O mês de fevereiro foi marcado foi marcado pelo contraste no volume de chuvas entre as regiões agrícolas do País. Na Região Norte, com exceção de Roraima, o total de chuvas superou 240 mm.Nos estados da Região Nordeste foram acumulados até 60 mm, com exceção do Maranhão, Piauí e partes da Bahia, que alcançaram até 240 mm ao longo do mês. Nos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o total de chuvas ultrapassou 240 mm. No Mato Grosso do Sul, em São Paulo e nos estados da Região Sul, o total de chuvas variou, predominantemente, entre 30 mm e 90 mm, e superou 120 mm em poucas áreas no Noroeste e no leste paranaenses, no pantanal sul mato-grossense, e nas regiões de São José do Rio Preto, Bauru e Taubaté, em São Paulo.
Devido ao maior volume de chuvas, a Região Norte apresentou valores de armazenamento de água no solo superiores a 90%. Armazenamento hídrico superior a 90% também foi registrado nos estados de Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os menores valores de armazenamento de água no solo do país, de no máximo 15%, foram registrados nas regiões Sul e Nordeste, no Mato Grosso do Sul e no Amapá.
TEMPERATURAS
Na Região Norte, prevaleceram máximas entre 27°C e 29°C. No Mato Grosso e em Goiás as máximas também ficaram entre 27°C e 29°C, já no Mato Grosso do Sul as máximas superaram 33°C. Nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, as máximas também ultrapassaram os 33°C. No restante da Região Nordeste predominaram máximas entre 27°C e 31°C. Em Minas Gerais e no Distrito Federal, as máximas variaram, predominantemente, entre 25°C e 27°C. Com exceção do leste de Santa Catarina e do leste do Paraná, onde as máximas ficaram entre 25°C e 29°C, a Região Sul apresentou máximas superiores a 29°C. Nas regiões noroeste e oeste do Paraná e oeste do Rio Grande do Sul as máximas ultrapassaram os 33°C.
As menores temperaturas ocorreram nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com valores entre 16°C e 19°C. Nos demais estados das regiões Sudeste e Sul, as mínimas ficaram entre 19°C e 23°C. Nas regiões Norte e Nordeste, as temperaturas mínimas ficaram entre 21°C e 25°C, com exceção de partes da Bahia, onde as mínimas foram de 16°C a 21°C, e de regiões isoladas no Pará e no litoral nordestino, onde as mínimas superaram 25°C. No Mato Grosso e na maior parte do Mato Grosso do Sul, as mínimas ficaram entre 21°C e 23°C e em Goiás, entre 19°C e 21°C. No oeste do Mato Grosso do Sul as mínimas superaram 23°C.
TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA
A colheita da soja avançou nas áreas produtoras do Centro-Oeste. Mais de 80% das lavouras do Mato Grosso foram colhidas até a última semana de fevereiro e, apesar das chuvas intensas que atingiram o Estado, sobretudo na última quinzena do mês, o ritmo das operações de campo não foi gravemente afetado e a qualidade dos grãos colhidos foi preservada. Metade das lavouras do Mato Grosso do Sul já foram colhidas, mas sua produtividade foi prejudicada pelo estresse hídrico que acometeu grande parte das áreas produtoras em fases críticas do ciclo da cultura, como florescimento e enchimento de grãos. Em Goiás, as chuvas da primeira quinzena do mês desaceleraram o ritmo das operações de campo, mas nas últimas semanas as condições meteorológicas mantiveram-se favoráveis, possibilitando o avanço da colheita. Cerca de 55% das lavouras de Goiás já foram colhidas.
No geral, as condições meteorológicas mantiveram-se favoráveis para as lavouras do Matopiba, com exceção de pontos isolados da Bahia e do Tocantins afetados pelo excesso de chuvas. A colheita avança lentamente na Bahia, no Piauí e no Maranhão, mas já foi concluída em cerca de 60% das áreas do Tocantins. A Região Sul continuou sendo desfavorecida pelas condições meteorológicas durante o mês de fevereiro. O baixo volume de chuvas e as elevadas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento e reduziram o potencial produtivo das lavouras do Paraná. A colheita precisou ser antecipada em decorrência do adiantamento do ciclo causado pelo estresse hídrico e já foi finalizada em cerca de 30% das lavouras paranaenses. No Rio Grande do Sul a seca também persistiu, ocasionando danos irreversíveis para as lavouras de soja do Estado. Em decorrência do adiantamento do ciclo da cultura, a colheita teve que ser antecipada. Baixas produtividades e grãos de baixa qualidade tem sido obtidos.
