Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de abril

Versão para impressãoEnviar por email
Sistema TEMPOCAMPO
Editoria: 

Volume de chuva na região Norte superou 240 mm no período

 

O Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) registou, no mês de abril de 2023, volumes de chuva superiores a 240 mm em quase toda a Região Norte, no Maranhão, na região central do Piauí, no noroeste do Ceará. Volumes um pouco menores, mas ainda superiores a 150 mm foram registrados no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Bahia e Sergipe receberam chuvas que variaram de 30 a 60 mm na maior parte de seu território. Minas Gerais e Mato Grosso receberam volumes que variaram, predominantemente, de 60 a 120 mm. Em Goiás foras registrados volumes menores, de no máximo 90 mm. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, as chuvas ficaram entre 90 e 120 mm. Volumes mais abundantes, de até 150 mm, foram registrados no sul do Mato Grosso do Sul. A Região Sul foi a que mais recebeu chuvas depois da Região Norte. Em Santa Catarina e no Paraná, observaram-se acumulados superiores a 180 mm na maioria do território. No centro-sul do Rio Grande do Sul, foram registradas chuvas de 150 a 180 mm. Em algumas áreas como no norte do Rio Grande do Sul e sul do Paraná as chuvas foram mais escassas.

Os menores valores de armazenamento de água no solo, inferiores a 15%, foram registrados no estado da Bahia. Em grandes áreas de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Sergipe, Goiás e principalmente no nordeste de Minas Gerais, o armazenamento variou entre 15 e 30%. Nas demais áreas de Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e na maior parte do Mato Grosso, o armazenamento manteve-se, predominantemente, entre 30 e 45%. No Mato Grosso do Sul, em São Paulo e nos estados da Região Sul, os valores de armazenamento permaneceram entre 45% e 60%, alcançando até 75% em algumas áreas. Vale destacar o baixo armazenamento registrado no sul do Paraná. Na Região Norte, com exceção de Roraima, Amapá e Tocantins, e em alguns estados da Região Nordeste, como Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte, o armazenamento de água no solo superou 75%.

Temperatura - Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, as máximas variaram, predominantemente, de 29 a 31°C. Em Minas Gerais e São Paulo, prevaleceram máximas de 25 a 27°C. Mas em algumas áreas no noroeste e sudeste de São Paulo, nordeste de Minas Gerais, Triângulo Mineiro, assim como nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, as máximas chegaram a 29°C. As máximas também ficaram entre 25 e 27°C na maior parte do Paraná. Máximas menores do que 25°C foram observadas do sul do Paraná ao sul do Rio Grande do Sul.

As menores temperaturas do país, inferiores a 17°C, foram registradas da região centro-sul do Paraná ao sul do Rio Grande do Sul, em grande parte do sul de Minas Gerais e no nordeste de São Paulo. No norte do Paraná e no restante da Região Sudeste, as mínimas variaram de 17 a 19°C. Na Região Centro-Oeste e na Bahia, as mínimas mantiveram-se entre 19 e 21°C. Nos demais estados da Região Nordeste e na Região Norte, com exceção do Amazonas, onde as mínimas ficaram entre 23 e 25°C, foram registradas temperaturas mínimas na faixa de 21 a 23°C.

