O mês de março foi marcado por chuvas regulares e altas temperaturas em grande parte da região agrícola do Brasil, com acúmulo de chuvas de até 150 mm. O estado de Goiás e a maior parte do Mato Grosso tiveram um volume acumulado de chuva superior a 60 mm. Já na Bahia, Espírito Santo, norte de Minas Gerais, sul do Mato Grosso do Sul e oeste do Paraná, o volume de chuva ficou abaixo de 60 mm. Nessas regiões o armazenamento de água no solo já está abaixo de 45%, com perspectivas para um outono de estresso hídrico para as culturas se novas chuvas não ocorrerem nos próximos dias (Mapa 2).
As temperaturas máximas oscilaram entre 27 e 33°C no Centro-sul brasileiro e alcançaram 35ºC em algumas regiões da Bahia. As temperaturas mínimas foram maiores na região Norte e Nordeste do país, com valores entre 22 a 25°C. Na região sul do Brasil, as mínimas ficaram em torno dos 19°C (Mapa 3 e 4).
Tempo e agricultura brasileira
As chuvas abundantes registradas em março em grande parte das regiões Norte e Nordeste do país atrapalharam as operações na colheita da soja e beneficiaram as áreas de milho safrinha. A colheita de soja no estado do Tocantins está entre 80 e 85% e sua finalização poderá ser prejudicada pelas chuvas contínuas.
No Paraná, o baixo volume de chuva preocupa os produtores de milho segunda safra, que ainda se encontram em fases iniciais de desenvolvimento e podem perder produtividade por causa do estresse hídrico. No Mato Grosso, ao contrário, espera-se um aumento de até 20% na produção do milho safrinha em relação à safra passada em consequência de chuvas regulares favorecendo as lavouras.
O grande volume de chuva registrados no final de 2018 na região de Mogi das Cruzes (SP), maior produtora de hortaliças do país, acarretou em perdas na produção que ainda não foram superadas pelos produtores, que enfrentam problemas fitossanitários e alagamento dos canteiros, explicando o aumento de preços dos produtos em 2019.
As chuvas regulares e em bom volume mantêm a expectativa de uma boa safra para os produtores de café do sul de Minas Gerais e norte de São Paulo. Apesar de se tratar de safra menor, por causa da bienalidade nos cafezais, as condições do tempo vêm favorecendo o desenvolvimento dos cafezais em fase de enchimento de grãos.
Safra 2019/20 de cana-de-açúcar no estado do Mato Grosso do Sul
As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para safra 2019/20 de cana-de-açúcar para o estado do Mato Grosso do Sul apontam para uma perda variando entre 1,5% a 5,0% em relação à safra passada. Destaca-se a região sudoeste, principal produtora do estado, onde o Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica que as perdas podem chegar a 4,0% pelo cenário intermediário (Mapa 5).
As projeções do TEMPOCAMPO indicam, ainda, que a produtividade média dessa região deverá variar de 68 a 71 toneladas de cana por hectare (TCH), considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente (Mapa 6).
O Sistema TEMPOCAMPO prevê a produção para a safra 2019/20 de cana-de-açúcar no estado do Mato Grosso Sul entre 43,8 a 45,7 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. Isso representa uma variação negativa de 10,7% a 7%, quando comparada àquela reportada pela CONAB na safra 2018/2019.