O mês de janeiro foi marcado por um bom volume de chuvas em todas as regiões agrícolas do país, com chuvas intensas ocorrendo no final do mês em Minas Gerais e Espírito Santo. O volume acumulado mensal superou 240 mm no Matopiba, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo. No Rio Grande do Sul, o retorno das chuvas na última quinzena do mês foi importante, já que o estado passou por um período de estiagem de dezembro a início de janeiro e o volume acumulado deste mês ficou entre 60 e 120 mm (Mapa 1).
Como consequência, as chuvas elevaram a umidade do solo no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, oscilando de 45 e 90%. Já no norte de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e oeste baiano as chuvas não foram suficientes para aumentar a umidade do solo, que ficou entre 15 a 45%. No Nordeste os teores de água no solo ficaram abaixo de 15% (Mapa 2).
As temperaturas mantiveram-se elevadas em todo o país, com máximas superiores a 25°C. As maiores máximas foram registradas no Mato Grosso do Sul e no Nordeste, variando de 31 a 33°C. No Centro-Oeste as máximas oscilaram de 27 a 33°C, por outro lado, as mínimas ficaram entre 16 e 23°C. No sul do Paraná e regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul as mínimas variaram de 16 a 19°C (Mapa 3 e 4).
Tempo e agricultura brasileira
O bom volume de chuvas na última quinzena de janeiro favoreceu as lavouras do Rio Grande do Sul que sofreram com a estiagem prolongada de dezembro até o início de janeiro. As chuvas foram suficientes para elevar a umidade do solo em todas as regiões do estado e amenizar os efeitos do déficit hídrico sobre a cultura da soja, principalmente das lavouras que se encontram em desenvolvimento vegetativo, correspondendo a 37% da área plantada. No restante da área, estimativas apontam que 36% encontram-se atualmente em floração e 27% em fase de enchimento de grãos, nas quais espera-se perdas produtivas.
As estimativas são otimistas para a safra de algodão na Bahia. Mesmo após o período de estiagem do início da safra, o retorno das chuvas no final de janeiro favoreceu o bom desenvolvimento das lavouras e mantém o otimismo dos produtores. Para assegurar altas produtivas, contudo, é importante que regularidade das chuvas se mantenha e as tecnologias sejam devidamente aplicadas.
As chuvas intensas em Minas Gerais e regiões do Espírito Santo trouxeram danos a diversos cafezais. A ocorrência de chuvas nessa época do ano é favorável para o bom desenvolvimento das lavouras e permitiu o aumento da umidade do solo. Porém, o alto volume registrado causou danos estruturais que podem influenciar diretamente em perda de produção. Na Zona da Mata mineira, as chuvas danificaram estradas, dificultando o transporte e afetando as lavouras, com perdas estimadas em mais de 3 mil sacas de café.
O alto volume de chuvas registrado em janeiro nas principais regiões citrícolas do de São Paulo dificultaram as atividades de colheita e a comercialização de laranja e limão tahiti, além de acarretarem em queda na qualidade dos frutos. Na região de Bom Jesus da Lapa-BA, as chuvas frequentes em janeiro favoreceram a ocorrência da Sigatoka Amarela na cultura da banana.
O bom volume de chuvas em janeiro no Vale do São Francisco afetou a produção de melão, em que o excesso de chuva reduziu a qualidade das frutas e acarretando em queda dos preços. Já a produção de manga da região foi favorecida com o aumento da precipitação, que contribuiu para o enchimento e qualidade das frutas. As chuvas do final do mês atrapalharam a colheita de maçã em diversas áreas de Santa Catarina, porém, o maior volume pluviométrico pode favorecer pomares que se encontram mais atrasados, permitindo o aumento do calibre das frutas.
Safra 2019/20 de soja no sul do Brasil
O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica que as condições meteorológicas da safra 2019/20 são menos favoráveis que a safra 2018/19 em grande parte do Matopiba. Perdas de 4 a 7% são esperadas no norte do Tocantins, Maranhão e Piauí. As condições mais favoráveis devem ocorrem no oeste baiano e no sul de Tocantins, onde os ganhos devem variar de 2 a 8% (Mapa 5).
Mapa 5
O Sistema TEMPOCAMPO projeta que a produtividade a média para o Matopiba deve variar de 3,0 a 3,5 Mg ha-1, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores médias de produtividade são esperadas na Bahia, podendo superar 3,4 Mg ha-1. Já no norte do Piauí e Maranhão a produtividade média deve oscilar de 2,6 a 2,8 Mg ha-1 (Mapa 6).
Mapa 6
A produção média para a safra 2019/20 de soja no Matopiba deve variar entre 13,09 e 15,35 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista gerados pelo Sistema TEMPOCAMPO. O bom volume de chuvas em janeiro, bem como a previsão de chuvas para fevereiro, devem favorecer as lavouras que ainda se encontram em desenvolvimento.