A competência agrícola não pode ter interferência do cenário político, para garantir a segurança alimentar de uma população de 10 bilhões de habitantes no planeta, em 2050. Essa é uma das afirmações destacadas no pronunciamento de Alysson Paolinelli, brasileiro candidato ao Prêmio Nobel da Paz, durante encontro realizado na tarde dessa segunda-feira, 20/09, na Fiesp, em São Paulo.
Paolinelli é titular da cátedra Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Sua trajetória e contínua valorização da ciência, que garantiu a expansão agrícola brasileira na segunda metade do século 20, fomentou este ano uma mobilização do setor, que levou à sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz 2021, cujo anúncio se dará em 8 de outubro, em Oslo, Noruega.
Durante o evento na Fiesp, o ex-ministro da Agricultura foi homenageado com o lançamento do livro “Alysson Paolinelli – O visionário da agricultura tropical”, organizado por Ivan Wedekin, que é também um de seus autores. É o mais completo documento sobre a vida, a obra e o legado de Paolinelli.
Na conversa com jornalistas, Paolinelli traçou um breve histórico da ocupação agrícola no continente americano e os meandros políticos e econômicos que fizeram parte desse processo na busca por garantir a soberania de nações pelo globo. “Hoje os países tropicais representam mais de 40% da exportação mundial de alimentos e por isso precisamos construir uma política agrícola com P maiúsculo, de modo a garantir a sustentabilidade de maneira equânime. A competência agrícola tem que ser preservada”.
Biomas – Outro tema abordado por Paolinelli foi a necessidade de preservação dos biomas brasileiros que, segundo ele, devem ser alvo de pesquisas. “Nossos biomas devem ser estudados e a ciência deve dizer os limites de uso de cada bioma, para que eles não percam sua bioeconomia e mantenham a sua biodiversidade preservada. As regras e os meios a serem utilizados sem degradar esses recursos devem ser embasados pelo conhecimento científico”.
Paolinelli defendeu sobremaneira mais investimentos na ciência brasileira, pois segundo ele foi isso que garantiu o desenvolvimento de uma agricultura tropical eficiente. O ex-ministro reforçou que durante décadas investimos e treinamos uma juventude de alto nível, que formou a base nas universidades e nos centros de pesquisa e proporcionou um salto para uma agricultura segura, competitiva e sustentável. “Isso foi possível graças à ciência e ainda temos no modelo de Integração Lavoura Pecuária (ILP) como garantir a produção de grãos, fibras, oleaginosas, leite, carne, energia, madeira, com carbono zero. Isso é um poema para o mundo atual, que busca alternativas de descarbonização”.
Acompanhe o Lançamento do livro Alysson Paolinelli - O Visionário da Agricultura Tropical clicando aqui > https://www.youtube.com/watch?v=UNRPq0WluN8
Texto - Caio Albuquerque (20/09/2021)
