A Agência Reuters publicou na última semana uma lista contendo os maiores cientistas do clima do mundo. No ranking figuram 5 brasileiros e, entre eles, dois docentes da Universidade de São Paulo (USP): Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) - falecido em 2017 - e Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
Para identificar os 1.000 cientistas mais influentes, a Reuters criou uma Hot List, que congrega os resultados de três classificações. Segundo a agência, essas classificações baseiam-se em quantos artigos de pesquisa os cientistas publicaram sobre tópicos relacionados às mudanças climáticas; com que frequência esses artigos são citados por outros cientistas em áreas de estudo semelhantes, como biologia, química ou física; e com que frequência esses jornais são referenciados na imprensa leiga, mídia social, documentos de política e outros meios de comunicação.
Os dados são fornecidos por meio do Dimensions, o portal de pesquisa acadêmica da empresa de tecnologia britânica Digital Science. Seu banco de dados contém centenas de milhares de artigos relacionados à ciência do clima publicados por muitos milhares de acadêmicos, a grande maioria publicada desde 1988.
Além dos professores da USP, estão na lista os brasileiros Philip Martin Fearnside (INPA), José Antonio Marengo (INPE) e Roberto Schaeffer (UFRJ).
O professor Carlos Eduardo Pellegrino Cerri expressou sua satisfação em ter seu nome, ao lado de seu pai, Carlos Clemente Cerri, entre os únicos 5 brasileiros da lista. “É um orgulho duplo, pelo legado do meu pai e pelo reconhecimento das pesquisas que temos realizado nas últimas décadas. Nossa contribuição ao tema das mudanças climáticas é mais voltada para ações de mitigação na agricultura, pecuária e silvicultura. O enfoque é relacionado às práticas sustentáveis que de um lado aumentem o sequestro de carbono no solo e de outro lado reduzam as emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera. O carbono no solo, presente em moléculas orgânicas variadas, pode ficar associado a constituintes inorgânicos (associação organo-mineral) e ganhar estabilidade por longo período de tempo. Portanto, a permanência desse carbono estocado no solo é importante para o ciclo do carbono e como forma de atenuação do aquecimento global”, afirmou.
Carlos Clemente Cerri - Engenheiro agrônomo graduado pela UNESP (1971), mestre (1975) e doutor (1979) pelo Instituto de Geociências da USP, livre docente (1985) e professor adjunto (1988) pela Esalq e professor titular (1996) pelo Cena/USP. Atuou como professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP desde 1975. Especializou-se na pesquisa sobre a dinâmica da Matéria Orgânica do Solo em ecossistemas naturais e modificados pelas práticas agrícolas, pecuária e reflorestamento. Publicou mais de 250 artigos científicos em revistas indexadas nacionais e do exterior, 40 capítulos de livros no Brasil e no exterior e é editor de 6 livros. Coordenou mais de 60 projetos de pesquisa com recurso do Brasil (FAPESP, CNPq, CAPES, FINEP, PETROBRAS) e do exterior (NASA, NSF, IAEA, GEF, EUROPEAN UNIT). Foi agraciado com as comendas da Ordem do mérito Científico e da Gran Cruz da Ordem do Mérito Científico e Tecnológico do Brasil, de Cavaleiro da Ordem das Palmas Acadêmicas da França e do Certificado do Prêmio Nobel da Paz (2007) atribuído ao IPCC/ONU onde atuou entre 1992 e 2007. Nascido em 1946, o professor Carlos Cerri faleceu em abril de 2017.
Carlos Eduardo Pellegrino Cerri – O docente da Esalq possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1997), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (1999), doutorado em Ciência Ambiental pela Universidade de São Paulo (2003). Atualmente é Professor Associado do Departamento de Ciência do Solo, atuando principalmente nos temas relacionados à Matéria Orgânica do Solo, Aquecimento global e mudanças climáticas, agricultura e mercado de créditos de carbono, modelagem matemática, geoestatística e geoprocessamento. É Bolsista de Produtividade do CNPq e Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências. Segundo o Portal Dimensions, Pellegrino Cerri figura na lista da Reuters com 192 publicações e 5.347 citações.
Confira a hot lista da Reuters em https://www.reuters.com/investigates/special-report/climate-change-scien...
Texto: Caio Albuquerque (26/04/2021)