Janeiro de 2021 apresentou volumes de chuva significativo para a Região Sul do país, com mais de 240 mm de chuva acumulados no Paraná e em Santa Catarina; no Rio Grande do Sul as chuvas ficaram entre 60 a 240 mm. A maioria dos estados da Região Nordeste receberam volumes de chuva na faixa dos 90 mm e apenas nos estados do Maranhão e Piauí foram registrados volumes maiores, 60 a 150 mm. No Centro-Oeste a irregularidade climática se manteve em janeiro, com acumulados entre 90 a 240 mm. Já no Sudeste, os estados de São Paulo e Rio de janeiro registraram volumes entre 120 e 240 mm, diferente dos estados de Minas Gerais e Espirito Santo, em que os acumulados variaram 30 a 210 mm. No Norte foram acumulados mais de 240 mm na maior parte do território.
A chuva de janeiro resultou em um armazenamento hídrico de 45 a 75% na maior parte do território brasileiro, com exceção do Nordeste, cuja maior parte do território está em situação crítica, com o armazenamento não superando 15% devido à escassez de chuvas aliada aliado às altas temperaturas. Por outro lado, o Norte apresenta o maior armazenamento de água no solo, que variou de 75 a 100%. O estado de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espirito Santo receberam chuvas insuficientes para manter a umidade no solo, que variou de 15 a 60%.
A Região Nordeste registrou as maiores temperaturas máximas, que superaram 30 °C. Já a Região Norte registrou temperaturas máximas entre 27 e 31 °C, o mesmo intervalo foi observado na Região Sudeste, com exceção de algumas porções do território onde as máximas atingiram valores menores que 27 °C. No Centro-Oeste as temperaturas máximas ficaram entre 27 e 29 °C e no sul ficaram entre 25 e 31 °C.
As maiores temperaturas mínimas foram registradas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, chegando a 25 °C em alguns locais, no restante dessas regiões as mínimas variaram de 19 a 23 °C. No Centro-Oeste as temperaturas mínimas variaram de 19 a 23 °C. Já na região Sudeste, as mínimas registradas foram inferiores a 16 °C e não superiores a 23 °C. No Sul, as mínimas ficaram entre 16 a 19 °C na maior parte dos estados.
Tempo e agricultura brasileira
O alto volume de chuvas registado no mês de janeiro para os estados do Sul, com destaque ao Paraná e Santa Catarina, impossibilitou o início dos trabalhos de colheita da soja no final de janeiro, acarretando em uma maior susceptibilidade a perdas de rendimento e de qualidade de grãos. Os plantios mais tardios que se encontram ainda em estádios de floração e enchimento de grãos, em contraste, foram beneficiados, uma vez que tiveram sua demanda hídrica atendida.
No MATOPIBA, as chuvas beneficiaram o início da janela de plantio da oleaginosa, mas a grande variabilidade climática em janeiro deixou os produtores atentos, e o retorno das chuvas em fevereiro é esperado pelos produtores, para assegurar que projeções otimistas de produção da região sejam concretizadas. No Centro-Oeste, apesar da boa distribuição das chuvas, os volumes registrados foram espacialmente bastante variáveis, definindo um ambiente menos favorável que o da safra passada.
A safra de verão do milho no Rio Grande do Sul foi beneficiada pelas chuvas, mas houve atrasos na colheita em alguns municípios. A segunda safra de milho, no Mato Grosso, iniciou com ritmo lento devido ao atraso na colheita da soja. No estado do Paraná, o alto volume de chuvas junto aos dias nublados também tem provocado atrasos na colheita da soja e consequentemente no plantio da segunda safra de milho.
No Mato Grosso, mesmo com alguns locais apresentando precipitações favoráveis, o plantio do algodão se mantém atrasado em relação à média das últimas 5 safras, devido ao atraso da colheita da soja.
As áreas produtoras de feijão do Paraná tiveram a umidade do solo elevada com os altos volumes de chuva, beneficiando parte das lavouras, entretanto, as lavouras que se encontram próximas à colheita foram prejudicadas pelo excesso de chuvas, que diminui a qualidade do grão e afeta a comercialização do produto.
A volta das chuvas nas regiões produtoras de café de Minas Gerais e São Paulo não mudam o cenário de queda nas produtividades, causada pela falta de chuva e por temperaturas elevadas entre abril e novembro de 2020, associadas aos efeitos da bienalidade negativa da safra atual. No estado do Espirito Santo as condições são melhores devido aos maiores volumes de chuva que ocorreram em janeiro, assegurando boas condições para as lavouras de café Conilon.
Alta umidade do solo em decorrência das chuvas de janeiro, favoreceram a ocorrência de doenças fúngicas e diminuíram a qualidade do fruto nos pomares de citros de São Paulo.
Os canaviais da Região Centro-Sul em geral foram beneficiados pelas chuvas de janeiro após um longo período de estiagem em 2020. A melhora no quadro climático garante que a cana-de-açúcar alcance altas taxas de crescimento desde dezembro. O ambiente mais favorável diminuiu o estresse dos canaviais que serão colhidos no início e meio de safra, porém, para os locais onde o estresse foi mais intenso, os cenários de produtividade ainda não se recuperaram integralmente.
Texto: Caio Albuquerque, com informações do TEMPOCAMPO (08/02/2021)