Conhecida por sua extensa área e rica biodiversidade, com diferentes espécies de animais, vegetais e árvores de grande, médio e pequeno porte, a Mata Atlântica passa, há anos, por degradações causadas pelo homem. Essa agravante condição aumenta a preocupação em relação a extinção da mata e de todos os habitantes desse bioma. A onça-pintada, que está entre as principais espécies de animais com risco de extinção, faz parte do topo da cadeia alimentar da Mata Atlântica e sofre com a caça predatória e retaliatória. Essa situação causou uma relevante redução da espécie.
Dessa forma, avaliar a distribuição da onça-pintada e de suas espécies de presa na Mata Atlântica, foi a proposta de Erica Vanessa Maggiorini, em sua pesquisa de mestrado em Ciências Florestais, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Posteriormente, foram definidas áreas específicas para um levantamento da densidade de onça, com armadilhas fotográficas para o “Projeto Iniciativa Corredor da Onça-Pintada – Mata Atlântica”, desenvolvido pelo Instituto Pró-Carnívoros, em parceria com a ONG Phantera.
“Assegurar a presença em longo prazo de populações de onça-pintada e garantir a conexão entre populações em toda sua área de ocorrência é o principal objetivo do projeto”, conta Erica.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram realizadas 577 entrevistas em 181 dias de campo, com moradores locais em parte da Mata Atlântica costeira do estado de São Paulo. As entrevistas contribuíram com dados sobre os principais locais de ocupação da onça-pintada. Em relação as variáveis de paisagem, esses dados também foram utilizados para gerar modelos de distribuição de espécies e modelos de ocupação.
A pesquisa, orientada pela professora Katia Maria Paschoalletto Micchi de Barroz Ferraz, do Departamento de Ciências Florestais, indicou três elementos fundamentais em uma área adequada para conservação da onça-pintada: distância de áreas urbanas, porcentagem de floresta e altitude.
A pesquisadora destacou as áreas que merecem atenção para a conservação da onça-pintada. Entre elas encontram-se: os Núcleos Caraguatatuba, São Sebastião e Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), o Parque Nacional da Serra da Bocaina, Parque Estadual Carlos Botelho, Parque Estadual Intervales, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, Parque Estadual do Rio Turvo, Estação Ecológica Juréia-Itatins, Estação Ecológica de Guaraqueçaba e a região entre Juquiá (SP) e Tapiraí (SP). A região do Núcleo Cubatão do PESM necessita de ações urgentes para minimizar os impactos das ações do homem, evitando assim, que essa região impeça a dispersão da espécie.
Entre os benefícios do estudo, estão a conservação da onça-pintada no bioma Mata Atlântica, por se tratar de uma espécie que exerce uma importante função ecológica. “Por ser sensível à alterações ambientais, a presença da onça pode mostrar que o ambiente encontra-se em bom estado de conservação indicando, assim, quais áreas do bioma são prioritárias para conservação”, conclui a pesquisadora.
Texto: Ana Carolina Brunelli
Revisão: Alicia Nascimento Aguiar (18/03/2015)
