Estudante vence Prêmio Sanger no Reino Unido

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Beatriz Rodrigues Estevam (Crédito: Carmen Denman Hume)

Beatriz Rodrigues Estevam, aluna de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA/USP), está realizando um estágio de três meses no Wellcome Sanger Institute, no Reino Unido, após vencer o Prêmio Sanger 2025. Ela integra o grupo do professor Mark Blaxter, referência mundial em genômica de nematoides, e atua no desenvolvimento de pipelines bioinformáticos aplicados a grandes volumes de dados genômicos e transcriptômicos.

Atualmente, trabalha no programa Tree of Life no Instituto Sanger, contribuindo para o 959 Nematode Genomes Project, iniciativa que busca ampliar o número de genomas sequenciados para aprofundar o entendimento sobre evolução, parasitismo e adaptação dessas espécies. Seu projeto se concentra na identificação e caracterização de eventos de trans-splicing, um mecanismo de processamento de RNA comum em nematoides. “Grande parte do meu dia é dedicada a escrever e testar códigos, entender o contexto biológico e melhorar o pipeline para que ele consiga analisar dados de centenas de espécies”, explica.

Bioinformática - 

O interesse pela bioinformática surgiu durante a pandemia de COVID-19, quando passou a analisar sequências do SARS-CoV-2. A experiência despertou sua curiosidade pela lógica presente nos códigos genéticos, levando-a a projetos com vírus, fungos, bactérias e plantas. O contato com o projeto Darwin Tree of Life e o incentivo do seu supervisor, o professor Diego Mauricio Riaño-Pachón, do Laboratório de Biologia Computacional, Evolutiva e de Sistemas (LabBCES) do CENA/USP motivaram sua candidatura ao prêmio.

Beatriz destaca a atmosfera colaborativa do Instituto Sanger como um dos pontos altos da experiência, além da mentoria da Bioinformata brasileira Marcela Uliano-Silva, que supervisiona seu trabalho. Fora do laboratório, relata que tem aproveitado atividades culturais e esportivas no Reino Unido e vivenciado novas tradições, como o Halloween. O maior choque cultural, afirma, foi o clima britânico: “Eu vim esperando a chuva, mas foi o vento que me pegou de surpresa.”

A vivência no instituto ampliou suas perspectivas acadêmicas e a fez considerar a possibilidade de realizar um PhD no exterior. Segundo ela, “estar envolvida em pesquisas com objetivos tão nobres e em contato com cientistas que impulsionam a ciência moderna me fez pensar em voltar como estudante de doutorado”.

O Prêmio Sanger oferece a estudantes de graduação de países de baixa e média renda a oportunidade de participar de projetos de pesquisa no Instituto, com financiamento completo de viagem, moradia e treinamento. As inscrições para a edição de 2026 já estão abertas. Para mais informações acesse: https://www.sanger.ac.uk/about/study/the-sanger-prize/

Texto: Anna Pizzo, Assistente de Comunicação
Revisão: Caio Albuquerque

01/12/2025