Nas primeiras décadas do século 20, profissionais da área de saúde investiram em ambientes funcionais de trabalho, dando ênfase à implantação de equipamentos de alta tecnologia, sem se preocupar com o grau de conforto proporcionado pelo ambiente físico. Trabalhos científicos nesta área classificaram os espaços como estressantes e inadequados em razão de não observarem as carências emocionais e psicológicas dos usuários.
Com o objetivo de divulgar a importância da implantação de áreas verdes em unidades hospitalares, tornando o ambiente mais humanizado e menos estressante, a arquiteta e urbanista Léa Yamaguchi Dobbert realizou pesquisa no Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). “Esse estudo provém de uma inquietação, fruto de uma experiência como interna na Irmandade Santa Casa de Valinhos (SP), quando pude vivenciar a falta de um espaço não só agradável, mas saudável, para realizar as caminhadas orientadas pelo médico, tendo de fazê-las nos corredores escuros e com pouca ventilação”, conta a pesquisadora.
Orientada pelo professor do Departamento de Ciências Florestais, Demóstenes Ferreira da Silva Filho, Léa propôs à direção do hospital a recuperação do local por meio da implantação de elementos arbóreos e vegetação, requalificando as áreas livres existentes entre as alas de internação. “Para verificar quais interferências foram proporcionadas pelos espaços ajardinados, realizei 596 entrevistas com usuários dos espaços analisados, a fim de verificar seu grau de conforto térmico e bem estar”. A requalificação das áreas foi feita por meio de trabalho voluntário e com doação de viveiros de plantas.
Segundo Léa, os benefícios puderam ser constatados pela satisfação dos usuários dos espaços, em relação ao conforto térmico, visual e psíquico, que pôde ser comprovado por diversos relatos dos entrevistados. “O paciente, já fragilizado pelo estado em que se encontra, quando tem um ambiente mais aconchegante e familiar, certamente se sente mais calmo, o que reflete de forma direta em sua saúde”, afirmou a arquiteta.
Para a pesquisadora, mais estudos devem ser realizados a fim de comprovar a importância das áreas verdes hospitalares. “Hoje existe uma manutenção deficiente, por isso é necessário o reconhecimento por parte dos gestores em relação ao valor desses espaços”. O estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Alessandra Postali – estagiária de Jornalismo | Revisão: Caio Albuquerque | 19/05/15