O mês de agosto foi marcado por baixo volume pluviométrico na maior parte da região agrícola do país, com chuvas não superando 30 mm no Centro-Oeste. Os maiores volumes foram registrados no norte do país, superando 180 mm no estado de Roraima e chegando a 90 mm no norte do Pará e do Amapá (Mapa 1).
Como consequência, o armazenamento de água no solo se manteve baixo em toda a região agrícola do país, não superando 15% na região Centro-Sul. No Rio Grande do Sul o armazenamento de água no solo chegou a 75%, favorecendo o bom desenvolvimento das lavouras de inverno (Mapa 2).
As temperaturas máximas oscilaram entre 22 e 25°C no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. Enquanto que, nos estado do Mato Grosso, Tocantins e Pará ficaram entre 33 a 35°C. As mínimas ficaram abaixo de 16°C em toda região Sul do país e em boa parte de São Paulo e Minas Gerais (Mapa 3 e 4).
Mapa 3 e Mapa 4
Tempo e agricultura brasileira
As chuvas registradas no início de agosto no estado do Espírito Santo induziram uma nova florada nos cafezais robusta. Porém, o clima seco e os fortes ventos que ocorreram no final do mês deixaram os produtores em alerta, mas não devem comprometer o bom estabelecimento da safra 2020/21. Por sua vez, em Rondônia, as condições são menos favoráveis. As flores que tiveram sua abertura induzida por irrigação sofreram danos causados por altas temperaturas e a incidência de radiação solar.
Segundo dados reportados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) a colheita do milho safrinha no Paraná atingiu 96% da área plantada no estado. As lavouras que ainda restam no campo se encontram em fase de maturação, estando 69% em boas condições, 20% em condições média e 11% em condições ruins. Apesar do tempo seco da última quinzena de agosto, cerca de 1% da área projetada para a safra de verão no estado já foi semeada, sendo aguardado que as chuvas em volumes adequados previstas para o início de setembro possam favorecer o desenvolvimento inicial das lavouras.
As temperaturas mais amenas e o baixo volume de chuva trouxeram consigo condições adequadas para a ocorrência de Oídio, que atingiu as lavouras de trigo no sul do país. A ocorrência da doença foi resgitrada, principalmente, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e nas regiões sudoeste e centro-sul do Paraná. Com temperaturas em torno de 15 a 22°C e o tempo seco, as condições foram favoráveis para infecção deste fungo (Blumeria graminis f.sp. tritici) que não necessita de molhamento foliar para sua infecção e colonização. Deste modo, se torna importante o monitoramento das lavouras no sul do país para reduzir o núemero de inóculo e possíveis danos nas lavouras que se encontram em bom desenvolvimento.
As baixas temperaturas dos meses de julho e agosto trouxeram perdas para os produtores de uvas da região de Marialva-PR, podendo causar grande impacto na safra 2019/20. Ainda assim, as podas estão ocorrendo como o planejado e é esperado que a safra seja finalizada na primeira quinzena de janeiro, caso as condições meteorológicas sigam favoráveis. O tempo seco também interrompeu as atividades de colheita e o plantio de mandioca, trazendo preocupação aos produtores que já haviam realizado o plantio nas semanas anteriores.
Safra 2019 de soja no norte do Brasil
As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para safra 2019 de soja apontam que as condições meteorológicas para a safra atual são mais favoráveis que as da safra anterior em grande parte do estado do Pará e no Amapá. O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica que ganhos de até 10% podem ocorrer nesses estados. Enquanto que, no estado de Roraima, perdas de até 19% podem ocorrer, segundo o cenário intermediário (Mapa 5).
Mapa 5
A produtividade média para esses estados deverá variar de 2,88 a 2,98 kg ha-1, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores produtividades devem ocorrer no sul do Pará, variando de 3,2 a 3,4 kg ha-1. Já na região de norte de Roraima, Amapá e do Pará as produtividades não devem superar 2,8 kg ha-1 (Mapa 6).
Mapa 6
O Sistema TEMPOCAMPO prevê a produção para a safra 2019 de soja para a região norte do Brasil (Pará, Amapá e Roraima) entre 1,80 a 1,82 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 5,6% na produção desses estados, quando comparado com a safra anterior.