Com aproximadamente, 1.850m de altitude, a Pedra da Macela é um pico situado no Parque Nacional da Serra da Bocaina, entre os municípios de Cunha (SP) e Paraty (RJ), região que marca a divisa entre os dois estados. “O parque nacional, que faz parte da cadeia de montanhas da Serra do Mar, destaca-se por apresentar uma grande variação nos fatores climáticos e de relevo dentro da Mata Atlântica, o que culmina com uma grande concentração de diferentes tipos de vegetação, variando desde florestas densas até campos de altitude”, aponta o professor Vinicius Castro Souza, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ).
No entanto, segundo o docente, a Pedra da Macela carece, atualmente, de uma estrutura adequada e de ações que minimizem as intervenções dos visitantes, que poluem o ambiente e podem destruir espécies raras e endêmicas. Para tanto, uma equipe coordenada pelo professor Vinicius desenvolve um projeto de levantamento da diversidade de plantas ocorrentes na Pedra da Macela. “Assim pretendemos aumentar o número de registros de coletas botânicas na região do Parque Nacional da Serra da Bocaina, ressaltando-se as espécies raras e endêmicas”, reforça o docente.
O projeto está sediado no Herbário ESA, da ESALQ, e conta com a participação de alunos de graduação em Ciências Biológicas, Ciências Florestais e Engenharia Agronômica da ESALQ, além de estudantes da pós-graduação da Unicamp, também com a supervisão do professor Vinicius Castro Souza. “Na Pedra da Macela, é possível identificar dois tipos principais de vegetação. Na parte mais alta, com elevação de até 1.850m, encontra-se um campo de altitude, com predominância de espécies herbáceas e arbustivas sob rocha exposta. Conforme a altitude diminui, tem-se a dominância de espécies arbóreas que formam uma mata característica da Floresta Ombrófila Densa. É evidente, também, que ocorrem áreas de transição entre campo e floresta, caracterizadas pela presença de arbustos, arvoretas e árvores”, descreve o coordenador do projeto.
A área compreendida dentro da Pedra da Macela que está sendo estudada é de cerca de 600.000m2 e, segundo o docente, a combinação de características naturais da região proporciona uma beleza cênica ímpar, atraindo turistas de várias localidades do Brasil e exterior. “Além de ampliar os conhecimentos sobre a flora da Serra da Bocaina, gerando- se um checklist, o presente projeto está gerando dados fundamentais para subsidiar a criação de ações de conservação do local. Como foi dito, a Pedra da Macela é um ponto turístico muito visitado e que, portanto, demanda uma estrutura adequada e ações que minimizem as intervenções dos visitantes sobre os ecossistemas locais e que podem ameaçar espécies, especialmente as raras e endêmicas”, conclui.
Macela – O nome “Pedra da Macela” faz uma referência à Macela (Achyrocline satureioides (Lam.) DC.), uma belíssima espécie herbácea da família Asteraceae, muito comum nas áreas abertas, especialmente, ao longo das trilhas e nos campos de altitude da região foco do projeto.
Saiba mais sobre o projeto Flora da Pedra da Macela no blog u no facebook do projeto.
Texto: Caio Albuquerque (14/08/2017)