Nascido paulistano, mudou-se para Piracicaba aos 17 anos para cursar Engenharia Agronômica e hoje, piracicabano de coração, “permanece vivo, sabe-se lá como”, diz ele.
Assim está expresso no convite que o artista faz à sociedade para visitar sua obra que desnuda as angústias de sua vida.
“Retratos de uma alma inquieta”, sem dúvida, despertará a curiosidade dos aficcionados pela arte.
Confira o bate-papo com o artista.
O que sua exposição retrata?
Uma alma inquieta, um lado sombrio, um lado desesperado, um lado que dificilmente a gente expõe. São ampliações de quinze desenhos selecionados durante um período de aproximadamente 30 anos. Grande parte das obras foram realizadas ainda quando estudante de Agronomia, numa época bastante difícil para mim. Aliás, toda essa coletânea foi realizada em duros períodos.
Como foi idealizado seu projeto?
Idealizei uma exposição para que pessoas internas ou externas ao Campus pudessem ter acesso livre diariamente, sem se sentirem acuadas, o que pode acontecer em salões de exposição, museus, galerias e teatros. Com esse objetivo em mente, escolhi uma área aberta no campus para a exibição de ampliações (1,00 × 1,40m) de desenhos fixados sobre as laterais de andaimes e com iluminação individual para a visitação no período noturno. Convém ressaltar, ainda, que a exposição no formato atual apresenta a possibilidade de ser itinerante.
Você percebe algum tipo de reação nas pessoas ao se depararem com sua obra?
Curiosidade, inquietude, perturbação, amargura, estranhamento e reflexão.
Você disse que se formou na Esalq, em Agronomia. Você também tem a formação em artes? É artista plástico?
Não. Eu não tenho título de artista plástico. Simplesmente sou.
Quando você se descobriu artista plástico?
Sempre. Sempre criei, sempre desenhei, especialmente em momentos difíceis.
Que material utiliza para realizar suas obras?
O que tenho em mãos. No caso, utilizei lápis de cor, grafite, caneta hidrocor preta e nanquim sobre papel.
Onde você realiza exposições normalmente?
É a minha primeira vez. Escolhi a Esalq por ser o local onde eu vivi e pude expressar esses sentimentos. Confesso que já fui convidado para exposições no exterior, mas eu não tive coragem. Pensei comigo que primeiro seria melhor realizar uma exposição no Brasil e, por que não em Piracicaba ou mesmo na Esalq onde me formei e trabalho atualmente.
Você vive da sua arte?
Não, vivo como professor, docente do Departamento de Ciências Exatas.
Qual a importância dessa exposição para você?
É uma exposição muito importante para mim porque ela fecha um ciclo, um ciclo de muitas oscilações, períodos de depressão, de angústia profunda, solidão e isolamento.
Tem alguma obra que você considere a principal da mostra?
Principal não. Cada uma tem um significado próprio e profundo.
Em que artista você se inspira? Se identifica com algum movimento artístico, ou sua arte é um gênero totalmente livre?
Admiro Picasso, Miró, Bacon, Klimt, Schiele, Cesar Profeta, entre muitos. A gente vê as obras que nos tocam e construímos um universo a partir do qual nós criamos.
Mas você não se enquadra em nenhum gênero?
Não sei... As pessoas é que costumam enquadrar os artistas. A classificação, geralmente, não vem do artista.
Você possui obras em locais de Piracicaba?
Possuo dois murais na Atmos Paraquedismo, no Aeroporto Pedro Morganti.
Retratos de uma alma inquieta
Projeto e curadoria: Silvio Sandoval Zocchi
Abertura: 30 de julho de 2018, às 20h00
Período de visitação: de 31 de julho a 02 de setembro de 2018 (diariamente das 08h00 às 22h00)
Local: Praça ao lado da Central de Aulas da Esalq (avenida Pádua Dias, 11, Piracicaba/SP, Campus Luiz de Queiroz)
Realização: Esalq, por meio da Comissão (CCEx) e do Serviço de Cultura e Extensão Universitária (SVECEx) e Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes “Luiz de Queiroz”, e da Prefeitura do Campus USP “Luiz de Queiroz”.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar (18/07/2018)