Esalq lança o projeto Siflor Cerrado

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Reunião de lançamento ocorreu na Esalq (crédito: Fabio Torrezan)

Para contornar as restrições climáticas e potencializar a produtividade no cerrado brasileiro, o projeto Siflor Cerrado nasce para recomendar ao produtor espécies florestais e clones para o cultivo do componente florestal em sistemas de monocultivo e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

O lançamento da plataforma ocorreu na tarde desta quarta-feira, 16/3, em Piracicaba (SP), na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), uma das instituições coordenadores do projeto.

“O Siflor Cerrado identifica espécies arbóreas segundo a aptidão da propriedade. Isso agiliza o trabalho do produtor, que pode potencializar a produtividade na sua área”, comenta Luciana Duque Silva, docente do departamento de Ciências Florestais da Esalq, coordenadora do projeto.

Para Fabiana Villa Alves, Diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Siflor Cerrado cumpre a missão de levar informação consolidada ao produtor. “Essa tecnologia garante sustentabilidade econômica e ambiental ao produtor baseada em ciência. Trata-se de uma parceria com diferentes entidades públicas e privadas que dá ao usuário a oportunidade de tomar decisões acertadas”.

Sidney Medeiros, auditor fiscal federal agropecuário do MAPA, considera a relevância da parceria em prol do produtor rural. “A Esalq e seus parceiros propiciaram essa ferramenta que dará segurança aos produtores na adoção de tecnologias voltadas às culturas florestais. É uma entrega importante e estratégica para produtores e técnicos, que reuniu vários atores para o bem comum do produtor rural brasileiro”.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) é uma das instituições envolvidas no projeto e para o professor Sênior Antonio Higa, que atuou com um projeto modelo no início do século, é importante que essas tecnologias continuem evoluindo e ajude de fato o produtor. “Apesar de falarmos em Agricultura 4.0, um dos grandes problemas que ainda persiste para o produtor é saber o que ele deve plantar na sua propriedade. É muito importante saber que essa ideia continua evoluindo e hoje conseguimos chegar nesse aplicativo de fácil acesso ao produtor”.

Tecnologia – O projeto está formado como aplicativo gratuito que pode ser acessado por computador ou dispositivos móveis e traz a recomendação de espécies florestais e clones. Traz ainda dados biofísicos que auxiliam no planejamento da implantação do componente florestal. Todas essas informações estão disponíveis por geolocalização, para produtores rurais e profissionais ligados à cadeia de florestas comerciais.

Todo o desenvolvimento tecnológico do Siflor Cerrado tem base no ICMC/USP. A professora Simone do Rocio Senger de Souza integrou a equipe de docentes da unidade da USP em São Carlos responsável pelo desenvolvimento do aplicativo. “Recebemos o convite da professora Luciana Duque, que estava desenvolvendo a pesquisa e precisava do desenvolvimento do software. Aceitamos a proposta, foi bem desafiador e ao mesmo tempo interessante o fato do projeto ser interdisciplinar e integrar conhecimentos em uma área que se destina à sociedade”.

A equipe de desenvolvedores contou com são egressos do curso de Computação do ICMC colocaram sua expertise a favor do projeto. Uma das empresas envolvidas no desenvolvimento foi a Triângulos Tecnologia. O desenvolvedor de produtos Cristiano Santos contou sobre a sua participação. “Nosso trabalho foi desenvolver o produto e entender o problema da área de pesquisa envolvida no projeto para atender o público final. A partir daí pensamos em uma solução agradável e de fácil utilização”.

Rafael Lang, desenvolvedor da Langtech, participou na integração dos mapas com as recomendações ao produtor. “Fizemos os sistemas que disponibilizam a informação ao usuário de maneira que ele possa ter a real noção do que ocorre na sua propriedade. É nosso primeiro projeto com sistemas georreferenciados ligados à agricultura e foi motivador desenvolver tecnologias junto com a academia, que estão agora disponíveis para a sociedade”.

O ICMC esteve representado na inauguração do Siflor Cerrado também pelo professor Paulo Sérgio Lopes de Souza. “Para o ICMC é importante a participação em um projeto como este. Conseguimos unir atividades de ensino, pesquisa e extensão em torno de uma ideia de suma relevância para o Brasil”

Além do aplicativo, o Siflor Cerrado chega ao produtor na forma de livros e capacitação. “Disponibilizamos também duas publicações que podem ser obtidas gratuitamente, que trazem o embasamento teórico, a metodologia e o trabalho de campo e, ainda este ano, oferecemos treinamentos on-line de capacitação para interessados no projeto”, complementa a professora Luciana Duque Silva.

Espécies – As recomendações elencadas no aplicativo são baseadas em prospecções de campo. Estão amostradas cerca de 1.800 parcelas em propriedades rurais localizadas no Bioma Cerrado, nestas foram avaliadas quantitativamente e qualitativamente 88 espécies florestais e clones, de Eucalipto, Pinus, Cedro australiano, Mogno africano e Teca.

Stanley Oliveira é chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, comentou sobre a parceria envolvendo as instituições de ensino e pesquisa. “Nos sentimos honrados de participar de um projeto dessa magnitude junto com instituições tão importantes. O software coroa uma metodologia que está por trás e isso é a agricultura movida à base de Ciência. É disso que o Brasil precisa, de tecnologias que beneficiarão muitos brasileiros”.

O diretor da Esalq, Durval Dourado Neto, destaca que o projeto atende uma demanda importante da sociedade. “Trata-se de um bom exemplo de extensão universitária, que utiliza o conhecimento científico como base para subsidiar ações no campo. Esse projeto responde à pergunta de quais as melhores espécies para viabilizar o sistema conhecido como Integração Lavoura Pecuária Floresta”. Segundo Durval, precisamos melhorar nossos sistemas de produção. “É necessário melhorar nossa produtividade, sem aumentar a área cultivada, e esse sistema atende quase 180 milhões de hectares no Brasil e pode utilizar espécies que tem utilidade econômica para viabilizar a atividade, principalmente para os produtores de carne e de leite”.

Equipe – A iniciativa tem realização da Esalq/USP, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integra o Plano ABC - Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com apoio da Embrapa Agricultura Digital. A estrutura digital envolveu profissionais da Langtech e Triângulos Tecnologia.

Saiba mais em www.siflorcerrado.com.br/ .

Acesse os livros: Livro - Siflor Cerrado Vol. I | Livro - Siflor Cerrado Vol. II

Ouça o podcast Estação Esalq e acompanhe a entrevista com a professora Luciana Duque Silva, uma das coordenadoras do Siflor Cerrado.

Texto: Caio Albuquerque (16/03/2022)