O mês de junho foi marcado por tempo seco no Centro-Oeste, Maranhão, Tocantins, Piauí, Pará, interior do Nordeste e na região Sudeste, favorecendo a colheita das lavouras de milho, algodão, feijão, cana-de-açúcar e café (Mapa1).
A região Sul do país, por sua vez, foi marcada por chuvas, ventos fortes e granizo que causaram paralisação nos trabalhos de campo, mas que contribuíram com a manutenção dos níveis de umidade do solo para as pastagens e cultivos perenes da região (Mapa 2). Além disso, a umidade e a temperatura favorecem a emergência das lavouras de canola do Rio Grande do Sul, uma vez que, o clima ameno é ideal para o crescimento dessa cultura, proporcionando rápido acúmulo de matéria seca.
Além do tempo seco, as temperaturas mínimas noturnas oscilaram entre 15°C e 21°C em grande parte da região central do país. No Mato Grosso, as baixas temperaturas prejudicaram as aplicações de desfolhantes e maturadores no algodão, além de atrasar a colheita da cultura, já que o frio impede que os capulhos abram e revelem as plumas (Mapa 3). Já em São Paulo, as temperaturas amenas e umidade relativa baixa, foram decisivas para a boa produção de alface no interior do estado, em cidades como Ibiúna e Mogi das Cruzes.
Cana-de-açúcar
A seca do outono e a chuva irregular desde a primavera do ano passado apontam para baixas produtividades dos canaviais de final de safra de Ribeirão Preto, Araraquara e São José do Rio Preto, em São Paulo. Os canaviais do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sul de Goiás e de parte do triângulo mineiro, por outro lado, encontram condições climáticas mais favoráveis e não se observa queda de produtividade em relação ao ano passado.
Sistema TEMPOCAMPO
O Sistema TEMPOCAMPO da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) foi desenvolvido a partir de diversos projetos de pesquisa e consiste, atualmente, num sistema de monitoramento agrometeorológico e previsão de safras agrícolas cobrindo todo o território nacional, que oferece apoio à tomada de decisão e interpretação quantitativa da variabilidade climática sobre a produtividade agrícola. O módulo de previsão de safras do Sistema TEMPOCAMPO se baseia em um grande banco de dados meteorológicos, atualizado diariamente, que simula o desempenho das culturas monitoradas com modelos baseados em processos considerados, pela comunidade científica, como a ferramenta mais avançada para quantificação do efeito do clima na produtividade agropecuária. O Sistema conta, atualmente, com simulações para as culturas de cana, milho e soja envolvendo diversas regiões do Brasil e parceiros públicos e privados de diferentes ramos de atuação.
Um dos principais indicadores do Sistema TEMPOCAMPO é o “Coeficiente de Produtividade Climática” (CPC), representando um índice quantitativo isolando o efeito do clima dos demais fatores de produção sobre o desempenho das culturas, servindo assim tanto para projeção de safras com até 11 meses de antecedências (no caso da cana-de-açúcar, por exemplo) como para a avaliação do efeito de práticas de manejo ou mudanças no sistema de produção, separando os efeitos humanos daqueles decorrentes do clima.
Leia mais sobre o sistema em www.tempocampo.org.