Tempo e agricultura brasileira

Apesar da retração da área nacional cultivada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta um incremento de produção de 8,8% para a primeira safra de milho. No Paraná, a colheita se aproxima do fim, já tendo sido concluída em 87% da área total estimada de milho de primeira safra, e a expectativa é de que sejam colhidas 3,8 milhões de toneladas, mantendo-se a projeção inicial. Apesar disso, é importante destacar que a colheita do milho de primeira safra está atrasada no Paraná. Sobretudo na região sul do Estado, os produtores priorizaram a colheita da soja, e as empresas e cooperativas, o recebimento da oleaginosa. A colheita do milho ganhou força novamente na segunda semana de abril, mas logo as chuvas impuseram uma redução do ritmo das operações de campo. Tem-se registrado baixas produtividades nas lavouras mais tardias, que contrastam com as produtividades elevadas obtidas ao longo da colheita. Segundo o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), 82% das áreas destinadas ao cultivo de milho de primeira safra, no Rio Grande do Sul, já foram colhidas. Entretanto, não houve avanço significativo das operações de campo ao longo do mês de abril, a colheita permaneceu praticamente paralisada nas últimas semanas. Assim como no Paraná, as unidades de armazenamento e comercialização de grãos priorizaram o recebimento da soja, dessa forma, pequenos avanços na colheita do milho só foram registrados em áreas onde a oleaginosa não foi cultivada. A produtividade atual do milho de primeira safra do Rio Grande do Sul é de 74,5 sc/ha, valor 40% menor do que o apresentado no início da safra. Essa quebra de produtividade deve-se, principalmente, ao longo período de déficit hídrico que afetou grande parte das áreas produtoras do Estado durante o desenvolvimento da cultura. As baixas temperaturas registradas no final de abril, também desfavoreceram as lavouras tardias do Rio Grande do Sul, sobretudo aquelas que ainda se encontravam nas fases de florescimento e de enchimento de grãos, em que temperaturas mais elevadas e radiação solar mais intensa são necessárias para a manutenção do potencial produtivo. O frio ainda poderá acarretar no alongamento do ciclo produtivo das lavouras remanescentes. Em Santa Catarina, os impactos negativos da falta de chuvas durante a safra foram observados, principalmente, nas áreas produtoras próximas ao Rio Uruguai, no oeste do Estado. Cerca de 85% das lavouras de milho de primeira safra catarinenses já foram colhidas. Em São Paulo, em Minas Gerais e na Bahia, 99, 70 e 54% das áreas projetadas, respectivamente, foram colhidas.

Semeadura - A semeadura da segunda safra de milho 2022/23 foi concluída. A Conab aponta um aumento da área nacional cultivada e projeta uma produção 11% maior do que a da segunda safra anterior. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a semeadura do milho de segunda safra foi finalizada, em Mato Grosso, na primeira semana de abril. As primeiras lavouras implantadas já estão na fase de maturação e as demais encontram-se, predominantemente, na fase de florescimento. A regularidade das chuvas tem proporcionado um bom desenvolvimento das lavouras no Estado, inclusive nas áreas onde a semeadura foi realizada fora da janela ideal. O IMEA projeta uma área de 7,42 milhões de hectares cultivados, com produtividade de 104,29 sc/ha, e uma produção de 46,41 milhões de toneladas para a safra 2022/23, valor 5,87% maior do que o obtido na safra anterior. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho (APROSOJA), a semeadura das áreas destinadas ao cultivo do milho de segunda safra, em Mato Grosso do Sul, foi concluída no final da terceira semana de abril. As operações de semeadura foram concluídas com um atraso de três semanas em relação à safra anterior, devido ao atraso na colheita da soja ocasionado pelo excesso de chuvas no Estado e pela alta umidade do solo, que dificultou o tráfego das máquinas nas lavouras durante a colheita da oleaginosa. No primeiro decêndio de abril, o excesso de nebulosidade diminuiu a disponibilidade de radiação solar, mas de forma geral, as condições climáticas foram consideradas favoráveis para o desenvolvimento das lavouras no Mato Grosso do Sul durante o mês de abril, mantendo-se níveis satisfatórios de umidade do solo. A APROSOJA projeta para o Mato Grosso do Sul uma área de 2,33 milhões de hectares cultivados, uma produtividade de 80,33 sc/ha, e uma produção de 11,21 milhões de toneladas na safra de 2022/23. No entanto, os produtores sul-mato-grossenses devem se manter atentos, uma vez que 54% das lavouras de milho do Estado foram semeadas fora da janela ideal, aumentando os riscos de serem acometidas por estiagens, geadas e até mesmo queda de granizo. No Paraná, as condições climáticas registradas em abril, com chuvas regulares na maior parte do Estado, também foram benéficas para as lavouras de milho de segunda safra. Segundo o DERAL, cerca de 95% das lavouras paranaenses desenvolvem-se sob boas condições e 5% sob condições intermediárias. Técnicos atuantes nas regiões noroeste e centro-oeste do Paraná alertaram sobre a possibilidades de perdas de produtividade em lavouras implantadas de forma mais precoce e que encararam um período de escassez hídrica mais severa durante o mês de março. Em Minas Gerais, a maior parte das áreas produtoras tem sido favorecida pelo clima, com exceção de uma pequena parcela no noroeste do Estado que foi semeada fora da janela ideal e já passou por um período de déficit hídrico no primeiro decêndio de abril. Nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, as lavouras de milho estão, predominantemente, em bom estado.

