Incentivo a novas lideranças e valorização à excelência na pesquisa científica da Universidade de São Paulo, é o objetivo do ‘Prêmio Excelência para novas lideranças em pesquisa na USP’, que acaba de apontar os resultados. Entre aqueles que receberão o prêmio nesta edição de 2022, encontra-se o Professor Pedro Henrique Santin Brancalion, docente do Departamento de Ciências Florestais, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
O pesquisador receberá o prêmio na área de conhecimento em Ciências Agrárias pelos avanços notórios na pesquisa visando à recuperação de áreas degradadas e por suas atuações de liderança na Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES-ONU), no Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e nos Programas de Adequação Ambiental dos campi da USP.
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP recebeu 71 inscrições habilitadas para o Prêmio, que foram avaliadas por uma comissão formada por oito docentes da USP e 16 pesquisadores externos, representantes das grandes áreas do conhecimento dos participantes. Além da área de Ciências Agrárias que contemplará Brancalion, demais pesquisadores da USP receberão o prêmio em Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias.
O pesquisador sente-se honrado com a premiação. “Agradeço esse importante reconhecimento não só à minha carreira, mas de todos aqueles que colaboram comigo há anos e que são parte desse processo, dessa ação conjunta colaborativa de desenvolver ciência, tecnologia e inovação para a recuperação de áreas degradadas e a produção sustentável de espécies nativas”.
A cerimônia de entrega do Prêmio será realizada no dia 01 de novembro, das 09h às 11h, na Sala do Conselho Universitário (Rua da Reitoria, 374 - Cidade Universitária - São Paulo).
Sobre linha de pesquisa
Brancalion, que atua no desenvolvimento de pesquisas com a recuperação de ecossistemas degradados, principalmente florestas nativas, considera essa atividade muito importante porque, atualmente, os seres humanos enfrentam grandes crises ambientais.
O docente afirma que passamos por um momento crítico da história humana em que estamos impactando negativamente o clima, o funcionamento das bacias hidrográficas, a conservação da biodiversidade e boa parte desses impactos decorrem da conversão de ecossistemas nativos tais como florestas, cerrados, campos em usos antrópicos como pastos, áreas de agricultura e cidades.
O pesquisador ressalta que parte das soluções para esses problemas consiste em reconverter uma parcela dessas áreas degradadas para condição de ecossistemas nativos. “Busco formas de tornar esse processo mais eficiente, não só do ponto de vista ecológico, escolhendo as espécies corretas, as formas mais adequadas de preparo do solo, como também do ponto de vista socioeconômico ao reduzir os custos dessa atividade gerando benefícios para as comunidades locais, renda e trabalho”.
Além desses fatores, Brancalion relata que todo esse processo proporciona benefícios ambientais que hoje são extremamente críticos para a sobrevivência e bem-estar humano como a purificação da água, a proteção dos solos, a proteção das espécies ameaçadas e também úteis para os seres humanos como os polinizadores das culturas agrícolas.
“Neste trabalho, opero de forma muito parecida com um médico, só que ao invés de ser um médico das pessoas, eu trabalho como médico da natureza. Os meus pacientes são as áreas degradadas, são as áreas que foram convertidas de florestas nativas e cerrados nativos para áreas agrícolas. Faço um diagnóstico e tento entender o que tem impactado a saúde daquele ecossistema, o que levou e mantém aquela área em degradação, como por exemplo, o uso indiscriminado de fogo, a degradação do solo e o uso indiscriminado de herbicidas, fatores que levam ao esgotamento do potencial de recuperação daquela área”, explica o pesquisador.
Feito o diagnóstico, Brancalion realiza intervenções voltadas a facilitar ou acelerar o processo de recuperação. “Isso abrange, por exemplo, a proteção da área contra os impactos humanos, o plantio de mudas de árvores nativas, a semeadura de espécies nativas e outras operações que permitam facilitar o processo de recuperação. Por fim, verifico se as intervenções que adotei surtiram os efeitos desejados e se os benefícios que se esperava obter com aquela atividade estão sendo de fato obtidos”, finaliza.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTb 32531 | 18.10.2022