O mês de maio foi marcado pela redução do volume de chuvas em algumas regiões agrícolas do país. Em São Paulo e no Rio de Janeiro foram registrados, predominantemente, valores no intervalo de 30 a 60 mm. Na maior parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo o acumulado não passou de 30 mm. Volumes inferiores a 30 mm também predominaram no Centro-Oeste, com exceção do Mato Grosso do Sul e do noroeste do Mato Grosso, onde os volumes oscilaram entre 30 e 60 mm. As regiões Norte, Nordeste e Sul, receberam um maior volume de chuvas, que alcançou 240 mm em algumas áreas.
O volume de chuvas não foi suficiente para atender às altas taxas de evapotranspiração em grande parte do Brasil, resultando em restrição hídrica e níveis críticos de umidade do solo, sobretudo nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde o armazenamento hídrico foi, majoritariamente, inferior a 15%. Na Bahia e no Piauí, o armazenamento hídrico variou, principalmente, entre 15 e 30%. Nos demais estados da Região Nordeste o armazenamento variou de 30 a 75%. Na Região Sul, com exceção do Paraná, onde o armazenamento hídrico máximo foi de 30%, foram registrados valores entre 30 e 60%. Na Região Norte, o armazenamento hídrico foi maior, variando entre 75 e 90%, com exceção dos estados do Tocantins e de Rondônia, onde o armazenamento variou de 15 a 45%.
Na Região Sudeste as temperaturas máximas foram inferiores a 25°C, podendo atingir valores entre 25 e 29°C em algumas áreas. Nas regiões Norte e Centro-Oeste as temperaturas máximas variaram entre 27 e 31°C. Na Região Sul, as máximas foram inferiores a 25°C. Na Região Nordeste as temperaturas máximas variaram de 25 a 31°C. Nas regiões Norte e Nordeste foram registrados os maiores valores de temperatura mínima, que oscilaram entre 19 e 23°C. Nas regiões Sudeste e Sul predominaram temperaturas mínimas inferiores a 16°C. No Centro-Oeste as mínimas variaram entre 16 e 19°C.
Tempo e Agricultura Brasileira
A falta de chuva tem prejudicado a produtividade das lavouras de milho safrinha do país, que ficaram expostas a um maior risco climático devido ao atraso na semeadura. Em Goiás, o cenário incerto, devido à irregularidade de chuvas, preocupa muitos produtores, que já pensam em utilizar o milho como silagem caso este não atinja o potencial produtivo desejado para comercialização, visando assim, cobrir uma parcela dos custos de produção. A baixa umidade também ameaça a produtividade nas lavouras de milho do Mato Grosso, onde as vendas do cereal foram antecipadas para amenizar custos e morosidade nas negociações. No Paraná, o volume de chuvas recebido no final de maio foi insuficiente para garantir a recuperação das lavouras de milho safrinha e impedir a perda de produtividade. Parte das lavouras do norte paranaense já não possuem recuperação e as perdas de produtividade devem ser drásticas.
Além de ter causado perdas irreversíveis no rendimento das áreas de milho safrinha, a falta de chuva afetou também o fornecimento de água para a suinocultura a avicultura do Paraná, especialmente nas Regiões Norte, Oeste e Sudoeste do estado. Os produtores dessas regiões buscam amenizar os problemas ocasionados pela seca e pelo aumento dos custos de produção através da adoção de medidas como redução do período de alojamentos dos animais e abate antecipado.
Conforme esperado, a escassez de chuvas nesta época do ano diminui a disponibilidade e qualidade das pastagens, impactando na alimentação volumosa do rebanho e na produção de leite. Contudo, neste ano, a estiagem tem sido mais severa, afetando negativamente importantes centros leiteiros das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Além disso, com o impacto negativo do tempo seco na produtividade das lavouras de milho e a alta no preço do grão no mercado interno, os custos de produção de leite tem aumentado, levando os pecuaristas a buscar alternativas como o triticale para a produção de ração.
A escassez de chuva comprometeu a produtividade dos canaviais na Região Centro-Sul, o que pode resultar na quebra da safra 2021/22. Além das condições climáticas desfavoráveis, o aumento no preço dos insumos também preocupa os produtores de cana-de-açúcar, que sofrem com a queda de produtividade dos canaviais e com aumento dos custos de produção. O tempo, que permanece seco desde a segunda quinzena de fevereiro, vem reforçado a suscetibilidade dos canaviais em desenvolvimento aos riscos climáticos. A falta de chuva é um grande problema principalmente nas regiões produtoras de Goiás, Minas Gerais e Oeste de São Paulo, onde os canaviais colhidos no início da safra já foram prejudicados. Perdas também são projetadas para os canaviais que devem ser colhidos no meio da safra.
As temperaturas mais frias e as chuvas, mesmo em baixas quantidades, no final de maio, beneficiaram as lavouras de trigo na maior parte das regiões produtoras do país. As condições climáticas favoráveis para a cultura, aliadas ao preço atrativo desse cereal no mercado, podem resultar em um avanço acelerado da semeadura, uma vez que os trabalhos de campo seguem atrasados em relação às safras anteriores.
Os produtores de hortaliças da Região Sul relataram prejuízos na última semana de maio. A ocorrência de geadas em algumas regiões do Paraná gerou perdas nas plantações, especialmente de brócolis e couve-flor. As plantas que estavam em período de colheita perderam qualidade, e aquelas que estavam em fase de crescimento, resistiram melhor às baixas temperaturas.
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Texto: Gabriel Perin Estagiário de Comunicação/Revisão: Caio Albuquerque Mtb 30356 ,com informações do TEMPOCAMPO | 04/06/2021