Carlos Alberto da Costa Amorim. Este nome, bastante conhecido dentro do universo dos cartuns, ao longo dos anos, foi conquistando também um espaço fora dele. Hoje, além de inserir seus trabalhos nos diversos veículos de comunicação, apresenta sua trajetória e telas marcadas pelo humor em diferentes locais. Este mês, é a vez do Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz abrir suas portas para esse renomado artista, com a exposição “Amorim, 30 anos nessa brincadeira”, que ocorrerá entre os dias 5 e 31 de agosto, das 8h às 17h, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), aberta ao público de segunda à sexta-feira.
A mostra apresentará uma retrospectiva da carreira do cartunista Carlos Alberto da Costa Amorim que, em 1984, começou a expor seus talentos ao público por meio do semanário humorístico O Pasquim e, entre 1990 e 1997, atuou como chargista no diário do Jornal dos Sports, no Rio de Janeiro. A partir dessas experiências, começou a produzir charges editoriais, caricaturas, ilustrações e quadrinhos para diferentes meios e foi autor do livro de cartuns “Canastra Suja”. “Desde pequeno desenho, é uma coisa normal para toda criança. Só não sei por que a escola bloqueia essa capacidade. Na verdade todos nascem sabendo desenhar, só que no meio do caminho param. Por isso é comum um adulto dizer que meu desenho é de criança”, disse Amorim.
Segundo o artista, busca sempre se inspirar no cotidiano, como é o caso de seu cartum sobre redes sociais, que será exibido durante a exposição no Museu Luiz de Queiroz e que teve grande repercussão mundial em diferentes jornais e sites. “Não foi uma coisa planejada, apenas abordei um assunto universal e atual”, contou. Na charge, é retratada a força que os usuários da internet adquirem ao assumirem posicionamentos nas redes.
A exibição das 50 telas de humor é mais uma forma de atrair e incentivar o contato do público com a arte, além de provocar importantes reflexões, além de boas risadas, claro. “Para o Museu Luiz de Queiroz é muito gratificante promover essa exposição em parceria com o Centro de Humor Gráfico de Piracicaba e com o apoio do Serviço de Cultura e Extensão Universitária da ESALQ. Por meio dessa união será possível apresentar ao público o trabalho de um artista que fez parte de edições passadas do Salão Internacional do Humor”, ressaltou Edno Dario Patacho, responsável pelo Museu Luiz de Queiroz.
Quando questionado sobre a escolha pelo humor, Carlos Amorim defende que a função do humor é mostrar sempre o quão pretensioso é o ser humano, com seus erros e arrogâncias, sempre em contradição com suas intenções e atos. “No dia que o ser humano chegar à perfeição, não haverá mais necessidade de mostrar às pessoas a visão do humorista. Uma visão, na maioria das vezes, contraditória como o próprio ser humano”, disse o artista.
Amorim enfrentou também, durante sua jornada profissional, alguns obstáculos e desafios. Perguntas como “Meu filho, você trabalha ou só faz esses cartunzinhos?” descrevem bem um dos grandes impasses da profissão. “Entre os desafios destaco informação e respeito, pois quando iniciei minha carreira não existia a internet, que hoje se tornou a maior- fonte de informação do mundo. Para mim, a profissão ainda é vista em alguns setores, inclusive da imprensa, com certa desconfiança”, contou.
Em contrapartida, Amorim nunca deixou as dificuldades influenciar em seus sonhos. Foi com leituras em quadrinhos que começou a desenvolver suas preferências e conhecer melhor os desenhos de humor. “Foi um estalo e eu soube que era o que eu queria fazer pela vida toda”, revelou.
A mostra dos trabalhos de Amorim no Museu Luiz de Queiroz acontecerá paralelamente ao Salão Internacional do Humor, que ocorre em Piracicaba de 27 de agosto a 8 de outubro.
Quem visitar a exposição no Museu encontrará questionamentos ou denúncias sobre educação, política, saúde, meio ambiente e o poder das mídias sociais, além de deliciar-se com caricaturas de celebridades como Amy Winehouse, Elis Regina, Michael Jackson, entre outros. A entrada é gratuita.
Mais informações: (19) 3429-4305
Texto: Ana Carolina Brunelli
Revisão: Caio Albuquerque (04/08/2016)