As operações de colheita da soja foram concluídas em cerca de 90% do território nacional. Segundo o IMEA, a colheita da soja, em Mato Grosso, foi finalizada na metade do mês de abril com ótimas produtividades alcançadas. A produtividade média no Estado foi de 61,61 sc/ha, um recorde na série histórica do Instituto. O desempenho obtido na safra de soja mato-grossense deve-se, principalmente, às chuvas registradas em dezembro de 2022, que foram fundamentais para atenuar os efeitos do estresse hídrico registrado em algumas áreas do Estado no mês de novembro, à regularidade das chuvas durante o restante da safra e à alta incidência de radiação solar, que por sua vez contribuíram para o desenvolvimento do potencial produtivo das lavouras. De acordo com APROSOJA/MS, todas as lavouras de soja sul-mato-grossenses também já foram colhidas com boas produtividades obtidas. Em geral, as chuvas bem distribuídas ao longo da safra favoreceram a maior parte das áreas produtoras do Estado, sustentando a produtividade estimada de 58 sc/ha, valor acima do potencial produtivo das últimas cinco safras do Estado. Em algumas áreas pontuais, observou-se queda da qualidade dos grãos colhidos ocasionada pelo excesso de chuvas e temperaturas elevadas no final do ciclo (R8), tais condições favoreceram a ocorrência de microrganismos que promovem a fermentação dos cotilédones da soja. Em Goiás, a redução das chuvas possibilitou a conclusão das operações de colheita. Produtividades insatisfatórias foram registradas na região norte de Goiás e, nas demais áreas produtoras do Estado, as produtividades alcançadas permaneceram dentro do esperado. O tempo seco registrado em abril favoreceu o tráfego de máquinas no campo, permitindo, assim, um grande avanço das operações de colheita no Paraná. Cerca de 94% das lavouras de soja paranaenses já foram colhidas. Das lavouras de soja do Estado que ainda não foram colhidas, 96% estão em maturação e 4% em frutificação. As condições climáticas registradas no decorrer da safra mostraram-se favoráveis para a cultura, produtividades acima do esperado têm sido obtidas em quase todo o Estado. O DERAL aponta que a safra de soja deverá ser de 22,4 milhões de toneladas, consolidando-se como a maior safra já produzida pelo Estado do Paraná. Houve um incremente de 190 mil toneladas em relação a projeção divulgada no mês de março. A área semeada também é recorde, totalizando 5,77 milhões de hectares. A má distribuição de chuvas no decorrer da safra, resultou em grande desuniformidade entre as lavouras de soja no Rio Grande do Sul. As produtividades registradas têm sido altamente variáveis, a média é de aproximadamente 16,7 sc/ha na região administrativa da EMATER/RS-Ascar de Santa Rosa, e de aproximadamente 56,7 sc/ha na região de Caxias do Sul. A média estadual é de cerca de 36,3 sc/ha até o momento, com possibilidade de queda. As condições do tempo registradas na maior parte de abril foram apropriadas à colheita, com pouca chuva, baixa umidade relativa do ar e alta incidência de radiação. Estima-se que 70% dos cultivos já tenham sido colhidos. As lavouras em maturação totalizam 25% e as que estão em enchimento de grãos, 5%. Segundo a EMATER, a estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul durante os meses de verão provocou perdas superiores a 30% no potencial produtivo da soja. Além da redução na produção, também há problemas na qualidade dos grãos colhidos, muitos apresentam maturação forçada, sem o desenvolvimento apropriado. Parte dos grãos está malformada, pequena e com baixo peso, reduzindo a rentabilidade das lavouras. Perdas na colheita também têm sido significativas no Rio Grande do Sul, isso ocorre devido a menor altura das plantas e de inserção das vagens, que impedem que as plataformas de colheita trabalhem de forma eficiente. No MATOPIBA a colheita da soja avança para a fase final, confirmando boas produtividades apesar de as chuvas terem atrasado as operações de campo em algumas áreas produtoras.

