O boletim do Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), mostra que o mês de novembro foi marcado pelo bom volume de chuvas na região Centro-Sul do País, com volumes na faixa de 200 mm no sul de Goiás, praticamente todo o estado do Mato Grosso, Norte de São Paulo e Triângulo mineiro, como mostra o Mapa 1. O bom volume de chuva elevou a umidade do solo (Mapa 2) aos níveis máximos nessas regiões, assegurando o bom desenvolvimento das lavouras de soja e das pastagens, mesmo que haja alguma interrupção momentânea da chuvas nas próximas semanas. As temperaturas máximas ficaram dentro do normal esperado para o mês, oscilando na faixa dos 28ºC em Mato Grosso do Sul e alcançando os 33°C no Piauí (Mapa 3). As mínimas, por sua vez, mantiveram-se um pouco abaixo da média no sul do Brasil, com valores entre 13 e 15°C (Mapa 4).
O tempo e a agricultura brasileira
No estado do Mato Grosso, apenas a região nordeste não finalizou a semeadura da soja (apresenta aproximadamente 98% da área semeada), ainda assim, o ritmo está acelerado se comparado à última safra. Apesar das chuvas frequentes e volumosas que favorecem o desenvolvimento das lavouras, o tempo nublado e o alto índice de umidade podem ser fatores de atenção para esta safra, devido à cautela com a incidência da ferrugem da soja.
A combinação de temperatura amena e alta umidade prejudicou a produção de hortifrúti no Estado de São Paulo, onde a qualidade dos produtos caiu e os custos de produção subiram devido às condições meteorológicas.
A safra de cana-de-açúcar já foi encerrada em boa parte das usinas de São Paulo e o retorno das chuvas regulares traz perspectivas de um bom desenvolvimento da cultura ao longo do verão, assegurando altas produtividades em 2019.
No Rio Grande do Sul, a semeadura do milho primeira safra atingiu 99% e as condições do tempo têm sido favoráveis para o desenvolvimento das lavouras, com temperaturas altas durante o dia e amenas durante a noite.
No MATOPIBA, o volume de chuvas manteve o solo com bons níveis de umidade, favorecendo o desenvolvimento das lavouras. No entanto, nos estados do Piauí e Tocantins, o excesso de chuvas prejudicou o avanço da semeadura da soja que pôde ser retomada apenas no final do mês.
Apesar de o clima ter beneficiado os cafeicultores do Cerrado Mineiro, há expectativa de queda na produção devido à bienalidade apresentada pela cultura do café.
A safra de soja no Paraná
As projeções de safra feitas pelo TEMPOCAMPO apontam perdas para a safra 2018/19 em relação à safra passada no estado do Paraná. O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC) varia de 0.81 a 0.98, indicando perdas de até 9% na região norte e de até 2% na região sul, com destaque para os municípios de Guarapuava e Palmas.
Nas lavouras de soja do o Paraná, embora o mês de novembro tenha sido marcado com uma boa distribuição do volume de chuvas, a alta nebulosidade está afetando o rendimento das lavouras que foram semeadas em setembro, logo após o término do vazio sanitário na região.
Além disso, a boa distribuição das chuvas manteve a umidade do ar elevada, o que favoreceu o surgimento precoce dos primeiros casos de ferrugem asiática nas lavouras de soja no estado. Outro fator que pode ter contribuído para o surgimento da doença foram as temperaturas levemente baixas associadas a alta nebulosidade, favorecendo a ocorrência de orvalho e a propagação do patógeno.
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