No mês de fevereiro, volumes de chuva superiores a 240 mm foram registrados em quase toda a Região Norte, e nos estados do Maranhão, São Paulo e Paraná. Volumes um pouco menores, mas ainda superiores a 210 mm foram registrados em Mato Grosso do Sul. Minas Gerais e Goiás receberam chuvas que variaram de 90 a 150 mm. Já em Mato Grosso, predominaram volumes de chuva de 150 a 180 mm. Os menores volumes de chuva do país foram registrados na Região Nordeste. Nos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, as chuvas não totalizaram mais de 60 mm na maior parte do território. Volumes aquém do esperado, variando de 90 a 120 mm, também foram registrados em quase todo o Rio Grande do Sul.
Os menores valores de armazenamento de água no solo, inferiores a 15%, foram registrados em grande parte da Região Nordeste, mais especificamente nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. No Ceará e no Piauí, o armazenamento variou entre 15 e 45%. Condições críticas de baixa umidade do solo também foram observadas em todo o Rio Grande do Sul, onde o armazenamento não foi maior do que 45%. Em Santa Catarina, o armazenamento de água no solo variou de 45 a 75%, e no Paraná, de 60 a 90%. Na Região Norte, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo, o armazenamento de água no solo superou 75% na maior parte do território. Em Minas Gerais e em Goiás, o armazenamento manteve-se entre 45 e 60%, e em Mato Grosso, entre 60 e 75%.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, as máximas variaram, predominantemente, entre 29 e 31°C, com algumas áreas esparsas do Pará, do Amapá e do Amazonas com temperaturas mais amenas. Na Região Nordeste, máximas de 31 a 33°C foram registradas nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Paraíba, e em algumas áreas dos dois últimos, as máximas superaram 33ºC. No restante da Região Nordeste, prevaleceram máximas de 29 a 31°C. Na Região Sudeste, predominaram máximas entre 25 e 27°C, e máximas de até 29°C foram registradas no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, no norte de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro. O Estado mais quente da Região Sul foi o Rio Grande do Sul, onde as máximas ficaram entre 27 e 29ºC e chagaram a 31°C em algumas áreas. No Paraná e em Santa Catarina, as máximas mantiveram-se entre 25 e 29°C.
As menores temperaturas do país, abaixo de 17°C, foram registradas no oeste de Santa Catarina. Na Região Sul, com exceção do norte e do noroeste do Paraná, as mínimas variaram de 17 a 19°C. Na Região Sudeste, com exceção de Minas Gerais, onde as temperaturas foram menores, as mínimas mantiveram-se entre 19 e 21°C. Nas regiões Norte e Nordeste, as mínimas ficaram entre 21 e 23ºC, com exceção da Bahia, onde prevaleceram mínimas de 19 a 21ºC. No Centro-Oeste, as mínimas variaram de 19 a 23°C em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em Goiás as mínimas ficaram entre 19 e 21ºC.
Tempo e agricultura brasileira
A semeadura da safra 2022/23 de milho foi finalizada e a colheita avança, sobretudo nas Regiões Sul e Sudeste. De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL), 1% das lavouras de milho paranaenses encontra-se em desenvolvimento vegetativo, 2% em floração, 35% em frutificação e 62% em maturação. As chuvas favoreceram as lavouras de milho paranaenses, sobretudo aquelas em estágio reprodutivo, mas prejudicaram o ritmo das operações de colheita. A maior parte das lavouras do Paraná apresenta bom desenvolvimento e sanidade, 83% das lavouras do Estado desenvolvem-se sob boas condições, 16% sob condições intermediárias e apenas 1% sob condições ruins. No Rio Grande do Sul, a irregularidade das chuvas ocasionou atraso nas operações de semeadura, perda de eficiência dos tratos culturais e afetou o potencial produtivo das lavouras de milho. As operações de colheita avançam nas áreas afetadas pela falta de chuvas e perdas de produtividade têm se confirmado. Cerca de 57% das áreas projetadas do Estado já foram colhidas. Em algumas áreas, as chuvas registradas no final de fevereiro associadas a baixas temperaturas afetaram a secagem das lavouras e dificultaram a colheita. Foram constatados prejuízos severos na maior parte das lavouras das regiões de Bagé, Frederico Westphalen, Pelotas e Santa Maria. Cerca de 7% das lavouras que já foram implantadas encontram-se em estádio vegetativo, 8% em floração, 10% já atingiram a fase de enchimento de grãos e 18% encontram-se em maturação. Em Santa Catarina, volumes insuficientes e mal distribuídos de chuva prejudicaram, principalmente, as lavouras do oeste do Estado, e produtividades abaixo do esperado tem se confirmado com o avanço