Desde quando inaugurou os primeiros cursos de pós-graduação, em 1964, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) já titulou mais de 9 mil mestres e doutores. Pioneira nessa modalidade de ensino na USP, a Esalq atraiu, desde as primeiras turmas, jovens pesquisadores oriundos de todos os estados brasileiros e até mesmo dos países vizinhos.
Oscar Eugênio López Gorostiaga é paraguaio e foi aluno da primeira turma de pós-graduandos em Solos e Nutrição de Plantas. Em 27 de agosto de 1966, Gorostiaga recebeu o título de Magister Scientiae após sua defesa sob orientação do professor Eurípedes Malavolta.
Anos mais tarde, mais precisamente no dia 30 de março de 1973, Gorostiaga faria história ao tornar-se o primeiro estudante a conquistar o título de doutor no programa de Solos. Sua tese teve como título Contribuição ao estudo das relações entre Zinco e o Fósforo na nutrição de plantas. “Minha defesa foi até notícia no Jornal de Piracicaba, era uma novidade na época”.
Desde então, 46 anos se passaram até que um dos primeiros doutores titulados pela Escola retornasse a Piracicaba. Dessa vez, passou pela Diretoria da Esalq na companhia do colega Patrocinio Alonso Jara, também paraguaio e engenheiro agrônomo, também doutor pela Esalq no programa de Solos. “Defendi minha tese em março de 1983 e desde então nunca mais visitei Piracicaba e a Esalq. Tudo está muito diferente, a cidade cresceu bastante”.
A visita dessa vez não teve caráter pedagógico ou acadêmico, pelo menos para os dois, que trilharam suas carreiras no país vizinho lecionando na Universidad Nacional de Asunción. Gorostiaga também foi ministro da agricultura e diretor do Instituto Agronômico Nacional daquele país. Além de matarem a saudade e serem recepcionados pelo diretor da Esalq, professor Durval Dourado Neto, ambos acompanharam o jovem conterrâneo José Lesme, 25 anos.
Trilhando o mesmo caminho, de Assunção à Piracicaba, Lesme cursou o mestrado em Fitotecnia e defendeu, na última terça-feira, 19/2, sua dissertação sob olhares atentos da banca examinadora e dos amigos paraguaios. “A Esalq é uma referência para nós, que também cultivamos a agricultura tropical. Para os paraguaios que querem se especializar e fazer a pós-graduação o melhor caminho é o Brasil”, defende o jovem, que trabalhou no mestrado com modelagem na cultura da soja e teve orientação do professor Durval e do professor Klaus Reichardt, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP. “Fiquei muito feliz que os professores lá do meu país, também esalqueanos de tanto tempo puderam me acompanhar, espero poder, assim como eles, poder aplicar o conhecimento aprendido aqui para o bem da agricultura do Paraguai”.
Texto: Caio Albuquerque (20/02/2019)