A escola do Jardim Costa Rica, unidade que faz parte do processo de ampliação da oferta de vagas na rede municipal de ensino de Piracicaba, homenageou docente da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), a denominando como Professor Tomaz Caetano Cannavam Ripoli. O projeto de lei 7.634, aprovado pela Câmara de Vereadores de Piracicaba em julho de 2013, é de autoria do vereador Laércio Trevisan.
A cerimônia de denominação da Escola, que aconteceu no último sábado, 22 de setembro, às 11h00, durante a Festa da Cultura da Família, contou com a presença da secretária municipal de Educação, Angela Jorge Corrêa, vereadores, familiares do professor Tomaz Caetano Cannavam Rípoli e demais autoridades.
A escola, localizada à rua Vaticano, 510, em Piracicaba (SP), atende 216 crianças de 0 a 5 anos nos períodos integral e parcial, moradoras nos bairros Jardim Costa Rica, Belvedere, Minas Novas, Campestre e adjacências. A unidade foi inaugurada no dia 29 de maio de 2009, como Escola Municipal do Jardim Costa Rica e funcionava em conjunto com a Escola de Ensino Fundamental João Oriani.
Relembrando o caipiracicabano Tomaz Caetano Cannavam Ripoli
Em outubro de 2012, Caetano Ripoli foi entrevistado pelos jornalistas da Divisão de Comunicação, para compor a sessão “Projeto Memória” do Informativo ESALQ notícias. Sua matéria foi publicada no Boletim número 31, em março de 2013, após seu falecimento ocorrido em 24 de fevereiro de 2013.
“Nasci aqui em Piracicaba e sou caipiracicabano com muito orgulho, não só piracicabano, sou caipiracicabano. Às vezes, eu solto um pouquinho uma palavra meio uorrrr, né? Quando falam disso, eu digo: - meu filho, isso é personalidade, dialeto próprio, Piracicaba é uma cidade de dialeto próprio”. Tomaz Caetano Cannavam Ripoli, nascido em 16 de fevereiro de 1947, assim se pronunciou em outubro de 2012, quando entrevistado pelos jornalistas Alicia Nascimento Aguiar e Caio Albuquerque da então Assessoria de Comunicação (Acom) da Esalq, hoje Divisão de Comunicação (DvComun).
Na época, preparava-se para lançar seu livro de fotografias, feito em parceria com a filha, a publicitária Bianca Cunali Ripoli Lara. Cantos & Recantos, sua última obra, foi lançada em 28 de novembro de 2012. Ripoli formou-se engenheiro agrônomo pela Esalq em 1970. Era apaixonado pela profissão, por política, esporte e fotografia. Desde 1968, então aluno do terceiro ano do curso de Engenharia Agronômica, frequentava o subsolo do Edifício Central, onde havia um laboratório de fotografia em preto e branco e foi lá que se apaixonou pela arte.
Em 1982, começou a lecionar na Esalq e, desde aquele tempo, acumulou uma coleção de vinte mil imagens realizadas tanto na Esalq quanto em viagens pelo País e ao exterior. Seu lado político-jornalístico o introduziu nos meios de comunicação a partir de 1968, quando começou a divulgar as atividades do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (CALQ) no Jornal de Piracicaba, em coluna que durou cerca de três anos, CALQ Notícias.
Paralelamente, começou a noticiar o CALQ no Diário de Piracicaba – CALQ Revista. A aproximação com o jornalismo e com a vida esportiva piracicabana ocorreu por legado do pai, Romeu Ítalo Ripoli, figura influente na cidade tendo, inclusive, presidido o XV de Novembro de Piracicaba. “Olha, o meu pai morreu há 28 anos. Eu tenho uma foto ‘desse tamanho na minha sala’, todo o dia eu entro e o cumprimento. Conforme o dia eu peço ajuda dele, conforme o dia eu brigo com ele, xingo ele por ele ter me abandonado tão cedo. Acho que todo filho deve ter o pai como ídolo, mas eu exageradamente idolatro meu pai. Eu tinha quarenta e poucos anos quando ele faleceu, mas até hoje eu sinto uma falta danada dele”.
Por possuir essa familiaridade com a imprensa, Ripoli sempre foi acessível ao atendimento aos jornalistas, com o compromisso de divulgar sua área de atuação dentro da academia – máquinas agrícolas. Na graduação, nasceu também a identificação com os estudos com máquinas agrícolas. “Fui estagiário do [Luiz Geraldo] Mialhe. Meu negócio sempre foi máquina agrícola. Agora eu entrei um pouquinho com energia de biomassa... Gozado, meu neto está com dois anos e dois meses, e sabe a palavra que ele aprendeu antes de mãe? Trator. Ele chega aqui e fala – Vô, quero ver o tator (sic). Está no sangue, né?”.
Formou-se em 1970 e, no ano seguinte, por indicação do professor Salvador de Toledo Piza Jr., participou da implantação da Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel, em Bandeirantes, norte do Paraná. Foi um dos fundadores do Centro Tecnológico da Copersucar. “Quando eu terminei o doutoramento me convidaram para eu ir para Alagoas para implantar colheita mecânica lá no Planalsucar. Fiquei três anos lá”.
Fez mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (1974) e Doutorado em Agronomia, ambos pela Esalq. Concluiu seu Pós-doutoramento pela University of California, Davis (1993-94) e foi autor de vários livros técnico-científicos voltados para mecanização e cana-de-açúcar. Foi professor titular da Esalq, lotado no Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), com experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em Máquinas e Implementos Agrícolas.
Atuou como membro do corpo editorial do Jornalcana e da revista Ideanews e consultor ad hoc da FAO e UNOPS, das Nações Unidas. “Eu adorava escrever, mas detesto esse negócio de escrever para botar na prateleira, para depois botar no currículo. Minha pergunta é a seguinte – isso aqui resolveu algum problema de algum agricultor brasileiro? Não, então não vale nada”.
Quando concedeu essa entrevista à Acom, Ripoli finalizou seu depoimento dizendo: “Não é porque somos pesquisadores, professores, que temos que manter a rigidez acadêmica. A gente tem que dar vazão também para a arte, para o sentimento, para a emoção”. Ripoli faleceu em 24 de fevereiro, aos 66 anos, vítima de câncer. Em homenagem ao docente, o diretor da Esalq, José Vicente Caixeta Filho, decretou luto oficial na instituição por três dias.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTb 32531 | 24.09.2018
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