Homenagem ao professor Nilson Augusto Villa Nova

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Nilson Augusto Villa Nova (crédito: Paulo Soares)
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O professor Nilson Villa Nova, docente aposentado do Departamento Engenharia de Biossistemas (LEB), faleceu no dia 06 de abril de 2015, em Piracicaba (SP), aos 82 anos de idade. Seu sepultamento ocorreu no dia 07 de abril, no Cemitério da Saudade. Conhecido como porta-voz das mudanças climáticas em Piracicaba, mesmo após sua aposentadoria, ocorrida em setembro de 1989, Villa Nova continuou atuando como professor colaborador do LEB, além de ser bolsista de produtividade de pesquisa pelo CNPq. Na edição 16 do informativo ESALQ notícias, de março de 2009, o prof. Nilson falou um pouco das suas atividades na Escola, depoimento transcrito a seguir.

Bom humor a serviço da ciência

"Sempre considerei fundamental o desenvolvimento do raciocínio e não a preocupação em decorar livros"

Mais de uma centena de artigos publicados em periódicos, participação em dezenas de bancas de mestrado e doutorado e outros tantos indicativos científicos não sintetizam o professor Nilson Augusto Villa Nova, hoje colaborador do departamento de Ciências Exatas (LCE). Sua marca é o bom humor. Piadista incontrolável, amante dos esportes, dedicou sua vida às pesquisas em Agrometeorologia. Nascido em São Paulo em 1933, Villa Nova confessa sua paixão pela natureza. "Na infância vivi em São Paulo, em uma época que era possível pescar e andar de barco na represa de Santo Amaro; pesquei muito lambari no Tietê". Da infância, guarda a imagem da mãe, que mesmo diante das dificuldades financeiras insistiu para que os filhos estudassem no Liceu Pasteur (colégio franco-brasileiro). "Ela foi minha heroína e tudo que sou hoje devo a ela".

Chegou a Piracicaba em 1953. "Piracicaba era um paraíso, muitas árvores, prédio só havia um na rua Moraes Barros; encontrei aqui a tranquilidade que já começava a não existir na capital, invadida por arranha-céus e carros. Aquilo me incomodava e como em uma certa ocasião eu havia passado por aqui com um amigo para pescar, acabei voltando". Ingressou na ESALQ e se formou em Engenharia Agronômica em 1956. Na Escola, participou ativamente da Associação Atlética Acadêmica "Luiz de Queiroz" (AAALQ) e, desta época mostra, cheio de orgulho, jornais amarelados pelo tempo, destacando a defesa do time de futebol da Escola de 1955. "Nos meus anos de estudante, fui zagueiro titular e participei inclusive da seleção de Piracicaba de futebol de salão". Após se formar, trabalhou por seis anos na área de engenharia mecânica e metalurgia e, da sua identificação com as ciências dos números, encontrou a oportunidade para voltar à ESALQ, em 1962, para lecionar na cadeira de Física e Meteorologia. "A partir de então, toda a minha produção científica passou a relacionar agricultura e clima, pesquisando irrigação, energia, zootecnia". Abordando a evaporação no Estado de São Paulo, concluiu o doutorado em 1968 e, em 1974, obteve o título de livre docente pesquisando o balanço de energia em cultura do arroz. Na memória, traz exemplos de dois ex-professores. "Tive dois mestres, o [Admar] Cervelinni era excelente, era um 'descomplicador' de problemas e o [Justo Moretti Filho] Justinho Moretti também me ensinou muito".

Os profissionais de imprensa de Piracicaba e região o apelidaram de o "homem do tempo", já que acompanha diariamente os dados fornecidos pela Estação Meteorológica do departamento. Inclusive aos domingos. "Eu atendo a imprensa porque trabalho em uma universidade pública e devemos informações à sociedade". Outra faceta marcante na carreira do homem do tempo é o bom relacionamento com seus alunos. "Sempre estive próximo deles, jogávamos bola, e fui um dos primeiros professores na Escola a aplicar prova com consulta. Muitos estranharam, mas sempre considerei fundamental ao aluno o desenvolvimento do raciocínio e não a preocupação em decorar livros. Eu os avaliava com problemas de física e nem sempre considerava o resultado, mas sim os métodos empregados para solucionar cada questão". Em 2008, Villa Nova recebeu, na categoria Vida e Obra, na área de Agrometeorologia, o 53º Prêmio Fundação Bunge. "Espero que esse prêmio valorize pesquisas no setor, pois a juventude é motivada pelos objetivos alcançados dentro do campo científico. O segredo está em aprender a aprender", finaliza o professor, confesso amante dos textos de Monteiro Lobato. Talvez venha daí sua combinação, que une simplicidade e sabedoria.

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leb