A produção, distribuição e o acesso aos alimentos é um tema que deve unir de forma definitiva os ambientes rural e urbano. Com essa proposta, o titular da Cátedra Luiz de Queiroz, Roberto Rodrigues, apresentou nesta quinta-feira, 02/08, na Esalq, o Plano de Estado: O Brasil na segurança alimentar global. “O Brasil tem alta tecnologia para elevarmos nossos índices de produtividade, temos terra de sobra, gente apta a promover uma nova revolução, mas falta estratégia de Estado”, declarou o ex-ministro da Agricultura durante fala na Sala da Congregação da Esalq, diante de docentes, servidores técnico administrativos e estudantes de graduação e pós-graduação.
Na ocasião, Rodrigues, que assumiu a cátedra em outubro de 2017, explicou que, desde então, dedicou-se na organização de um plano de estado que, segundo ele, dará ao País a chance de se tornar campeão mundial da segurança alimentar e da paz. “Segundo estudos da OCDE e da FAO, para garantir a segurança alimentar do planeta, o Brasil necessita ampliar, em uma década, 40% sua produção de alimentos. Essa demanda externa é um novo desafio e, por isso, propomos não um plano de governo, mas de estado, que contemple, até 2030, uma intersecção entre as sociedades urbana e rural, pois onde não há fome não haverá guerra”, complementa.
O Plano de Estado foi edificado com apoio de consultores. “Partimos das premissas do equilíbrio macroeconômico e do balanço entre a oferta e a demanda de alimentos, pilares que norteiam 15 temas que se configuram como políticas que abrangem todas as pastas ministeriais das próximas gestões presidenciais”, explica Rodrigues.
Política agrícola – Um dos temas centrais do plano de estado é Política de Renda, que teve a coordenação do engenheiro agrônomo e ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto. O agrônomo esteve ao lado de Roberto Rodrigues e abordou a necessidade de valorização do seguro rural. “É preciso ampliar o programa de seguro rural, investir em um banco de dados afim de construirmos uma matriz de risco. Estamos propondo uma mudança de eixo, com um programa de gestão do risco do agronegócio que nos deixe ir além do histórico processo de renegociação de dívidas”.
Para o diretor da Esalq, professor Luiz Gustavo Nussio, o plano de estado tem caráter disruptivo e uma abordagem inovadora. “A contribuição da Esalq, com esse tema tão importante, oportunizou que a cátedra propusesse algo que de fato modifica o status da nossa agricultura e do próprio modelo de sociedade. Encontramos nesse documento propostas que dialogam a partir de uma narrativa bem posicionada diante dos desafios que teremos”.
A partir da apresentação na Esalq, o plano de estado será debatido, durante o mês de agosto, com membros das equipes dos candidatos a presidente da república melhor posicionados nas pesquisas eleitorais e, no final do mês, será realizado na CNA (Confederação Nacional da Agricultura) um encontro com os candidatos, que terão a oportunidade de se posicionar diante do plano configurado na instituição. “Não estamos pedindo para a atividade agrícola e tudo que a envolve seja posicionada de forma estratégica, mas sim dando a possibilidade do País se tornar campeão mundial de segurança alimentar e, por consequência, agente central do processo de paz no globo”, concluiu Roberto Rodrigues.
Texto: Caio Albuquerque (02/08/2018)