Foram divulgados no dia 20 de agosto, os trabalhos vencedores da edição 2018 do Prêmio Tese Destaque USP. Em sua sétima edição, o prêmio reconhece as teses de doutorado defendidas nos programas de pós-graduação da Universidade nas grandes áreas de conhecimento, de forma a estimular a constante busca pela excelência na pesquisa.
Tábata Bergonci, que realizou sua pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), sob orientação do professor Daniel Scherer de Moura, foi classificada na grande área de Ciências Agrárias com o trabalho "Peptídeos RALF em tecido reprodutivo: caracterização e efeito dos AtRALF4, 25, 26 e 34."
Além da grande área de Ciências Agrárias, serão premiados doutorandos ou doutores das áreas de Ciências Biológicas; Ciências Exatas e da Terra; Ciências da Saúde; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes; e Multidisciplinar. Para cada uma das nove grandes áreas são concedidos um prêmio e duas menções honrosas. O autor da Tese Destaque USP recebe um prêmio no valor de R$ 10 mil e o orientador, recurso para custeio de até R$ 5 mil.
Os critérios de premiação consideram originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, e valor agregado ao sistema educacional.
O Prêmio Tese Destaque é promovido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP. Os recursos para a premiação são provenientes de convênio da USP com Santander. Os recursos concedidos aos orientadores são disponibilizados através do orçamento da unidade e seguem as regras de execução orçamentária da USP.
A premiação acontecerá em 11 de outubro de 2018, às 10h00, na sala do Conselho Universitário (CO) da USP, rua da Reitoria, nº 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo, SP.
Conheça o trabalho da vencedora da Esalq
O trabalho buscou entender o papel de quatro pequenas proteínas que têm função hormonal. Essas proteínas, chamadas RALF (Fatores de Alcalinização Rápida), estão presentes em todas as plantas. “Utilizando uma planta modelo chamada Arabidopsis thaliana e diversas técnicas de bioquímica e biologia molecular, conseguimos desvendar o papel desses RALFs”, explica a doutoranda.
A pesquisadora relata que foi descoberto que alguns RALFs (principalmente RALF4) presentes no sistema reprodutor masculino da planta, que são o grão de pólen e tubo polínico, são responsáveis por manter a integridade do tubo polínico até que ele encontre o ovário. “Essa manutenção da integridade é importante porque preserva o material genético”, esclarece a pesquisadora.
Tábata destaca que quando o tubo polínico chega no ovário ele precisa se romper para que as células espermáticas possam fecundar o óvulo. “Nesse ponto entra a segunda descoberta da nossa pesquisa -RALF34, uma proteína expressa no ovário das plantas, que é a responsável pelo rompimento desse tubo polínico e, consequentemente, pela fertilização” destaca
Sobre as perspectivas de ordem aplicada, a pesquisadora ressalta: “nós trabalhamos com fertilização, processo que leva a produção das sementes. Então, as possibilidades de manipulação de um processo de fertilização tem um potencial muito grande, inclusive econômico”, conclui.
A tese de Tábata foi defendida em 2016 e, em dezembro de 2017, o principal artigo referente ao seu trabalho de doutorado foi publicado na revista Science, uma das mais conceituadas revistas do mundo. De lá para cá, o artigo publicado já foi citado por grandes grupos de cientistas ao redor do mundo - 31 citações em oito meses, número considerado alto.
Link para a publicação: http://science.sciencemag.org/content/358/6370/1596 .
Atualmente, Tábata prossegue sua pesquisa estudando via de sinalização de glicoproteínas, faz pós-doc na UNIFESP na área de bioquímica, sob supervisão da professora Helena Nader e mantém alguns projetos de pesquisa juntamente com o professor Daniel Scherer de Moura, do Departamento de Ciências Biológicas da Esalq.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTb 32531 | 27.08.2018