da colheita. O aumento das ocorrências de cigarrinha também preocupa os produtores catarinenses e pode ocasionar perdas de produtividade. Em São Paulo, apesar das baixas temperaturas e da alta nebulosidade terem desacelerado o ritmo de desenvolvimento das plantas, as lavouras encontram-se em boas condições e a expectativa é de boas produtividades em todo o Estado. O alongamento do ciclo ocasionado pelas condições climáticas atrasou a colheitas das lavouras paulistas. Em Minas Gerais, a maior parte das lavouras desenvolve-se sob boas condições climáticas e a colheita avança de forma lenta nas áreas irrigadas e na região sul do Estado. Nos estados de Goiás, Bahia e Piauí, o clima também tem favorecido o desenvolvimento das lavouras, que se encontram, predominantemente, em boas condições. Também é importante destacar que a semeadura da segunda safra de milho está em progresso. Cerca de 89, 23 e 26% das áreas projetadas já foram semeadas até o momento nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, respectivamente.
As operações de colheita da soja já estão em andamento em grande parte do território nacional. Segundo o IMEA, 88,12% das lavouras de soja mato-grossenses já foram colhidas até o momento. A colheita em Mato Grosso está 2,33 pontos percentuais atrasada em relação ao mesmo período da safra passada por conta das chuvas recorrentes, e 6,57 pontos percentuais adiantada em relação à média das últimas cinco safras. Apesar das chuvas, a maior parte das lavouras encontra-se em boas condições e boas produtividades têm sido obtidas. Alta umidade tem favorecido o aumento do número de casos de ferrugem asiática no Estado, principalmente na região sudeste, com destaque para o município de Campo Verde, onde 7 ocorrências foram registradas, de acordo com os dados do Consórcio Antiferrugem. De acordo com a última edição do Boletim Semanal Casa Rural, publicado pela Aprosoja/MS, juntamente com o Governo do Estado de MS e a Famasul, cerca de 93% das lavouras sul-mato-grossenses permanecem em boas condições e 7% encontram-se em condições regulares. Em geral, as chuvas têm favorecido a maior parte das lavouras do Estado, sustentando a produtividade estimada de 58 sc/ha, valor acima do potencial produtivo das últimas cinco safras do Estado. Entretanto, o excesso de umidade tem desacelerado o ritmo de colheita e ameaçado a qualidade dos grãos, sobretudo em lavouras que já foram dessecadas. Cerca de 25% das lavouras sul-mato-grossenses foram colhidas até o final de fevereiro, 22,10 pontos percentuais a menos do que a média das últimas cinco safras. Mato Grosso do Sul também se destaca pelo aumento do número de casos de ferrugem, com 57 ocorrências da doença de dezembro até o momento. Em Goiás, a diminuição das chuvas possibilitou o avanço das operações de colheita, cerca de 40% das lavouras de soja do Estado já foram colhidas. Bons rendimentos e boa qualidade de grãos tem sido obtida. No Piauí, as lavouras seguem em boas condições, no Tocantins, perdas de produtividade ocasionadas por déficit hídrico foram registradas nas lavouras de cultivares precoces, no Maranhão, o tempo firme favoreceu o avanço da colheita, e na Bahia, a colheita avança nas áreas irrigadas e a maior parte das lavouras desenvolve-se sob condições climáticas favoráveis. Segundo o DERAL, 85% das lavouras de soja paranaenses estão em boas condições, 12% em situação média e 3% ruins. A região oeste do Estado foi a mais afetada pela escassez de chuvas, já nas regiões norte e sul, a produção pode até superar a projeção do início da safra. No momento, 1% das lavouras do Paraná encontra-se em desenvolvimento vegetativo, 4% em floração, 39% em frutificação e 56% em maturação. É importante destacar que o Paraná é o Estado com o maior número de casos de ferrugem asiática, com 83 ocorrências registradas até o momento. No Rio Grande do Sul, o tempo seco e as elevadas temperaturas prejudicaram as lavouras de soja em desenvolvimento e contribuíram para o atraso da semeadura no Estado, que só foi concluída no segundo decêndio de fevereiro. As chuvas registradas foram insuficientes para repor a umidade do solo, consolidando o cenário de perda de produtividade em grande parte do Estado. Mais de 330 cidades gaúchas decretaram estado de emergência por conta da seca. As maiores perdas de potencial produtivo são projetadas para as regiões de Bagé, Frederico Westphalen, Ijuí, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade. De acordo com a EMATER - RS, 6% das lavouras do Rio Grande do Sul encontram-se nas fases de germinação e de desenvolvimento vegetativo, 30% em floração, 54% em enchimento de grãos, e 10% em maturação.
