Realizado nos últimos dias 5 e 6 de setembro, em Piracicaba-SP, o 29º Simpósio sobre o Manejo da Pastagem atingiu as expectativas dos organizadores de reposicionar o evento no cenário zootécnico nacional. “Ficamos muito satisfeitos. O evento foi um sucesso. Conseguimos resgatar o propósito e a razão pela qual ele foi criado, que é o de extensão e divulgação, sendo um canal de integração e unificação das informações em termos de técnicas e procedimentos tecnológicos. Trouxemos de volta o perfil de participantes desejado, que não apenas o de pesquisador”, destacou o coordenador do simpósio, o professor Sila Carneiro da Silva, do departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O evento teve o apoio da Fealq (Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz).
Dos 288 participantes que lotaram o espaço Conagro da Coplacana, 83,3% eram técnicos, profissionais ou proprietários rurais; 7,3%, pesquisadores ou professores universitários, 5,6%, estudantes de graduação e 3,8%, alunos de pós-graduação, segundo dados da organização do simpósio.
Sob a temática Da pesquisa para o sistema de produção, a programação do evento englobou assuntos atuais, que serão cada vez mais importantes para que a atividade pecuária evolua e atenda às exigências crescentes do consumidor.
Além da programação como atrativo, o coordenador do evento credita o sucesso do simpósio à mudança na forma de divulgação. “Incluímos as mídias sociais, com o impulsionamento de notícias, Whatsapp, entre outros canais que permitem esse contato mais rápido e eficiente tão demandado hoje em dia”, afirmou.
DOWNLOAD – Ao público presente no evento, foi disponibilizado um link no site do simpósio (http://smp2019.com.br) para download gratuito de todas as palestras, com slides e uma sinopse elaborada pelos palestrantes. Para acessar o material, é necessário responder um breve questionário de avaliação do evento, por essa mesma página.
Pecuária do futuro: palestrante aborda perspectivas, mudanças e soluções para garantir a sustentabilidade da atividade
CEO da Agripoint, Marcelo Pereira de Carvalho ministrou palestra durante o 29º Simpósio sobre o Manejo da Pastagem intitulada Pecuária do Futuro, apontando como as tecnologias estão influenciando os negócios, redefinindo a concorrência e trazendo novas soluções para problemas antigos. “É o caso de câmeras fotográficas que, através de algoritmos, pesam os animais, ou cercas virtuais, que podem vir a substituir as cercas convencionais”, exemplifica.
Segundo Carvalho, as tecnologias do futuro devem atuar alinhadas aos principais desafios para a pecuária, que residem na acessibilidade (custos), meio ambiente (pegada de carbono, pegada hídrica, poluição ambiental), competição com alimentação humana, saúde humana, bem-estar animal e ética.
A chamada Pecuária de Precisão, por exemplo, permite monitorar parâmetros antes impossíveis de se monitorar. “Sensores de movimento, ruminação, perfil hormonal, etc, já são ou serão comuns quando se olha para o futuro. Além de gerar informações em tempo real, que permitem aperfeiçoar o manejo, a pecuária de precisão permite o uso de terapias preventivas, o que está alinhado aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Também na linha da agricultura de precisão, está o monitoramento de pastagens por imagens de satélite ou drones.”
Na avaliação do CEO, a engenharia genética também deverá ter peso crescente, seja no que se refere ao animal, seja no que se refere aos microorganismos ruminais e do solo, além da genética de plantas.
No aspecto mais macro, a racionalização do uso da mão-de-obra, sua qualificação e a crescente automação certamente farão parte do futuro.
STARTUPS – Embora o número de startups na pecuária ainda seja bem menor do que na agricultura, já há bons exemplos. A CowMed monitora através de sensores aspectos como ruminação e movimentação, detectando com antecedência anomalias de comportamento. A Olho do Dono, por sua vez, permite a pesagem de animais através de fotografias, com o uso de algoritmos. A @tech permite que se otimize o momento do abate dos animais ao identificar o momento em que cada animal passa a não contribuir o suficiente para a receita do produtor. A OnFarm permite o monitoramento da ocorrência de mastite nas fazendas de leite, reduzindo em cerca de 30% o uso de antibióticos. Há, ainda, startups desenvolvendo medição da produtividade de forragem por satélite. “Estamos ainda na infância desse processo, e com certeza muitas novidades surgirão nos próximos anos”, finaliza Carvalho.
Texto: Paola Miori (13/09/2019)
