Grupos de Pesquisa da Esalq e da Embrapa selecionam linhagem de feijão para alimentação humana

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Foto: Rodolfo Godoy / Embrapa
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Uma parceria entre o Grupo de Estudos em Engenharia de Processos (Ge²P) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos) permitiu selecionar, entre dezenas de linhagens, duas mais apropriadas para alimentação humana.

O feijão guandu (Cajanus cajan L.) é uma leguminosa bastante consumida em países da Ásia e África, sendo a Índia o maior produtor. Embora consumido em algumas regiões do Brasil, esse feijão possui grande potencial de expansão no agronegócio brasileiro, tanto para consumo interno quanto para exportação.

A Embrapa possui dezenas de linhagens desenvolvidas ao longo dos anos, porém com outros fins que não a alimentação humana. Por outro lado, o Ge²P vem estudando há sete anos diferentes propriedades de grãos, com foco no processamento e consumo humano.

Nesse sentido, o desenvolvimento do projeto conseguiu unir uma demanda à experiência dos grupos envolvidos: selecionar e desenvolver linhagens brasileiras de feijão guandu apropriadas para produção em larga escala, processamento e consumo humano.

O estudo foi desenvolvido em três etapas. Na primeira etapa, realizada na Embrapa, diferentes propriedades das plantas e dos grãos foram avaliadas, considerando-se mais de quarenta linhagens pré-selecionadas. Com base em características como dimensões e hábito de crescimento das plantas, presença de dormência, ciclos e períodos de florescência, dimensões e cor dos grãos, nove linhagens foram selecionadas para as próximas etapas.

As nove linhagens foram então produzidas sob condições controladas na Embrapa em São Carlos, para estudo dos grãos obtidos na Esalq.

Na segunda etapa, as nove linhagens foram avaliadas no Ge²P em relação ao conteúdo de 15 nutrientes. Os resultados obtidos foram comparados com outras leguminosas de importância comercial, como o feijão carioca, feijão fradinho, grão de bico, ervilha e lentilha.

De um modo geral, o feijão guandu se mostrou com bons índices de proteína e fibras, por exemplo, assim como de alguns minerais, em especial cálcio.

As nove linhagens apresentaram comportamento similar, sendo então todas avaliadas na terceira etapa.

Na terceira etapa, desenvolvida no Ge²P, os grãos foram avaliados em relação às suas propriedades tecnológicas, importantes para o processamento e consumo dos mesmos. Para tal, duas características foram consideradas: o perfil de hidratação, isto é, absorção de água, e de cozimento. Nessa etapa, duas linhagens se sobressaíram as demais, apresentando comportamento adequado tanto ao processamento industrial quanto ao preparo e consumo direto pelo consumidor. Essas linhagens estão agora sendo desenvolvidas para produção em escala.

Além de permitir selecionar as linhagens mais adequadas para produção, os resultados obtidos nesse estudo foram apresentados no artigo científico “Evaluating new lines of pigeon pea (Cajanus cajan L.) as human food source”, publicado na revista “Journal of Food Processing and Preservation”.

O projeto “Desenvolvimento de novas cultivares de guandu para alimentação humana” teve financiamento da UNIPASTO (Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras), sendo desenvolvido na Embrapa pela equipe do Dr. Rodolfo Godoy e na Esalq pelo Ge²P, coordenado pelo Prof. Pedro E. D. Augusto. O desenvolvimento do projeto contou com bolsas do CNPq e da FAPESP.