“A realidade florestal do Sudeste é muito relacionada às plantações de pinos e eucaliptos, e o curso de Engenharia Florestal aborda pouco sobre as florestas tropicais amazônicas, que ocupam praticamente metade do país. Um engenheiro florestal que sair da universidade sem essa visão, sai com um desconhecimento fundamental na formação”, afirma Edson Vidal, docente do Departamento de Engenharia Florestal da Esalq.
Para preencher essa lacuna, o professor Vidal viajou com um grupo de 26 estudantes do curso de Engenharia Florestal da Esalq. Foram mais de 2.500 quilômetros percorridos de Piracicaba a Paragominas, município brasileiro do estado do Pará. O objetivo da ida ao norte do Brasil foi fazer um curso de Manejo Florestal no IFT (Instituo Floresta Tropical). A atividade faz parte da disciplina Manejos de Florestas Tropicais, ministrada pelo professor Edson Vidal.
Os estudantes conheceram um pouco da cultura paraense e diversos produtos florestais não madeireiros durante a passagem por Belém-PA. Na sequência, já em Paragominas, aprenderam na teoria e na prática conceitos sobre manejo florestal. “Mostramos cada etapa do manejo florestal, e o que ele pode trazer de benefícios para todos, tanto na parte econômica, ecológica e a social”, disse André Maria de Oliveira Miranda, técnico florestal do IFT.
O Manejo Florestal nada mais é do que uma exploração de impacto reduzido, acompanhada por um planejamento de qual área deve ser explorada, onde a árvore deve cair, quantas espécies por hectares serão cortadas, entre outras aplicações para reduzir o impacto da área. Essas aplicações trazem benefícios como aumento da produtividade, geração de riquezas e contribui para conservação dos recursos naturais. Diferente disso existe a exploração predatória, que infelizmente ainda acontece, explora a natureza sem se preocupar com ela e, futuramente, convertendo o local para pasto ou agricultura, fazendo com que ela não seja recuperada. “Dentro da disciplina, temos uma programação de fazer essa imersão na floresta amazônica, conhecendo a parte prática, vivenciando cada etapa desde o planejamento até a colheita da madeira”, disse Vidal.
Para Camilla Noel da Silva, aluna de Engenharia Florestal, a proposta do curso em mostrar a diferença entre as áreas de impacto reduzido e de exploração predatória foi muito visível. “Isso é exatamente o que aprendemos com esse curso. Estamos estudando uma atividade econômica e, com isso, acontecerá um impacto. Então a ideia é minimizar o impacto, porque é impossível que ele não ocorra”, disse.
O curso de Engenharia Florestal da Esalq é um dos únicos do país que dá à oportunidade de seus alunos terem a experiência de conhecer a floresta amazônica e participarem de um curso de Manejo Florestal do IFT. “Quando entramos no curso de Engenharia Florestal da Esalq, sempre esperamos essa viagem. Quando conversamos com estudantes que fazem o mesmo curso em outras universidades do país, eles falam que não têm essa oportunidade de fazer um curso de Manejo Florestal como esse. Acho que é o ápice da nossa formação”, disse Nadia Rosário de Oliveira, aluna da Esalq.
O aluno Luiz Fernando Pereira Bispo comentou sobre a importância da viagem e das atividades realizadas na Amazônia para sua formação. “Esse curso sempre foi muito atrativo para mim, desde quando comecei a fazer trabalho voluntário na SOS Mata Atlântica. Para entrar nesse curso, a pessoa precisa ser apaixonada pela natureza, ter um senso íntegro do que acontece na floresta e o que pode ser aproveitado, além de ter os conhecimentos necessários para serem aplicados no futuro. É algo apaixonante”, concluiu.
Texto: Caio Nogueira, estagiário de jornalismo, viajou à Paragominas convidado pelo curso de Engenharia Florestal
Revisão: Caio Albuquerque