Estabelecida em 2001, a Essencis Soluções Ambientais é líder no mercado brasileiro de multisoluções em sustentabilidade e valorização ambiental para a indústria. Entre os serviços que oferece, o tratamento e destinação de resíduos foi o que ‘abriu as portas’ para o recente convênio celebrado junto à USP através da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA).
Aimar Nicoletti, coordenador de projetos ambientais da Essencis, conta que a oportunidade surgiu de uma necessidade de parcerias para um projeto. “A Essencis buscava parceiro tecnológico para atuar no projeto de valorização ambiental baseado na extração e produção de proteína a partir do tratamento de resíduos de curtumes, especificamente para realizar estudos nutricionais de validação da proteína para uso na nutrição animal”, explica. O projeto despertou interesse pela relevância da Universidade de São Paulo: “A relevância de seus centros de pesquisa e de seus pesquisadores junto à comunidade científica, assim como perante o mercado de nutrição animal, foram o objeto do interesse da Essencis”, afirma.
Durante o processo de pesquisa e desenvolvimento, a Essencis será a responsável por fornecer um concentrado de proteínas obtidas a partir da limpeza do cromo presente nos resíduos de curtimento do couro animal. “A Essencis vem progressivamente reformulando sua estratégia de negócio e posicionamento de mercado, baseada do conceito de valorização ambiental, que busca identificar oportunidades de recuperar de resíduos e processos materiais ou produtos, reinserindo-os na cadeia produtiva com agregação de valor”, conta Nicoletti.
O setor de piscicultura da ESALQ terá a responsabilidade de definir o valor nutricional do concentrado, testar sua digestibilidade nos peixes e possível inclusão em dietas para peixes, explica o coordenador do setor de piscicultura, Prof. Dr. José Eurico Possebon Cyrino. O produto em estudo – concentrado proteico – teria inserção no mercado de rações para animais monogástricos, em especial suínos e peixes, escolhidos como modelos biológicos do projeto, aponta Cyrino.
Pesquisadores do CENA estudarão ainda a toxicidade do concentrado produzido pela Esssencis, realizando seu estudo em suínos. “O laboratório de Nutrição Animal irá avaliar o produto e determinar o valor biológico desse material”, ressalta o professor da Divisão de Produtividade Agroindustrial e Alimentos do CENA, Dr. Adibe Luiz Abdalla. Também será analisada a digestibilidade do material para os suínos: “O produto tem grande potencial para ser reutilizado, reduzindo a contaminação ambiental”, explica Abdalla.
O convênio entre as duas unidades da Universidade de São Paulo e a empresa foi aprovado no final do ano de 2014 após negociações que se estenderam por cerca de um ano. Segundo aponta o prof. Cyrino, o projeto assumo grande importância no estreitamento “da cooperação técnico-científica entre a iniciativa privada e a universidade”.
Segundo o coordenador de projetos ambientais da Essencis, a ESALQTec – Incubadora Tecnológica, à qual a empresa é associada desde 2013, teve um papel de extrema importância para a celebração do convênio. “A ESALQTec atuou sistematicamente para a viabilização do convênio, por meio de articulação e interlocução entre ESSENCIS, a USP Inovação e os Centros de Pesquisas envolvidos (ESALQ e CENA), promovendo orientações, proposições, reuniões de trabalho e boa gestão administrativa.”, conta. Sérgio Marcus Barbosa, gerente da incubadora destaca que o workshop realizado em 2013, em parceria com a ESALQ e o CENA foi um dos propulsores desta pesquisa. “A ideia do evento foi justamente promover a aproximação estratégica da universidade e setor privado nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores”, lembra.
Expectativas - Para Aimar Nicoletti, o resultado esperado pela Essencis é de sustentar o plano de negócios da empresa. “Temos a expectativa de que os estudos nutricionais a serem conduzidos pela ESALQ e CENA possam identificar as características e potencialidades do produto objeto do estudo, desenvolvendo formulações e aplicação mercadológica que possam dar sustentação econômica ao plano de negócio almejado”, aponta.
Representante do CENA/USP na equipe técnica do projeto de pesquisa, o Prof. Dr. Adibe Luiz Abdalla, explica que a perspectiva dos estudos a serem desenvolvidos é de que a integração Universidade/Empresa crie uma solução para a sociedade, viabilizando a utilização de produtos recuperados “reduzindo a contaminação ambiental”, ressalta. O coordenador ressalta ainda que “a partir da identificação do potencial desenvolvimento de produto, foi desenvolvida uma proposta conjunta para avaliar um produto que a empresa tem interesse em introduzir no mercado”, finaliza.
Ainda conforme conta o coordenador do setor de piscicultura, Prof. Cyrino, “espera-se também que haja um grande intercâmbio de ideias, experiências e tecnologia, além de um potencial desenvolvimento de trabalhos técnicos e científicos em rede”, completa. Para ele, a incubadora também foi fundamental para que este convênio fosse celebrado e para que os resultados possam ser positivos. “A oportunidade deste convênio só surgiu após o Workshop patrocinado pela Essencis e organizado pela ESALQTec em 2013”, lembra.
A Universidade une forças com o setor privado - A parceria entre empresas do setor privado e as universidades públicas para o desenvolvimento de pesquisas é um evento difícil, senão muito raro. “Muitas empresas não enxergam esta possibilidade, de contar com o apoio de pesquisadores acadêmicos para fazerem descobertas importantes”, explica Sérgio Barbosa, gerente da ESALQTec.
Com a Essencis foi diferente. “A empresa enxergou que podia reaproveitar um material e gerar um produto. Por se tratar de um resíduo de curtume, procuraram a incubadora para saber o que poderia ser feito”, conta Barbosa. A ESALQTec é uma incubadora voltada para empresas agrozootécnicas, e todas as suas residentes ou associadas têm alguma relação com a inovação tecnológica e com o meio do agronegócio.
O gerente da incubadora ainda lembra que pensando nisto, entrou em contato com os centros de pesquisa da USP em Piracicaba (ESALQ e CENA) para realizar um workshop apresentando oportunidades de trabalhos a serem desenvolvidos. “A ideia era aproximar a empresa daqueles que poderiam encontrar uma solução para ela”, aponta Barbosa.
O professor Adibe Luiz Abdalla recorda que “A ESALQTec procurou os Centros de Pesquisas do CENA e ESALQ e assim organizamos um workshop para apresentação de potenciais trabalhos”. Ele também lembra que o evento ocorreu em 2013, e que a partir de então foi iniciado o processo para definir a parceria. Aimar Nicoletti, coordenador de projetos ambientais da Essencis, destaca a importância do workshop para a obtenção do convênio. “Este evento serviu para aproximar a empresa e a Instituição, representadas pelos grupos de pesquisa que atuavam com temas/assuntos de relevância e interesse da empresa”, conta.
Texto: Gabriela Morilia (estagiária de jornalismo) | Revisão: Sérgio Marcus Ventura Borges Barbosa
