O cientista de alimentos Adriano Costa de Camargo teve sua trajetória acadêmica considerada de excelência pela Sociedade Internacional de Nutracêuticos e Alimentos Funcionais. O pesquisador viajou a Orlando, Flórida, onde participou da conferência anual da entidade e recebeu a premiação na última semana. Já de volta ao Brasil, defende o doutorado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ ESALQ) no próximo dia 20.
Esta é a primeira vez que a International Society for Nutraceuticals and Functional Foods (ISNFF) reconhece a atuação de um pesquisador da América Latina. O prêmio tem o nome de Fereidoon Shahidi Fellowship Award, em referência ao pesquisador que é listado entre os 10 mais influentes do mundo na área de ciências agrárias. Criada em 2009, a honraria é concedida a cada ano em função dos resultados dos trabalhos e da trajetória acadêmica.
“É sempre importante que a pesquisa brasileira avance no contexto internacional. O prêmio tem importância institucional e pessoal, pois reconhece dentro de um contexto de excelência, por meio do aluno, a USP/ ESALQ”, declara Marisa Aparecida Bismara Regitano d’Arce, professora doutora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição e orientadora de Camargo no doutorado. “O Adriano se destaca pelo brilho nos olhos, que somente aqueles que amam o que fazem têm o privilégio em exibir. Isso vai além da formação, é algo intrínseco”, diz a professora.
Aluno de escola pública até o ensino médio em Tatuí, sua cidade natal, Camargo gradou-se em ciências dos alimentos pela ESALQ e também é mestre pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP). Realizou três estágios de doutorado sanduíche na Memorial University of Newfoundland, em St. John’s, Canadá, orientado pelo doutor Fereidoon Shahidi, por meio de bolsas do Ciência Sem Fronteiras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foi bolsista, durante o mestrado, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Camargo recebeu a premiação na terça-feira, 11, em jantar de gala da ISNFF. Ele diz que sempre que um pesquisador brasileiro é reconhecido no exterior, a conquista deve ser vista como resultado coletivo. “O Brasil busca seu lugar ao sol na comunidade científica internacional. A prova disso é que, até então, receberam o prêmio a América do Norte e Ásia, que investem pesado em pesquisa. Muito se fala da falta de financiamento no país, mas nestes anos eu tive o incentivo irrestrito de órgãos como a Fapesp e a CNEN, e sou grato também a todos os membros do meu departamento e da Memorial University of Newfoundland”, declara.
Nos últimos seis anos, Camargo tem concentrado sua pesquisa nas áreas de segurança alimentar, conservação de alimentos, desenvolvimento de produtos e antioxidantes, além da identificação de compostos naturais com potencial para a prevenção do diabetes, obesidade, câncer e doenças cardiovasculares. Publicou 18 artigos em revistas científicas de alto fator de impacto na comunidade internacional e quatro capítulos de livro. Os resultados alcançados são referência principalmente na China, Coreia, Japão, Itália, Estados Unidos, Brasil e Canadá.
A conferência da ISNFF aconteceu entre 9 e 12 de outubro, com a participação de especialistas mundialmente reconhecidos na área de nutracêuticos e alimentos funcionais, provenientes de 30 países. O encontro anual visou estreitar os laços entre academia, indústria e organizações governamentais, empresas multinacionais, fornecedores, prestadores de serviços e editores. A Sociedade publica a Journal of Functional Foods, uma das mais importantes revistas científicas da área de alimentos, química e ciências médicas.
Texto: Rodrigo Alves