A Universidade de São Paulo (USP) divulgou que o perfil dos novos alunos da Universidade mudou. Segundo reportagem do Jornal da USP, em 2019, foram registrados mais calouros vindos de escolas públicas e pretos, pardos e indígenas.
Em Piracicaba, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) recebeu, nos meses de fevereiro e março, 430 ingressantes. A turma de Esalq também evidencia um quadro de diversidade étnica, social e de gênero. Se com o ingresso compartilhado pelo vestibular da Fuvest e pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU), a universidade em geral tornou-se mais acessível, na Esalq, o perfil dos ingressantes vem se modificando desde 2002 e a Escola chega ao final da segunda década do século 21 redesenhada por um quadro que evidencia o aumento no acesso de mulheres, negros, pardos e estudantes oriundos de escolas públicas. Outro fenômeno curioso é a idade média dos ingressantes. Os dados deste ano mostram que esse público tem entrado na universidade cada vez mais jovem.
Os números mostram um salto no público feminino ingressante este ano na unidade da USP em Piracicaba e hoje as mulheres somam 48% do total dos sete cursos oferecidos pela instituição. Em alguns casos, as mulheres são a maioria como em Administração (58%), Ciências Biológicas (70%), Ciências dos Alimentos (74%), Engenharia Florestal (66%) e Gestão Ambiental (60%). Neste quesito, vale lembrar que em 2002, ano em que a Esalq deu início ao levantamento do perfil dos ingressantes, as mulheres representavam pouco mais do que 36%. Em números absolutos, desde o início do século, o número de mulheres aumentou cerca de 45% entre o total de calouros.
Outro fenômeno observado na turma de 2019 é que os estudantes ingressam na universidade cada vez mais jovens. Em 2002, o grupo que tinha até 18 anos somava 46% e este ano atingiu 62%. Em outras palavras cresceu o índice o de universitários que ingressou na Esalq sem ter feito cursinho preparatório (48%). Em 2002, 71% dos calouros havia passado por um cursinho pré-vestibular.
Com a reserva de vagas para autodeclarados pretos, pardos e indígenas, os novos alunos da Esalq somam 19% nesta categoria. Em 2002, apenas 8,5% eram pretos e pardos. O SiSU abriu ainda outro canal de chegada até a USP. Cresceu o total de calouros vindos de outros Estados. Em 2019, 9% dos novos esalqueanos não são do Estado de São Paulo, quase o dobro de 2002.
A diversidade social talvez esteja mais evidenciada em dois índices: estudantes de escola pública e renda familiar. Este ano, cerca de 43% dos estudantes que ingressaram pela Fuvest ou SiSU estudavam em escolas públicas. Em 2002, 75% dos ingressantes daquele ano vinham de escolas particulares.
A renda familiar desses estudantes também mostra uma mudança significativa. Em 2014, quando o questionário respondido aos alunos passou a medir a renda em salários mínimos, 12% dos estudantes vinha de famílias que ganhavam até 3 salários. Em 2019 esse número atingiu 19%. Já os integrantes de famílias com renda superior a 9 salários mínimos registraram queda nos últimos cinco anos. Em 2014 eles representavam 33% e este ano são 28%.
Para Thais Vieira, presidente da Comissão de Graduação da Esalq, os dados indicam que a instituição está se tornando mais inclusiva. “É importante que nossa escola represente cada vez mais a sociedade, recebendo alunos que, há alguns anos, não pensavam na possibilidade estudar aqui. A política de inclusão da USP, aliada às ações de divulgação realizadas pela Esalq, contribuem muito para as mudanças no perfil dos ingressantes nos últimos anos”.
Acesse a série histórica do Perfil dos Ingressantes da Esalq desde 2002.