A semeadura da primeira safra de milho foi praticamente concluída no início de fevereiro. As condições meteorológicas beneficiaram a maioria das lavouras em desenvolvimento no Matopiba, que se encontram, predominantemente, em bom estado. Perdas por déficit hídrico foram registradas apenas em áreas pontuais no Centro-Norte da Bahia. Em Goiás e em Minas Gerais as condições meteorológicas foram favoráveis e as lavouras encontram-se em boas condições.
A restrição hídrica e as elevadas temperaturas prejudicaram, irreversivelmente, o potencial produtivo das lavouras de milho de primeira safra da Região Sul. Mais de 57% das lavouras do Rio Grande do Sul já foram colhidas, e o rendimento das lavouras não tem atingido sequer 50% do potencial inicial previsto. No Paraná, o encurtamento do ciclo do milho, ocasionado pela escassez hídrica, também antecipou a colheita, que já foi concluída em quase 40% das áreas. Cerca de 60% das lavouras de milho de primeira safra paranaenses encontram-se em condições ruins ou regulares. Condição semelhante à do Paraná foi registrada em Santa Catarina, onde cerca de 70% da colheita já foi finalizada. O cenário que se configura na Região Sul traz prejuízo econômico para os produtores de milho e problemas de abastecimento para os pecuaristas de corte e de leite.
A semeadura do milho de segunda safra avança na Região Centro-Oeste seguindo o ritmo de colheita da soja. Cerca de 82%, 50% e 45% da semeadura foram concluídos no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, respectivamente. O ritmo das operações de campo foi afetado no Mato Grosso pelo excesso de chuvas. No Mato Grosso do Sul, a semeadura foi atrasada pela falta de chuva. No Paraná, o clima tem contribuído para os trabalhos de semeadura da safrinha, com poucos relatos de replantio. Mais de 35% da área paranaense destinada a segunda safra de milho já foram semeados e a maioria das lavouras em desenvolvimento encontram-se em boas condições. Em Minas Gerais e São Paulo, o ritmo de semeadura segue lento. No Matopiba, destaca-se o Tocantins, que já teve 70% de sua área semeada.
Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul seguem preocupados com o baixo volume de chuvas, insuficiente para reabastecer os reservatórios que permanecem com níveis críticos, limitando a irrigação especialmente na fronteira Oeste do Estado, onde perdas significativas são registradas. Cerca de 8% das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul já foram colhidos. Em Santa Catarina, 55% das lavouras já foram colhidas e rendimentos satisfatórios têm sido obtidos. Em outras regiões do país, o excesso de chuvas afetou as operações de campo nos arrozais de terras altas, desacelerando o ritmo de colheita no Tocantins e interrompendo a semeadura em Goiás. A colheita já foi concluída em 60% e 18% das áreas produtoras de Goiás e Tocantins, respectivamente.
Cerca de 97% das áreas destinadas ao cultivo de feijão no Paraná foram colhidas até o final de fevereiro. As lavouras de sequeiro paranaenses sofreram as consequências do déficit hídrico, baixa qualidade de grãos e rendimentos abaixo do esperado foram confirmados. Em Santa Catarina, a colheita do feijão preto foi finalizada e o feijão cores já foi 20% colhido. Em Goiás, a colheita foi concluída e as condições meteorológicas favoráveis durante o ciclo da cultura asseguraram bons rendimentos, sobretudo nas regiões Leste e Norte do Estado. Em Minas Gerais, a colheita foi 96% concluída e os elevados volumes de chuva em algumas áreas produtoras durante a fase de maturação ocasionou queda na qualidade dos grãos. Na Bahia, a colheita segue em ritmo lento e, ao contrário da Região Sul, o excesso de chuvas tem sido um problema para áreas da região Centro-Sul do Estado, provocando perdas pontuais e forçando o replantio de algumas lavouras. Ataques pontuais de mosca branca também foram reportados no Extremo-Oeste da Bahia.
Cerca de 100% do algodão brasileiro foram semeados até o final de fevereiro. Nos estados da Região Centro-Oeste o manejo fitossanitário tem sido realizado sistematicamente para assegurar a qualidade das lavouras. No Mato Grosso, as condições meteorológicas foram favoráveis para a conclusão da semeadura da segunda safra e para o desenvolvimento do algodão de primeira safra, que encerrou o mês em fase de formação de maçãs. Em Goiás, metade das lavouras já atingiram a fase de florescimento. No Matopiba e na Região Sudeste, as lavouras encontram-se, majoritariamente, em boas condições.
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Texto: Gabriel Perin Estagiário de Comunicação/Revisão: Caio Albuquerque Mtb 30356| 08/03/2022