O mês de abril foi marcado pelo contraste no volume de chuvas entre as regiões agrícolas do país. Destacam-se as regiões norte, nordeste e centro-oeste com volume de chuvas de até 240 mm, enquanto as regiões sul e sudeste do país tiveram chuvas abaixo dos 100 mm. No Estado de São Paulo, leste do Paraná, sul dos Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás, o volume de chuva acumulado foi inferior à 30 mm (Mapa 1).
Para o centro-sul do Brasil, o armazenamento hídrico no solo já está abaixo de 30%, com exceção do norte de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, sul do Rio de Janeiro (Mapa 2). As temperaturas máximas oscilaram em torno de 25 e 33°C no centro-sul e atingiram valores superiores à 33°C no sul do Mato Grosso. As temperaturas mínimas foram superiores na região norte e nordeste, alcançando valores no intervalo de 23 a 25 °C. Contudo, algumas partes regiões sul e sudeste do país atingiram valores de temperaturas mínima inferiores à 16°C (Mapas 3 e 4).
Tempo e agricultura brasileira
A estiagem combinada às altas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento das lavouras no sul e sudeste do Brasil. Em regiões do Paraná, onde a seca prolongada persiste desde junho de 2019, enfrenta-se a pior estiagem desde 1977. Devido à restrição hídrica prejudicando o desenvolvimento inicial do milho safrinha, houve atraso na sua semeadura e perdas de até 30% da produção, sendo o norte e oeste do estado as regiões mais prejudicadas. Já no sudoeste do Estado, as lavouras de feijão foram afetadas pela estiagem. A redução da umidade do solo ocasionada pela falta de chuva comprometeu a semeadura de trigo e pastagens de inverno no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, bem como a produção de leite nesse último estado, devido à redução das pastagens.
Para o estado de São Paulo, a falta de chuvas prejudicou o plantio de cana-de-açúcar, afetando o desenvolvimento inicial da cultura e exigiu a irrigação complementar das lavouras de laranja, uma vez que o clima quente e seco debilita a atrasa o desenvolvimento da cultura. Contudo, a falta de chuva favoreceu as operações de colheita dessas culturas, que avançou bem ao longo do mês de abril.
Em partes da região do MATOPIBA, o tempo firme colaborou para a finalização da colheita da soja e início do plantio da cana-de-açúcar na Zona da Mata. A chuva de abril, entretanto, reduziu a qualidade do algodão no oeste da Bahia e dificultou as operações de embarque de grãos no porto de Salvador.
Safra de 2020/2021 de cana-de-açúcar no centro-oeste de São Paulo
As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para a safra 2020/21 de cana-de-açúcar indicam um contraste dentre as regiões do centro-oeste paulista. O CPC (Coeficiente de Produtividade Climática do Sistema TEMPOCAMPO) indicou perdas superiores à 7% à ganhos de até 8% nas lavouras.
Para as regiões de Avaré, Botucatu e Jaú, as perdas podem chegar à 7%. Na região de Ilha Solteira, pode haver perdas de 1% a 4%. Por outro lado, em Assis, Marília e Tupã as projeções indicam ganhos de até 5%. Para as regiões em torno de Caiuá, Martinópolis e Rancharia as projeções indicam ganhos de até 8% (Mapa 5).
Mapa5
A produção projetada para a safra 2020/21 deverá ser de 118,06 milhões de toneladas, em torno de 2% maior que a safra 2019/20. Ainda, o Sistema TEMPOCAMPO projeta uma produtividade média para o centro-oeste do Estado de São Paulo de 78,9 t/ha. Com destaque para as regiões de Cafelândia e Pirajuí, na quais são esperadas produtividade maiores que 85 t/ha. Na região central, a produtividade média oscila entre 70,0 a 75,0 t/ha. Entretanto, menores produtividades são esperadas em torno das regiões de Rosana, Valparaíso e Ilha Solteira, variando no intervalo de 65,0 a 70,0 t/ha (Mapa 6). Contudo, se a estiagem se manter durante ao longo do mês de maio, a produtividade pode ser afetada, notadamente para os canaviais a serem colhidos no final da safra.
Mapa 6