AGROdestaque entrevista Sandra di Moisé, engenheira agronômica (1982)

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“Acredito que o aspecto da intercultura é muito importante na carreira de uma pessoa, mas também no enriquecimento da personalidade de cada um”, afirma Sandra. (Crédito: Divulgação)
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Atuação profissional

Desde que me formei em Engenharia Agronômica na ESALQ, em 1982, sempre estive dedicada ao setor de atividade das finanças, especificamente no negócio dos cartões de crédito/meios de pagamento. Ter sido uma esalqueana permitiu-me ganhar as bases para a minha carreira e amadurecer valores como excelência, empenho, adaptabilidade, flexibilidade, respeito e foco. Levo a ESALQ no meu coração!

Depois da licenciatura em Engenharia Agronômica, comecei a fazer uma especialização em Marketing, tendo como cenário de fundo o mundo. E, por isso, optei por fazer carreira internacional. Sou uma cidadã do mundo – tenho origem italiana por parte dos meus avós, nasci no Brasil, tenho naturalidade norte-americana e agora vivo entre Espanha e Portugal. Acredito e defendo que o aspecto da intercultura é muito importante na carreira de uma pessoa, mas também no enriquecimento da personalidade de cada um, pois ela molda como você é.

Além disto, acredito que sempre estive no lugar certo, na hora certa. E adoro desafios! Foram os desafios que fui alcançando e superando que me permitiram chegar às posições que atingi, tais como ser a 1ª Mulher Vice-presidente da Credicard S.A. no Brasil e a 1ª mulher Country Manager do Citibank no Panamá/Central América.

Na minha carreira profissional, ‘vesti a camisola’ de duas corporações internacionais: Citibank e Barclays (esta última, onde estou há sete anos). E, nelas, desempenhei cargos de liderança entre América Latina, EUA e Europa. Mas, para lá chegar, tive que batalhar e fazer com que isso pudesse acontecer, com uma boa dose de paixão. E é essa paixão que me motiva a procurar e a superar desafios.

A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?

O cargo que ocupo atualmente é de Diretora Geral para Sul da Europa do Barclaycard. O Barclaycard é o líder mundial em meios de pagamento e o principal emissor de cartões de crédito na Europa, com operações no Reino Unido, Alemanha, Portugal, Espanha e países nórdicos. Comemorou em 2014, 10 anos de presença em Portugal, onde conta com mais de 100 colaboradores e perto de 460 mil clientes. A empresa comemorou também 15 anos de presença na Espanha, onde conta com mais de 75 colaboradores e cerca de 240 mil clientes.

Sou responsável por mais de 600 excepcionais recursos humanos, “sentados” em diferentes locais, como Lisboa, Madrid, Zaragoza, Londres, Nova Iorque, Singapura, Pune e Vilnius. Tenho muito orgulho deste talentoso grupo de pessoas, apaixonado pelo que faz e com forte espírito de equipe.

Sou uma líder de negócio muito exigente e perfeccionista. Acredito que uma palavra pode fazer toda a diferença e que não existem impossíveis.

Tenho como objetivo contagiar os funcionários que lidero por meio da paixão e do espírito de equipe que acredito serem críticos para o sucesso, adicionando sempre o talento individual, que pode fazer toda a diferença. A tenacidade e a força de vontade com que trabalho vão ao encontro da dinâmica do negócio que lidero. E procuro isso na minha equipe. É muito frequente reconhecer, motivar e celebrar com todos. Para mim, é fundamental celebrar os sucessos, mas também olhar para as perdas como desafios e não como derrotas.

Quais os principais desafios desse setor?

O setor dos meios de pagamento é um setor muito dinâmico, competitivo e que necessita de muita atenção e foco. Somos dependentes dos nossos reguladores de mercado, como o banco de Portugal, em que temos que trabalhar juntos para conseguir evoluir.

Temos de estar um passo à frente dos nossos concorrentes e garantir a melhor experiência aos nossos clientes, tendo em conta a transparência da informação e um foco nos seus gostos, nas suas experiências de consumo e no seu estilo de vida.

O digital e a inovação são críticos para o nosso setor. Na Inglaterra, somos pioneiros e introduzimos diversas tecnologias como o contactless, payband, paytag, etc.

Flexibilidade também é uma palavra que nos caracteriza e, muitas vezes, temos que nos adaptar ao meio que vivemos e, a partir daí, delinear as nossas estratégias de negócio, como forma de nos antecipar e de marcar pela diferença.

No ano passado, na Espanha, surgiu uma oportunidade única para patrocinarmos um espaço de espetáculos, desporto e concertos de música em Madrid, e, com isso, aumentar nossa notoriedade de marca. Acreditamos nessa oportunidade de ouro e, desde 1º de setembro de 2014, estamos lá (Barclaycard Center). Sem dúvida, um dos grandes projetos para nós, da Barclaycard, e para a cidade de Madrid.

Que tipo de profissional esse mercado espera?

Um profissional que seja exigente, transparente, criativo, atento, flexível, audaz e inovador. Acredito que a maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns, tal como dizia Abraham Lincoln.

Entrevista concedida a Alessandra Postali
Estagiária de Jornalismo
06/04/15