Um espetáculo que funde a música clássica com o choro, a bossa nova e o sertanejo é o que faz a Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP) no primeiro concerto de 2017. O programa traz o bandolinista Fábio Peron e o Coro Infanto-Juvenil do Projeto Guri – Polo Piracicaba, sob regência do maestro Jamil Maluf e da maestrina Vanessa Zambão. A apresentação gratuita acontece no dia 20 de janeiro, às 18h, numa tenda com capacidade para 2 mil pessoas, no gramado em frente ao edifício central da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ).
Acompanhados pelos instrumentistas da OSP, os 60 integrantes do Projeto Guri, entre 9 e 17 anos, cantam músicas brasileiras conhecidas do grande público em Fantasia Bossa Nova e Fantasia Sertaneja. A regência é da maestrina Vanessa Zambão e os arranjos de Tasso Bangel. Em 30 minutos, os integrantes aliam o trabalho cênico ao do canto, como forma de desenvolver a expressão corporal, a sensibilidade e a criatividade artística. O Projeto Guri completou 10 anos de atividades em Piracicaba.
A segunda parte do programa, também com 30 minutos de duração, recebe a regência de Jamil Maluf, diretor artístico e regente titular da OSP. O solista, ao bandolim, é Fábio Peron, instrumentista de 26 anos que é considerado um dos expoentes da área. Ele interpreta as canções Das Antigas, Vida Linda, Coração nos Dedos e De Fraque no Frevo, todas de sua autoria, com arranjos de Lea Freire. Peron apresentou-se com a Sinfônica em duas ocasiões em 2016: em junho, no Teatro do Engenho, e em julho, no 47º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão
Trata-se de um concerto extra, a convite da ESALQ e das empresas patrocinadoras da Sinfônica, Raízen e Caterpillar Brasil, via Lei Nacional de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. A realização é da USP/ ESALQ, Prefeitura do Município de Piracicaba e Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), com apoio do Bom Peixe, Rádio Educativa FM, Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernst Mahle, Pecege, Unimed, Jornal de Piracicaba e Revista Arraso.
Para o professor Luiz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ, o concerto aproxima a instituição da sociedade e proporciona ao público, numa agradável tarde de verão, a apreciação de um repertório exclusivo, na semana em que a ESALQ promove a solenidade de formatura da classe de 2016. “É um privilégio receber o concerto da OSP, cujo projeto de reestruturação conduzido pelo maestro Jamil Maluf ecoa por todo o país. É música de qualidade e cultura para nossa cidade. Com isso, a ESALQ e as empresas patrocinadoras mostram o carinho por Piracicaba e região."
Conforme o maestro Jamil Maluf, a expectativa é que a apresentação alcance um público diversificado. “Concertos ao ar livre são ideais para difundir a música clássica a uma variedade de pessoas e permitir a sua contemplação em um ambiente alternativo”, diz o maestro. “As apresentações abertas, com maior capacidade de público, também permitem que uma orquestra demonstre sua versatilidade”, completa.
Esta é a segunda vez que a Sinfônica de Piracicaba participa de um concerto em frente ao edifício central da ESALQ. “Foi uma grata surpresa o concerto de janeiro do ano passado, quando o público entrou em êxtase com a diva-mirim do jazz Bebé Salvego. O convite para o nosso retorno demonstra que Piracicaba está cada vez mais receptiva às ações culturais de valorização da música erudita”, avalia Maluf.
Ao incluir no programa o Coro Infanto-Juvenil do Projeto Guri, a intenção do maestro Jamil Maluf é a de valorizar talentos da cidade. “Tão logo tive contato com o Coro, me surpreendi com a capacidade performática das crianças e adolescentes, que cantam e dançam. É um trabalho que precisa ser conhecido por um número maior de pessoas”, completa o maestro. O Coro abriu o concerto da OSP em janeiro do ano passado, também no gramado da ESALQ, e cantou acompanhado dos instrumentistas em outubro, no Concerto das Crianças.
Sobre o repertório que a OSP apresenta ao lado de Fábio Peron, o maestro lembra da empolgação do público na Praça do Capivari, numa tarde de sábado, durante o Festival de Campos do Jordão. “O bandolim é um instrumento ágil e expressivo, mais associado ao choro e ao samba, mas pode muito bem acompanhar uma orquestra. Tenho certeza que as músicas empolgarão o público. O Fábio Peron chegou muito longe como instrumentista e demonstra uma forte vocação como compositor”.
TRADIÇÃO – Conjunto de música erudita com maior tempo em atividade no país, a Sinfônica de Piracicaba é reconhecida como entidade de utilidade pública por leis municipal e estadual. Ela completa 117 anos em março deste ano, quando abre oficialmente a Temporada 2017, no Teatro Municipal Erotídes de Campos, no Engenho Central.
Ao longo dos anos, a OSP manteve-se de concertos esporádicos, a partir do empenho de entusiastas da música erudita, muitos ligados à USP/ESALQ. Seu projeto de reestruturação teve início em 2015, a partir da admissão de instrumentistas, temporada regular de concertos e a vinda de solistas reconhecidos.
Somente em 2016 foram 83 eventos, alcançando 19.500 pessoas nos concertos gratuitos, ensaios gerais abertos, palestras e nos projetos ABC do Dó Ré Mi e Música nas Escolas. Em dezembro, a OSP apresentou-se pela primeira vez na Sala São Paulo, uma das principais casas de concertos do país.
SERVIÇO – Concerto ao ar livre da Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Sexta-feira, 20 de janeiro, às 18h, no gramado em frente ao Edifício Central da USP/ESALQ (avenida Pádua Dias, 11, bairro Agronomia). A entrada é gratuita. Mais informações: www.sinfonicadepiracicaba.org.br e www.fb.com/sinfonicapiracicaba.
Texto: Rodrigo Alves