Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de setembro

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Mapa 1 (chuva) e Armazenamento (Mapa 2) - Sietema TEMPOCAMPO
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O mês de setembro foi marcado pelo retorno das chuvas às principais zonas produtoras do Brasil. Ainda que os volumes de precipitação não tenham sido expressivos (Mapa 1) e as chuvas tenham se concentrado na última semana do mês, isso já foi suficiente para disparar a semeadura da safra 2019/20 em boa parte do Centro-Oeste.

Os maiores volumes foram registrados no sul do país, superando 180 mm nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo as chuvas ficaram entre 30 a 60 mm, com elevação da umidade do solo para teores entre 15 e 45% (Mapa 2).

As temperaturas máximas oscilaram entre 33 e 35°C no Mato Grosso, Tocantins e em grande parte do Mato Grosso do Sul e Goiás. As mínimas oscilaram de 21 a 23°C nessas regiões e ficaram abaixo de 19°C em toda região Sul do país (Mapa 3 e 4).

Perspectiva climática para a primavera no brasil

O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é um fenômeno atmosférico-oceânico de escala continental que é caracterizado por duas fases (i) a quente, denominado El Niño, ocorre devido ao aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical associada a uma mudança nos padrões de vento em escala global e (ii) a fria do fenômeno (La Niña), que é caracterizada pelo resfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. O ENOS pode afetar o clima regional e global, especialmente os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. De modo geral, no Brasil, o El Niño acarreta em maior volume de chuvas no Sul do país e secas no Nordeste, enquanto que a La Niña apresenta efeito contrário. É importante ressaltar que alguns dos impactos da La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima quando a frase fria do fenômeno ocorre.

Atualmente está caracterizado a condição de neutralidade do fenômeno ENOS, pois no mês de agosto estabeleceu-se o fim de um El Niño de fraca intensidade que se mantinha desde o início do ano. A temperatura da superfície do Oceano Pacífico está mais fria que a média e seguirá em resfriamento até meados de janeiro de 2020, com previsões indicando a condição de neutralidade para os próximos meses. Eventos de neutralidade, geralmente, são influenciados por tendências de aquecimento ou resfriamento da temperatura da superfície do Oceano Pacífico. Sendo assim, essa redução da temperatura pode acarretar em efeitos que se assemelham a La Niña, porém com expressão reduzida.

Deste modo, espera-se diferenças no regime hídrico na primavera e verão em todo o Brasil em relação ao ano passado. Para região Nordeste, onde as chuvas foram irregulares em 2019, a expectativa é de melhor distribuição nas chuvas a partir de fevereiro. Esses efeitos também são esperados para o estado do Mato Grosso.

A região Sul do país ainda sofrerá com os efeitos do El Niño no início da primavera, podendo ocorrer chuvas acima da média nos meses de setembro e outubro. Com a precipitação mais concentrada no Sul, as chuvas demorarão mais para se regularizar nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, tornando-se mais frequentes somente no decorrer de outubro.

Em relação as temperaturas, a tendência é que ondas de calor continuem ocorrendo em outubro na região Central do país, diferente da última primavera/verão que as temperaturas mais elevadas ocorreram mais tarde. Em contrapartida, para o verão 2020 é previsto a ocorrência de temperaturas mais amenas do que as registradas em 2019.

Região Norte

Para a região Norte as previsões indicam forte variabilidade espacial na distribuição das chuvas durante a primavera, onde são esperados volume acumulado abaixo da média histórica nos estados de Roraima, Amapá, no nordeste do Amazonas e na região central do Pará. Nas demais regiões, a chuva da estação deve ser ligeiramente superior à média histórica, enquanto a temperatura deve oscilar entre a média e valores um pouco acima desta.

Região Nordeste

No Nordeste as chuvas devem ficar dentro da média para a primavera para região leste, enquanto que, nos demais locais é esperado volume acumulado abaixo da média histórica. Ressalta-se que o trimestre de outubro a dezembro é o mais seco no Nordeste do país e atrelado a isso projeta-se que a temperaturas estarão mais elevadas que a média em toda a região.

Região Centro-Oeste

 Para o Centro-Oeste brasileiro, há grande probabilidade de uma safra estável ou acima da média histórica para maior parte da região. Destaca-se como exceção o estado do Goiás onde as chuvas devem ficar ligeiramente abaixo da média. Nessa região são esperadas temperaturas elevadas, superando a média histórica, principalmente no Mato Grosso do Sul e norte dos estados do Mato Grosso e Goiás.

Região Sul e Sudeste

Para a região Sul do país as chuvas serão ligeiramente superiores à média nos três estados, com a ocorrência de frentes frias, mantendo a temperatura dentro na normalidade para a primavera no oeste da região e superior nos demais locais

No Sudeste as chuvas devem permanecer pouco abaixo da média histórica em toda a primavera, como ocorreu no mês de setembro. Como exceção, no estado de São Paulo e sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro podem ocorrer maiores volumes acumulados, principalmente no mês de novembro. São esperadas temperaturas acima da média histórica para toda a região ao longo da estação.

Impactos das chuvas no início da safra de soja 2019/20

As primeiras previsões para a safra de grãos 2019/20 apontam que o atraso nas chuvas no próximo trimestre pode ter impacto significativo na janela de cultivo, com volumes pluviométricos abaixo da média histórica em grande parte das regiões produtoras para a primavera. Isso compreende toda a área que se estende do norte do Rio Grande do Sul até o sul do Pará, e do Acre até o oeste baiano. Estima-se que, de modo geral, as chuvas devem ficar em torno de 50 a 200 mm abaixo da média para essas regiões. A área plantada no país atingiu cerca de 0,9% do total até o final de setembro, diferente da safra anterior que no mesmo período havia atingido 4,9%.

No Mato Grosso, as chuvas ficaram entre 31 e 90 mm abaixo no mês de setembro. Assim, poucos municípios tiveram condições ideias para iniciar a semeadura da cultura da soja. Mesmo com o bom volume de chuvas no fim do mês os produtores se mantiveram receosos em iniciar o plantio. Os prognósticos ainda não são favoráveis para o Centro-Oeste do Brasil, com projeções indicando irregularidade na distribuição da chuva para o mês de outubro, diferentemente do que se observou na safra passada. Para novembro, contudo, espera-se que a distribuição e volume de chuvas ocorram regularmente em todas as regiões do estado, o que pode favorecer o bom desenvolvimento das lavouras.

Em Goiás, o vazio sanitário terminou em 23 de setembro, o que coincidiu com o retorno das chuvas na maior parte do Estado, após quase 4 meses de severa estiagem. Na última semana de setembro o volume de chuvas acumulado ficou em torno de 50 mm no estado. Os produtores, contudo, ainda mantem cautela para dar início a semeadura da soja, devido ao fato de previsões apontarem alta instabilidade na ocorrência das chuvas para a primavera.

Com o fim do vazio sanitário e o retorno das chuvas no final de setembro, após uma longa estiagem, a semeadura das lavouras de soja já foi iniciada no Paraná, alcançando cerca de 10% da área prevista para esta safra até o final de setembro. Neste mesmo período do ano passado, por exemplo, a semeadura da soja já atingia 29% da área total destinada a cultura, segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). Com o início da primavera, as previsões indicam que haverá a ocorrência de bons volumes de chuva em praticamente todo o estado, o que trouxe mantem o otimismo dos produtores.

Mapa 3 e Mapa 4 (Sistema TEMPOCAMPO)