A primeira safra de feijão também avança. A semeadura já foi concluída em todo o território nacional e as operações de colheita se intensificaram, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. No Paraná, 95% das lavouras já foram colhidas, a produtividade obtida é maior nas lavouras mais tardias, e a qualidade dos grãos é muito boa. De acordo com o DERAL, 69% das lavouras de feijão paranaenses estão em boas condições e 31% em situação média, 100% já alcançaram a fase de maturação. É importante destacar que 70% das áreas paranaenses de feijão de segunda safra já foram semeadas. Muitos produtores decidiram cultivar feijão ao invés de milho na segunda safra por conta da maior janela de semeadura com menor risco climático. No geral, as lavouras de segunda safra paranaenses estão em boas condições e encontram-se na fase de germinação ou em desenvolvimento vegetativo. No Rio Grande do Sul, a colheita se aproxima do fim nas regiões produtoras, com exceção da região de Caxias do Sul, onde a semeadura foi tardia. Nessa região, apenas 3% das áreas foram colhidos, e os rendimentos são próximos aos projetados no início da safra. As demais lavouras apresentam desenvolvimento satisfatório, e se encontram, predominante, nas fases de floração e de enchimento de grãos. As chuvas durante o ciclo têm atendido a demanda hídrica da cultura, e o tempo mais seco favorecido a boa sanidade das plantas. Em Minas Gerais, foram registradas perdas de rendimento ocasionadas por mofo branco e pelo excesso de chuvas perto da colheita, sobretudo no sul do Estado e no Triângulo Mineiro. A expectativa é de boas produtividades no noroeste de Minas Gerais. Em Goiás, as chuvas dificultaram o avanço da colheita e ocasionaram perda de qualidade dos grãos. A colheita já foi concluída em 97 e 100% das áreas cultivadas em Minas Gerais e em Goiás, respectivamente.
Por conta da falta de chuvas, o nível de água dos reservatórios diminuiu drasticamente no Rio Grande do Sul, e muitos produtores de arroz passaram a irrigar as lavouras de forma intermitente, sobretudo aquelas em fase reprodutiva, como alternativa ao abandono dessas áreas. As temperaturas abaixo de 10°C, registradas na última semana de fevereiro, nas principais regiões produtoras, podem ter ocasionado danos às lavouras em fase de florescimento. Segundo a EMATER, cerca de 5% das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul encontram-se nas fases de germinação e de desenvolvimento vegetativo, 14% em floração, 38% em enchimento de grãos, e 37% em maturação. A colheita no Rio Grande do Sul está em fase inicial, estima-se que 6% das lavouras do Estado já foram colhidas, principalmente na região da Fronteira Oeste, onde a estiagem foi mais severa. Em Santa Catarina, a maior parte das lavouras tem sido favorecida pelo clima e está em boas condições, a colheita avança e a qualidade dos grãos é boa. A semeadura do arroz de terras altas foi concluída. No Tocantins, as lavouras encontram-se em boas condições e estão, principalmente, nas fases de enchimento de grãos e maturação. No Maranhão, a colheitas já foi iniciada nas áreas irrigadas. Em Goiás, as lavouras também estão em boas condições e a colheita avança na região norte do Estado.
A primeira safra de algodão está em progresso, mas atrasada em relação à anterior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a semeadura já tenha sido concluída em 100% da área destinada ao cultivo de algodão. No entanto, como a semeadura foi concluída durante o mês de fevereiro, fora da janela ideal, os riscos aumentam para as lavouras implantadas tardiamente. No geral, as lavouras brasileiras de algodão desenvolvem-se sob condições climáticas favoráveis. Nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, o controle do bicudo ocorre de forma mais intensa.
Texto: Sistema TEMPOCAMPO
(6/3/2023)