Algodão - A primeira safra de algodão está em progresso, e apesar do atraso em relação à anterior, a semeadura já foi concluída em todas as regiões produtoras do Brasil. Embora menos de 60% das áreas produtoras do Mato Grosso tenham sido semeadas dentro da janela ideal, as condições climáticas contribuíram, até o momento, para um bom desenvolvimento da cultura. As chuvas registradas no Estado têm mantido níveis satisfatórios de umidade do solo. Segundo o IMEA, há perspectiva de aumento de produtividade e projeta-se a produção de 4,82 milhões de toneladas de algodão em caroço e de 2,01 milhões de toneladas de pluma, valores 10,04% e 10,61% maiores do que os registrados na safra passada. No Mato Grosso do Sul e em Goiás, a diminuição da frequência de chuvas e a maior ocorrência de dias ensolarados têm favorecido a realização das operações de manejo, consequentemente, suas lavouras estão em boas condições fitossanitárias e de desenvolvimento. As lavouras de algodão irrigadas da Bahia também apresentam desenvolvimento satisfatório, entretanto, as lavouras de sequeiro da região centro-sul do Estado foram afetadas pela deficiência hídrica, o que levou a antecipação da colheita nessas áreas. Nos estados de Minas Gerais, Piauí e Maranhão, as lavouras também apresentam bom desenvolvimento e sanidade. Segundo a Conab, apenas 1,2% das lavouras brasileiras de algodão estão na fase vegetativa, 6,9% na fase de florescimento, 83,4% estão na fase de formação de maçãs e 8,5% na fase de maturação, indicando que em breve as operações de colheita deverão se intensificar.

Houve um avanço significativo na colheita do arroz no Rio Grande do Sul. A finalização de ciclo em grande parte das áreas de cultivo e as condições de tempo favoráveis, com períodos secos intercalados com chuvas, permitiram maior velocidade nas operações de colheita, que foram concluídas em 95% da área projetada para o Estado. As lavouras colhidas na primeira quinzena de abril não sofreram com déficit hídrico e tiveram produtividades muito boas, alcançando, nesse período, até 200 sc/ha. Já as lavouras colhidas na segunda quinzena de abril, foram afetadas por um número menor de horas de insolação e, em alguns casos, por restrições hídricas associadas a limitações na irrigação, tendo sua produtividade média reduzida. A safra teve influência, pela terceira vez consecutiva, do fenômeno climático La Niña, que reduz a frequência e o volume de chuvas no Rio Grande do Sul. A metade oeste do Estado, que inclui as regiões orizícolas Central, Campanha e Fronteira Oeste, foi a mais atingida. De maneira geral, a produtividade estimada para a safra 2022/23 permanece satisfatória, cerca de 155 sc/ha. As perdas causadas por déficit hídrico são de, aproximadamente, 5,86%. Em Santa Catarina, mais de 90% da área semeada foi colhida e 9,5% das lavouras estão em fase de maturação. Os valores de produtividade obtidos têm variado de acordo com a irrigação realizada durante o ciclo produtivo. As operações de colheita avançam de forma mais rápida nas regiões sul e norte do Estado. Em Mato Grosso, a colheita já foi finalizada em cerca de 64,4% das áreas projetadas. As lavouras mato-grossenses desenvolvem-se sob condições climáticas favoráveis, que têm resultado em altas produtividades. No Maranhão, as lavouras de sequeiro encontram-se em boas condições. A colheita tem avançado lentamente por conta do excesso de chuvas nas regiões da Baixada Maranhense e do Médio Mearim. Em Goiás, 97% da área semeada já foi colhida.

A segunda safra de feijão também avança. O feijão de segunda safra está se desenvolvendo bem no Paraná. Até o momento, as condições climáticas são favoráveis para a cultura. Cerca de 13% das lavouras estão em maturação e devem ser colhidas nos próximos dias. O último levantamento feito pelo DERAL aponta que 90% das lavouras de feijão paranaenses estão em boas condições e 10% em situação média. No entanto, os produtores continuam apreensivos com as condições futuras, visto que grande parte da área cultivada ainda está suscetível às baixas temperaturas e geadas. Em Santa Catarina, a colheita já está em andamento e as lavouras estão, em sua maioria, na fase reprodutiva. As condições climáticas continuam favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, com volumes de chuva suficientes para atender a demanda hídrica da cultura. Em Minas Gerais, as lavouras, que se encontram em diversos estágios fenológicos, também apresentam boas condições de desenvolvimento. Na Bahia, as lavouras de feijão cores, predominantemente irrigadas, já foram completamente semeadas e desenvolvem-se sem limitações. As lavouras baianas de feijão caupi, predominantemente de sequeiro, desenvolvem-se de forma mais heterogênea.

Caio Albuquerque, com informações do Sistema TEMPOCAMPO 2/5/2023

Sistema TEMPOCAMPO