Atuação profissional
Sou engenheira agrônoma formada pela ESALQ em 1980 e mestre em Agronomia, com área de concentração em Tecnologia de Alimentos, também pela ESALQ. Trabalho na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo desde 1987, com atuação em licenciamento, fiscalização, planejamento ambiental, elaboração e gestão de projetos.
Fui coordenadora de licenciamento ambiental e proteção de recursos naturais entre 1995 e 1999 e coordenadora de biodiversidade e recursos naturais entre 2007 e 2012. Participei da unificação do licenciamento ambiental no Estado de São Paulo, realizada em 2008/2009, e da criação da nova Coordenadoria de Biodiversidade, com a inclusão de novos temas na agenda do Estado, como gestão da fauna silvestre e restauração da paisagem.
Fui membro do Conselho de Meio Ambiente do Estado de São Paulo nos períodos de 1995/1999 e 2007/2012, tendo sido reconduzida em outubro deste ano. Presidi a Comissão Especial de Biodiversidade do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) entre 2007 e 2012. Fui responsável pela elaboração, aprovação e execução do Projeto de Recuperação de Matas Ciliares (2005/2010), que contou com doação do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e Banco Mundial. Fui coordenadora, entre 2011 e 2013, do Conselho do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, movimento que reúne cerca de 250 instituições (ONGs, empresas, órgãos de governo e institutos de pesquisa) de todos os estados do bioma em prol da restauração florestal.
A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?
Atualmente integro a Assessoria Técnica do Gabinete do Secretário do Meio Ambiente e respondo pela Gerência Ambiental do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, que é executado pelas Secretarias da Agricultura e Abastecimento e do Meio Ambiente, com recursos do Banco Mundial.
No Gabinete da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), assessoro o secretário do Meio Ambiente em temas relacionados à biodiversidade e florestas, atuando, principalmente na formulação e implantação de políticas públicas e programas de fomento e incentivo, a exemplo do Pagamento por Serviços Ambientais.
No projeto de desenvolvimento rural sustentável coordeno as ações de responsabilidade da SMA, em especial as iniciativas para a identificação e apoio às atividades produtivas sustentáveis desenvolvidas pela agricultura familiar em áreas de interesse ambiental e os projetos de Pagamento por Serviços Ambientais.
Quais os principais desafios desse setor?
O principal desafio da área de meio ambiente é considerar a importância da produção agropecuária e da geração de renda como elemento indispensável para viabilizar a conservação ambiental. Por outro lado, o principal desafio da área de produção agropecuária é inserir a dimensão ambiental em sua agenda visando à melhoria da gestão dos sistemas produtivos e o acesso a mercados mais exigentes. Em outras palavras, é preciso compatibilizar a produção e a conservação e recuperação ambiental para manter ou ampliar a oferta de serviços ecossistêmicos necessários para a sociedade e para a própria sustentabilidade da produção. Por muito tempo as áreas de meio ambiente e de produção agropecuária foram vistas como antagônicas, o que cada vez mais se mostra superado.
Que tipo de profissional esse mercado espera?
O engenheiro agrônomo tem uma formação acadêmica muito ampla, o que facilita a interação com outros profissionais e uma abordagem mais integrada das questões ambientais. Além disto, a nossa formação, voltada também à produção, é um diferencial que ajuda muito na junção das agendas de produção e conservação. Para atuar neste contexto, os profissionais precisam estar despojados de preconceitos e devem aprender a ouvir ‘o outro lado’. Os engenheiros agrônomos têm um importante papel a desempenhar.
Entrevista concedida a Alessandra Postali
Estagiária de Jornalismo
23/01/2015