociedade.

“Nesse documento, trazemos recomendações estratégicas para o campo da Proteção de Plantas e utilização do controle biológico. Agora, caberá à Cátedra Luiz de Queiroz a divulgação desse documento, na forma de um e-book, visando especialmente os responsáveis pelas políticas públicas, a academia, ONGs e pequenos, médios e grandes produtores e também a imprensa e setores da mídia”, finalizou Evaldo Vilela.

CLIQUE AQUI E CONFIRA MAIS FOTOS

Texto: Caio Albuquerque (14/3/2024)